CORPO E SANGUE DE JESUS Ano C
“Dai-lhes vós de comer.
Mas eles responderam:
Não temos senão cinco pães e dois peixes...”
Lc 9, 13
Devido à crise, e por um acordo temporário (os próximos cinco anos), o feriado do Corpo de Deus foi suspenso e a festa deslocou-se para o domingo seguinte. Estamos a celebrá-lo pela primeira vez neste domingo, e certamente desejamos que possa contribuir para esse objectivo desejado do equilíbrio económico e social que cada vez mais se parece com as “obras de Santa Engrácia”! O que não deixa de ser significativo é que esta festa, ligada à presença de Jesus na Eucaristia, possa manifestar também que o seguimento de Jesus significa trabalhar por um mundo mais justo, solidário e responsável. Como podemos estar em comunhão com Cristo se não comungarmos os irmãos?
Antes da multiplicação dos pães e dos peixes os discípulos estavam atentos e preveniram Jesus do adiantado da hora e das necessidades das pessoas. Foram práticos e eficientes: “Manda embora a multidão...”! Sabiam que não adianta pregar a estômagos vazios e apresentaram a solução mais óbvia: cada um devia arranjar-se como pudesse! Certamente ficaram estarrecidos quando Jesus lhes disse para lhe darem eles mesmos de comer. Com os cinco pães e dois peixes que tinham? Sim, é com o pouco, quando é tudo, que Deus gosta de fazer muito! E vemos como os gestos e as palavras de Jesus têm o sabor da eucaristia antecipada. O que se partilha é multiplicado, a fome é saciada, e onde nada havia sobram agora doze cestos de pedaços. É curioso que, quando passamos da lógica utilitária da vida ao dom gratuito, e deixamos que Deus tome nas suas mãos a nossa pobreza, torna-se possível o milagre. O egoísmo e a auto-suficiência não permitem a acção de graças e, por isso, não produzem milagres!
Inventando a Eucaristia, Jesus oferece-se todo a quem o acolhe em verdade. Silencioso, mas presente, a apontar o caminho da nossa vida: amar até ao fim, dar uma resposta de dom. Por isso, aquele “fazei isto em memória de Mim” tem a força de nos comprometer na realização do projecto de Deus no mundo. “Isto” é toda a vida libertadora e salvadora de Jesus, é o amor aos mais pobres e a alegria em perdoar, é a construção de comunidades e a entrega na cruz. Assim, a Eucaristia sai das igrejas e vem para a rua, o pão é partido para ser distribuído, faz-se visível no corpo (vida) dos cristãos e todos somos chamados a “dar o corpo ao manifesto” da luta contra o mal e a injustiça, próximos do corpo de tantos outros “cristos” (doentes, abandonados, excluídos, marginalizados, sós,…). E se nos aproximámos do altar depois de dizer a frase humilde do centurião (“Senhor, eu não sou digno…”), sem recorrer a méritos nem a orgulhos vazios, e recebemos o pão que também é Jesus, começa ali a procissão do Corpo de Deus, pelos passos das nossas vidas.
Os “passeios de Nosso Senhor”, cantados por João Villaret, não podem ficar simplesmente no enlevo de tradições que se repetem. O amor à Eucaristia é amor a Jesus e bem sabemos onde Ele se faz presente. É aqui mesmo, no turbilhão de uma crise que se prolonga, que a Eucaristia pode ajudar-nos a viver com esperança e coragem, com simplicidade e partilha, a confiança da presença de Jesus que nos repete: “dai-lhes vós de comer!”.
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