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Um encontro com Crismandos de Loures
FÉ: Vocação à vida divina
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Realizou-se nos passados dias 27 e 28 de Abril, no Seminário de Penafirme, um encontro de catequese e oração para o grupo de crismandos da Paróquia de Loures, que receberão o sacramento da Confirmação na próxima solenidade de Pentecostes.

 

Estiveram presentes 24 jovens. A partir da carta pastoral do nosso Patriarca “A Peregrinação da Fé”, todo o encontro procurou aprofundar a consciência de que a Fé é um caminho a percorrer, que tem como ponto de partida o encontro pessoal com Cristo. Na realidade a Fé não é mera convicção interior de que exista Deus; nem mera religiosidade natural para com uma divindade que venha em nosso auxílio; ou sequer uma moral de comportamentos que nos impulsionem a ser melhores e a ajudar os outros. A Fé cristã, ao contrário de todas as outras fés, é uma virtude teologal, um novo modo de ser e existir que introduz o Homem na relação filial que era própria do Filho com o Pai no Espírito Santo. Aquele que entra pela porta da Fé, entra numa relação nova e vital com Jesus, do Qual recebe a vida divina e no Qual passa a viver desde já de forma crescente até que a mesma, tudo tocando e transformando, torne definitiva a existência em Deus.

Neste horizonte, a Fé cristã aparece também como dom de Deus, verdadeiro chamamento a acolher a vida e a relação que Deus oferece por Jesus no Espírito Santo. Desta forma, a Fé cristã torna-se também e sempre resposta vocacional do fiel baptizado, que já não constrói a vida por si próprio, como se estivesse numa cabine de comando. Ser confirmado da Fé e enviado, e viver com fidelidade o dom da Fé é aprender a acolher a vida que Deus dá em Cristo e a construi-la na intimidade e com as ferramentas que essa relação traz.

Apresentamos, de seguida, algumas provocações ao modo com erroneamente entendemos a Fé cristã e a resposta vocacional que ela supõe. E deixaremos, em síntese, alguns dos instrumentos que nos são oferecidos para que a Fé, que começa com a escuta da Palavra de Cristo, possa amadurecer até que Cristo se forme em nós e nós sejamos n’Ele mergulhados na intimidade plena com Deus.

Muitas vezes, entre nós cristãos, usamos as mesmas palavras acerca de realidades tão importantes como a FÉ, a VOCAÇÃO, ou mesmo de JESUS CRISTO, mas pensamos e dizemos coisas diferentes: cada um constrói a sua imagem própria, desconhecendo (e distanciando-se) do que Ele disse de Si mesmo e do modo como guia a Igreja para que Ela diga algo acerca d’Ele.

Muitos acham que a FÉ é uma realidade pessoal de cada um, que cada um tem dentro de si, que a sente e vive à sua maneira. Chegam mesmo a achar que a prática sacramental é secundária, o importante é ter fé e seguir Jesus, ajudar os outros e ser solidário. Rezar é falar com Deus, a maior das vezes a sós e num lugar e dos modos que maior consolo traga. Confunde-se FÉ com crença, convicção e sentimento interior.

Outros acham-na indispensável para ter um suporte nos momentos difíceis ou inexplicáveis da vida, uma resposta para o que é maior que o homem ou o Universo, uma ajuda a Quem pedir ou agradecer. Confunde-se FÉ com religião natural.

Outros acham-na necessária para uma convivência social, inspiradora de comportamentos e de um carácter mais elevado, ou repressora de atitudes e comportamentos tidos por errados e pecaminosos, que por isso tem muitas regras, umas boas e fundamentais, outras atrasadas e a necessitar de evolução. Confunde-se a FÉ com uma moral.

Já quanto à VOCAÇÃO, muitos acham-na uma opção de cada um, segundo os jeitos e aptidões, sonhos e projectos que cada uma vai idealizando para a sua vida. Confunde-se VOCAÇÃO com realização pessoal.

Outros acham que ela é um serviço em prol dos outros, uma missão que temos a desempenhar em ordem à ajuda aos outros e ao mundo, segundo as capacidades, disposições e opções de cada um, diante das necessidades visíveis: confunde-se VOCAÇÃO com voluntariado mais ou menos estruturado.

