André Costa Jorge é atual diretor do JRS – Serviço Jesuíta aos Refugiados. Tem 43 anos e afirma que, apesar de ter nascido em Lisboa, é o resultado da aventura e desventuras da diáspora portuguesa.
Múltiplas pertenças
André é o terceiro filho de sete irmãos. A sua mãe nasceu em Moçambique, mas é de origem goesa. O pai nasceu no Brasil, filho de um português e de uma brasileira descendente de emigrantes portugueses. Foi em Lisboa que se conheceram e casaram. “Lisboa é pois, um cruzamento, um lugar de partidas e chegada, tal como para muitos dos migrantes nos nossos dias”, afirma. Ainda em criança, André partiu com os pais para Angola. Em 1975 a descolonização portuguesa e o processo de retorno a Portugal interrompeu esse tempo de infância, do qual guarda imagens muito vivas. Política e socialmente estes foram tempos muito duros, marcados pelo processo de integração e adaptação a Portugal de muitos milhares de portugueses retornados entre os quais estava André e a sua família. “É impressionante como ter vivido esses acontecimentos me ajuda hoje a compreender as dificuldades que sentem os imigrantes e as suas famílias nos seus processos de integração em Portugal”, afirma.
Herança católica e o afastamento da Igreja
Apesar da multiplicidade de origens, foi a herança católica e os valores cristãos que uniram a sua família. Assim, desde muito cedo, André Costa Jorge começou a participar na vida da Igreja. No Colégio Salesiano do Estoril recebeu as primeiras catequeses da iniciação cristã e fez a primeira comunhão. Na paróquia de Paço d’Arcos frequentou a catequese e participou nos escuteiros. Foram estes os espaços e os lugares de convivência e de suporte à sua formação cristã e humana de base que se concluiu formalmente com o sacramento da Confirmação.
O fim da adolescência, as crises e a formação em ciências sociais alimentaram um progressivo distanciamento da vida cristã, “procurava ser feliz andando em torno de mim mesmo e das minhas ideias.”
Foi nessa altura que interrompeu os estudos e decidiu experimentar o mundo e o trabalho. Esta opção levou-o a ter o trabalho como sustento, exercendo diversas atividades profissionais, desde serviço de mesa, construção civil, motorista, comercial e jornalista. Mais tarde, retoma os estudos e, em 2000, termina a licenciatura em Antropologia, no ISCTE. Desde então, tem feito diversas formações em áreas muito diversas, desde teatro, cinema documental, gestão cultural, desenvolvimento e gestão das organizações sociais.
O reencontro com Deus
É por esta altura que André Costa Jorge se volta a reencontrar com a Igreja. Experimentava um grande vazio e tinha consciência que conduzia a sua vida sem ter Jesus Cristo como princípio, fundamento e horizonte da sua vida. As catequeses do Caminho Neocatecumenal, dos cursilhos de cristandade e dos exercícios espirituais fazem-no aprofundar a fé e experimentar a alegria da Igreja que reza e celebra em comunidade, reencontrando-se com Deus.
Apoio à comunidade imigrante
No final dos anos 90 integra o Secretariado Entreculturas, organismo do Ministério da Educação, onde participou em projetos de apoio à integração de imigrantes em contexto escolar e de formação de professores em Educação Intercultural.
Em 2004 integra o Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI), onde colaborou na abertura do Centro Nacional de Integração de imigrantes e mais tarde no gabinete de apoio ao associativismo imigrante, o que lhe deu a oportunidade de conhecer a realidade social e cultural de muitas comunidades de imigrantes de norte a sul do país. Anos mais tarde, e ainda no ACIDI, ajudou a criar o Gabinete de apoio às Comunidades Ciganas, experiência que o marcou profundamente, pois trabalhou em prol da inclusão de uma das populações mais excluídas e pobres do nosso país e na Europa.
JRS: lugar de encontro e serviço
Em 2008 André Costa Jorge foi convidado para dirigir o Serviço Jesuíta aos Refugiados em Portugal, uma obra jesuíta que está presente em mais de 50 países do mundo e que tem como missão acompanhar, servir e defender refugiados, migrantes e as populações deslocadas à força. “Estar no JRS é mais do que exercer uma atividade, é a oportunidade e um lugar de encontro com as minhas raízes e com a minha história nas histórias e vidas de todos os que aqui chegam e são acompanhados por nós. Costumo pensar que trabalhar aqui foi uma oportunidade que Deus me deu de pôr ao serviço dos migrantes e dos refugiados, da Igreja e da sociedade, não só as minhas capacidades mas também a minha vida e a minha história”, afirma.
O amor de Deus experimentado na família
Com a sua mulher, Patrícia, com quem casou no dia 8 de dezembro de 2005, e com os seus seis filhos, que reconhece como graça e dons de Deus, experimenta diariamente o Amor de Deus em si. “Hoje posso ver como Deus tem realizado a sua obra na minha vida, concretamente no meu trabalho, no meu casamento e nos meus filhos e na Igreja. Por tudo isto, dou Graças ao Senhor”.
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