SANTÍSSIMA TRINDADE Ano C
“Quando vier o Espírito da verdade,
Ele vos guiará para a verdade plena.”
Jo 16, 13
Como falar da Santíssima Trindade sem utilizar a palavra “mistério”? Serve para dizer que não temos mais palavras, ou, às vezes, como “desculpa” para a nossa preguiça em questionar? Podemos também utilizar imagens e comparações, até chegar à justificação de que “três é a conta que Deus fez”! É verdade que o Verbo fez-se carne mas não nos deixou muitos adjectivos para falarmos de Deus. Por isso mesmo é na acção, na palavra enquanto criadora e criativa, que melhor se revela Deus como presença. E não será todo o conhecimento de Deus a experiência de viver uma intimidade de amor partilhado?
Encanta-me aquele momento em que Jesus diz: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14, 9). E aquilo que era uma condição do ser divino, ser invisível (ficaria cego quem visse Deus com os próprios olhos), é substituída pela manifestação do amor do Pai na vida do Filho. Não se revela Deus desde sempre na beleza da criação? E na espantosa criatividade que cada um dos seus filhos é capaz de trazer à luz? Mas o grande escândalo será a revelação na cruz, no corpo sofredor de Jesus, no sofrimento que fornece argumentos a tantos para não aceditarem em Deus. O deus impassível, sagrado e intocável, pode ser o das filosofias e de algumas religiões, mas não é o Pai a quem o Filho se entrega e o Espírito que nos introduz na comunhão trinitária.
Guiar-nos para a verdade é uma das missões do Espírito Santo que Jesus nos confidencia. A verdade do próprio Deus em que o Pai só sabe falar do Filho (no baptismo e na transfiguração, segundo os evangelhos sinópticos), e o Filho tudo refere ao Pai (“Mostra-nos o Pai e isso nos basta” (Jo 14, 8), exclamará Filipe, um dos discípulos. E se o Espírito “não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido”, entendemos como a intimidade das pessoas divinas é este movimento de amor mútuo. Quando olhamos o extraordinário ícone de Andrei Rublev, que representa a Trindade nos três personagens que visitaram Abraão e lhe prometeram o nascimento de Isaac, sentimos a força desse movimento, e da intimidade que transmite.
No “sermão da planície” de São Lucas, Jesus diz que “a boca fala da abundância do coração” (Lc 9, 45). É aquilo que vivemos no íntimo que se faz palavra e comunicação. Conhecer alguém é entrar na sua intimidade, mas isso só é possível se também o acolhemos na nossa. E pergunto-me do que falamos em tantas palavras ditas? Nas palavras da liturgia e do direito eclesiástico, nas palavras dos dogmas e do perdão, comunicamos a intimidade do amor de Deus que é mistério de atracção? E como entramos numa intimidade a não ser pela porta estreita da humildade, deixando de fora títulos, egoísmos e soberbas? Não se conhece de fora o mistério de Deus: só do interior! Na intimidade!
Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
Há anos, Umberto Eco perguntava: o que faria Tomás de Aquino se vivesse nos dias de hoje? Aperceber-se-ia...
ver [+]
|
Pedro Vaz Patto
Já lá vai o tempo em que por muitos cantos das nossas cidades e vilas se viam bandeiras azuis e amarelas...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
Vivemos um tempo de grande angústia e incerteza. As guerras multiplicam-se e os sinais de intolerância são cada vez mais evidentes.
ver [+]
|