Outros até acham que ela é um chamamento, que cada um há-de sentir no íntimo de si mesmo de forma espontânea pois se Deus quiser chamar há-de fazer sentir; logo, cada um segue o que naturalmente sente dentro de si. Confunde-se VOCAÇÃO com sentimento natural ou subjectivo.

Ora a FÉ é uma porta que nos introduz numa relação teologal com Deus, aquela que era apenas do Filho no Espírito Santo. JESUS é a porta que nos dá acesso ao PAI. A FÉ é uma porta para uma vida nova. O risco de entrar e sair constantemente, para se manter agarrado à vida que se tinha é enorme.

Entrar pela FÉ numa vida nova que vem com a relação viva com JESUS é descobrir-se necessitado de salvação e surpreendentemente salvo. Mas salvo de quê? Tenho consciência de que a vida natural não é o definitivo da vida? Estamos numa gestação para nascer de novo e entrar na verdadeira vida que é a comunhão total com DEUS. O pecado da recusa dessa relação, prende-nos na ilusão, no fechamento, no limite, no interesse próprio, no orgulho, na auto-suficiência; prende-nos na satisfação, no daqui e de cá de baixo, no que passa, no falso bem. JESUS vem fazer-nos entrar noutro horizonte e noutra vida (a sua), que se inaugura aqui e se completa na eternidade, que cresce na conversão vivida em caminho e em Igreja.

No encontro com Jesus na escuta da Palavra, começa a FÉ como VOCAÇÃO: a iniciativa é de Deus que sonha, quer, faz acontecer… e revela a sua iniciativa como caminho que espera uma adesão, uma resposta. Essa Palavra divina é pois uma revelação (Deus dá-Se a conhecer), e também um caminho e uma meta. Tal Palavra acontece na história de salvação. Por isso é dirigida a cada um mas percebida na comunidade, na Igreja. É na Igreja que a FÉ amadurece. Foi ao seu povo que Deus confiou a Palavra, a Lei e a Promessa. É na Igreja que CRISTO tem o seu Corpo. A FÉ permanece autêntica se for vivida na FÉ da Igreja. Pois é aí que ela amadurece como encontro com a Pessoa de CRISTO. Não há CRISTO sem Corpo.

 

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Como escutar Deus

1. Andar conscientemente na presença de Jesus ao longo do dia: convidá-Lo a andarem juntos.

2. Pôr-se ao ritmo de Jesus: combinar com Ele gestos e atitudes que Ele queira.

3. Fazer silêncio orante.

4. Cultivar a vida interior capaz de ver e reunir as marcas que Jesus deixa nas coisas da vida

5. Rezar diariamente com a Bíblia e reconhecer nela as obras que Deus já fez na própria vida.

6. Escutar a Palavra de Deus na liturgia, no ensino e na vida e necessidades da Igreja.

 

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Como responder na Fé

1) Oração que, sem prescindir do diálogo e das orações, suba de nível:

a) Feita em Jesus para que seja Ele a guiar.

b) Feita em Igreja para que seja o Corpo de Cristo a rezar.

c) Feita na Liturgia para que seja obra redentora de Cristo Ressuscitado

2) Santidade, não como um esforço impossível, mas como a alegria de ir cultivando os mesmos sentimentos, pensamentos, atitudes e virtudes que havia em CRISTO.

3) Caridade, não como sentimento ou paixão, de quem procura recompensa, mas entrega gratuita, em si mesma gozosa porque experimenta a vida divina que por si passa e favorece o bem dos que dela beneficiam.

4) Mandamentos, não com simples obrigações ou proibições, mas como fundamentos e balizas do caminho:

d) O respeito pela vida, lugar de Deus.

e) O amor à verdade sem adaptações.

f) O amor casto de um coração puro.

g) A reconciliação que liberta e eleva.

h) A pobreza generosa porque Deus basta.

5) Sacramentos, nomeadamente a eucaristia e a confissão, não como simples actos religiosos mas o dom e a graça de Deus a transformar e a guiar.

 

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Retiro Vocacional do Pré-Seminário em Caparide

Dias 10 a 12 de maio, no Seminário de Caparide, com o tema ‘pela Fé… conhece!’ e dirigido a rapazes do 12º ano e universitários

(inscrições: geral@preseminariodelisboa.net)

texto pela Pastoral das Vocações do Patriarcado de Lisboa
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