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Mali: radicais islamitas vão voltar com a saída das tropas francesas?
Um país sequestrado
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As tropas francesas começaram a abandonar o Mali, depois de terem expulsado os grupos armados islamitas que ameaçavam tomar a própria capital, impondo a “sharia”. Agora, todos olham para o futuro com angústia, temendo o regresso dos terroristas. A situação é tão precária que o exército não permite sequer que os missionários regressem às suas paróquias, pois são alvos fáceis nas mãos dos grupos radicais.

 

Depois de as tropas francesas terem obrigado os rebeldes islâmicos a abandonar todo o território ocupado no Norte do Mali, fazendo fracassar, simultaneamente, a planeada ofensiva rumo à capital, procurando impor a “sharia” em todo o país, ninguém consegue olhar com serenidade para o futuro. Há como que uma tranquilidade enganadora. O avanço das tropas francesas correspondeu quase sempre ao recuo dos militantes islâmicos que, agora, apenas aguardarão pela saída do contingente europeu para ameaçarem de novo toda a região. O medo é indisfarçável. O Irmão Wilfried Arama, da Ordem dos Missionários de África, confessou, à Fundação AIS, que “o Governo e o exército não permitem o regresso de sacerdotes ou de religiosos ao norte do país, pois tornar-se-ão presas fáceis dos islamitas”.

 

Medo dos sequestros

A estratégia é simples: numa região vastíssima, sem presença de militares ou de forças da ordem, os terroristas fazem dos sequestros, especialmente dos elementos da Igreja Católica ou funcionários de empresas ocidentais que operam na região, uma das suas principais fontes de financiamento, exigindo por vezes largos milhares de euros de resgate pela libertação dos que caem nas suas mãos. Por causa disto, os cristãos estão todos refugiados ao sul do país, impedidos de regressarem a suas casas, totalmente dependentes da generosidade alheia, sem meios de subsistência próprios. Fugiram para não serem apanhados pelos terroristas islâmicos.

 

Refugiados em Mopti

São 326 famílias de refugiados. Estão todos na Diocese de Mopti e dependem exclusivamente do apoio da comunidade internacional. A Fundação AIS disponibilizou logo, no início deste ano, uma ajuda de emergência de cerca de 40 mil euros, para a compra de alimentos, medicamentos e mantas. Desde Janeiro que a vida destas famílias é provisória e o futuro é incerto, pois a ameaça do regresso dos terroristas é cada vez mais provável.

 

Pobreza e ignorância

Ao todo, nesta diocese gigantesca, que ocupa um território maior do que a França, vivem cerca de 40 mil católicos. A pobreza é quase total. Aliás, esta guerra veio escancarar ao mundo uma terrível realidade: a esmagadora maioria da população maliana vive com pouco mais de 1 euro por dia e só 30 % é alfabetizada. Esta equação explica muito do que está a acontecer neste país africano: pobreza e ignorância são o terreno fértil para o desenvolvimento do radicalismo terrorista islâmico. É por isso que a presença da Igreja Católica, que tenta assegurar cuidados mínimos de saúde, educação e de protecção aos mais idosos e às crianças, é essencial.

 

Papel da Igreja

Na ausência do Estado – minado pela corrupção e incompetência – sobra às vezes apenas o trabalho discreto e generoso dos missionários católicos. Agora estão impedidos de regressar às suas missões no Norte do Mali. O medo sequestrou este país. É por isso que, como nos disse o Irmão Langer, “a ajuda da Fundação AIS é essencial”. A ajuda material e a das orações por este povo que parece condenado à pobreza extrema e a uma vida de medo. Se os rebeldes islâmicos regressarem e voltarem a impor a “sharia”, com a sua lei radical que implica amputações, chicotadas e execuções públicas, ninguém estará a salvo. Muito menos os cristãos.

 

Saiba mais em www.fundacao-ais.pt

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