Estamos ainda demasiado habituados a considerar que a vida cristã surge no ser humano naturalmente – tão natural como surgem os dentes nas crianças ou os cabelos, os ouvidos, o nariz ou a boca. Vimos de séculos de cristandade – ou seja, de tempos onde o cristianismo (de um modo sincero ou por vezes nem tanto) constituía o tecido social da vida.
Hoje ser cristão não está na moda e por isso foi também desaparecendo do quotidiano. É verdade que o cristianismo é o ponto de referência religiosa da esmagadora maioria dos portugueses; é verdade que a maioria é batizada; é verdade que as nossas catequeses paroquiais são frequentadas por grande parte das crianças (poucas) que ainda vão nascendo, e que, não raras vezes, isso ajuda os próprios pais a uma aproximação séria à vida comunitária.
Mas é igualmente verdade que cada vez mais se faz sentir a necessidade de uma iniciação à vida cristã – e não se trata apenas (mas também) de ter conhecimentos doutrinais: trata-se, antes de mais, de conhecer a Deus.
De uma forma ou de outra, de um modo que tem mais ou menos consequências na existência quotidiana, praticamente todos acreditam no “divino”, todos creem que existe “alguma coisa” para além do que se vê, ou que Jesus nos deu bons conselhos para viver – umas quantas máximas que, bem vistas as coisas, são mais ou menos impraticáveis.
Contudo, conhecer Deus é muito mais que isso. Deus não é uma “energia”, uma “luz” impessoal e distante; e Jesus não é um morto que em vida se limitou a proclamar frases bonitas. Deus é Alguém que veio e que vem até nós em Jesus ressuscitado. E é este Jesus que um cristão não pode deixar de conhecer – não como um livro que se lê, mas como uma Pessoa com quem se inicia uma relação de amizade que cresce e se torna cada vez mais central na existência própria de cada um. E que, por isso, não podemos deixar de tomar a sério e de mostrar a todos os outros.
A iniciação cristã, marcada pelos sacramentos do Batismo, do Crisma e da Eucaristia, não como meros momentos rituais mas como celebração da oferta real da vida nova que Deus nos faz, consiste no percurso interior e exterior em que vamos aprendendo a tomar Deus a sério. É isso que falta hoje em muitos dos cristãos portugueses, e é isso que se torna urgente ajudar a viver por parte das nossas comunidades cristãs. Sob pena de o cristianismo se tornar numa brincadeira insignificante para muitos.
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