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A uma janela de Roma
“Onde está o sangue do teu irmão cujo grito chega até mim?”
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Mensagens fortes do Papa Francisco em Lampedusa, na semana em que se encontrou com futuros seminaristas e religiosas e falou da sua primeira encíclica. Bento XVI esteve nos jardins dos Vaticano e João Paulo II e João XXIII devem ser canonizados até final do ano.

 

1. O Papa Francisco visitou esta semana a ilha de Lampedusa, em Itália, destino de milhares de migrantes africanos e asiáticos que procuram chegar à Europa para uma vida melhor. “Imigrantes mortos no mar, em barcos que, em vez de caminho de esperança, foram via de morte. Quando, há umas semanas soube da notícia, que infelizmente tantas vezes se repete, fiquei sempre a pensar nisso como uma espinha no coração que faz sofrer. Então, senti o dever de vir hoje aqui rezar, de manifestar a minha proximidade mas também para despertar as nossas consciências para que o que aconteceu não se repita”, explicou. Francisco deitou uma coroa de flores no mar, antes da Missa a que presidiu e onde lamentou a tragédia que se vive naquele local. “Tantos de nós, incluindo eu, estamos desorientados, já não estamos atentos ao mundo em que vivemos, não cuidamos nem tomamos conta do que Deus criou para todos e já não somos capazes de cuidar uns dos outros. E quando esta desorientação assume a dimensão do mundo, atingem-se tragédias como esta a que assistimos”, frisou o Papa, questionando: “Quem é o responsável pelo sangue destes irmãos e irmãs? Ninguém! Todos respondemos assim: não sou eu, eu não tenho nada a ver, serão outros, eu não. Mas Deus pergunta a cada um de nós: “Onde está o sangue do teu irmão cujo grito chega até mim?” Hoje ninguém se sente responsável por isto: perdemos o sentido da responsabilidade fraterna; caímos numa atitude hipócrita”.

Naquela que foi a sua primeira deslocação oficial fora de Roma, no dia 8 de julho, Francisco convidou ao perdão. “Peçamos perdão pela indiferença para com tantos irmãos e irmãos e peçamos perdão por quem se acomodou, se fechou no próprio bem-estar que provoca anestesia do coração; pedimos perdão por aqueles que, com as suas decisões a nível mundial, criaram situações que provocam estes dramas”.

 

2. O Papa encontrou-se, no sábado, dia 6, com cerca de seis mil seminaristas, noviços, noviças e quantos estão em caminhada vocacional – que promoveram uma peregrinação ao Vaticano no âmbito do Ano da Fé –, a quem garantiu que a alegria não nasce das coisas que se tem. Francisco dá um exemplo: “Não é bom que padres e freiras tenham carros último modelo”. O encontro no Vaticano juntou jovens de todo o mundo e grande parte do discurso do Papa foi improvisado. Francisco não quer seminaristas nem noviças tristes e explicou que a verdadeira alegria não nasce das coisas que se tem, nem do último modelo de smartphone e muito menos de um carro último modelo. “Fico doente quando vejo um padre ou uma freira com um carro último modelo. Não pode ser. Poderão pensar: ‘Então, agora, temos de andar de bicicleta’? A bicicleta é uma coisa boa! Mas o carro é necessário porque temos muito que fazer e andar de um lado para o outro. Arranjem um carro mais humilde; e se gostam dos carros bons, pensem: quantas crianças morrem de fome, só isso”.

Num encontro caloroso, o Papa disse que ter inveja e dizer mal dos outros é um inferno e pediu aos jovens que não sejam lamechas. “Não aprendam connosco aquele desporto que nós os velhos temos: a prática do lamento. Não aprendam connosco o culto da deusa lamecha, mas sejam positivos. Não tenham medo de ir contracorrente”.

No dia seguinte, Domingo, durante a Missa, Francisco dirigiu-se a este grupo, lembrando-lhes que não vão começar uma qualquer profissão. “Os trabalhadores para a messe não são escolhidos através de campanhas publicitárias ou apelos ao serviço e à generosidade, mas são ‘escolhidos’ e ‘mandados’ por Deus. Por isso é importante a oração. Sede sempre homens e mulheres de oração! Sem o relacionamento constante com Deus a missão torna-se um ofício”, apontou.

Pouco depois de receber este grupo de peregrinos, o Papa voltou à Praça de São Pedro para o Angelus. Perante a multidão, Francisco falou da encíclica que publicara na sexta-feira anterior. “Como sabem, há dois dias publiquei uma encíclica sobre a fé, chamada ‘A Luz da Fé’. Todos nós, sobretudo hoje, temos de contactar com o essencial da fé cristã, de a aprofundar e de confrontá-la com os problemas atuais. Penso que esta encíclica, pelo menos nalgumas partes, pode ser útil até para quem anda à procura de Deus e do sentido da vida”.

 

3. Bento XVI, Papa Emérito, deixou a clausura para inaugurar, com o Papa Francisco, uma estátua de São Miguel no Vaticano. Bento XVI e Francisco estiveram juntos na manhã de 5 de julho, nos jardins do Vaticano. Durante a inauguração, foi feita a consagração da Santa Sé à proteção do Arcanjo de São Miguel.

Segundo o site italiano ‘Vatican Insider’, foi Francisco quem fez questão de convidar pessoalmente Bento XVI a participar na inauguração, na mesma manhã em que foi apresentada a encíclica ‘A Luz da Fé’, a primeira de Francisco mas que começou por ser escrita por Bento XVI.

 

4. O Papa João Paulo II deverá ser canonizado até ao final do ano, devendo a canonização dar-se em simultâneo com a de João XXIII. O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, avançou, em conferência de imprensa, no Vaticano, que é natural que a canonização avance antes do fim do ano, embora ainda não haja datas definidas. Recorde-se que recentemente foi aprovado o segundo milagre necessário para a canonização de João Paulo II, passo que completa o processo de canonização.

A surpresa em relação a João XXIII é que não há um segundo milagre atribuído à sua intercessão, mas, ainda assim, o Papa do Concílio Vaticano II deve ser canonizado, por iniciativa do Papa Francisco.

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