Especiais |
Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal
“Procurar o Senhor Jesus”
<<
1/
>>
Imagem

É uma casa de oração, um lugar de encontro com Deus. O Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal é um dos seis santuários da Diocese de Lisboa onde os cristãos, durante o Ano da Fé, podem alcançar a indulgência plenária.

 

“Este é um santuário muito próximo das pessoas. É um santuário popular, que está aqui para acolher e que procura desempenhar aquela missão que o Senhor D. Manuel Clemente falou na sua Entrada Solene no Patriarcado de Lisboa: acolhimento e missão!”. O padre José Luís Guerreiro é o reitor do Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal desde outubro do ano passado, após uma experiência de seis anos no Santuário de Nossa Senhora da Nazaré. Ao Jornal VOZ DA VERDADE, este sacerdote aponta que o ano jubilar é uma oportunidade para crescer na fé. “O Ano da Fé neste santuário tem-nos desafiado, a mim e a todas as pessoas que o procuram, ao crescimento da fé. Todas as quintas-feiras à tarde tenho um tempo disponível para acolher as pessoas e lhes falar deste sentido cristão, do sentido da fé. Tem sido muito positivo, sentir as preocupações das pessoas e ajudá-las a sentir que há um valor muito importante na nossa vida – que não é uma coisa que eu tenho mas que é um dom que eu recebi, no dia do meu batismo – que é o sentido da fé!”.

O Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal tem duas celebrações dominicais, onde o reitor procura ir lembrando este sentido. “Vamos aproveitando as celebrações dominicais da Eucaristia – ao Domingo, às 12h e às 19h – para dar às pessoas o sentido da fé. O santuário tem que ser algo de vivo! Não que responda a todos os problemas das pessoas, mas que aponte soluções, aponte caminhos, que aponte perspetivas e esperanças”, refere.

 

A lenda

A história do Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal está intimamente ligada a uma lenda. “É uma história muito bonita. Temos de olhar para a lenda, que começa em Peniche. Peniche tem um costume, ainda hoje, que se chama ‘correr a praia’, ou seja, percorrer a praia e ir à maré vazia ver o que o mar deixou! A tradição e a lenda dizem que alguém, no século XIII ou XIV, ia a ‘correr a praia’ e encontrou um caixote, com a imagem do Senhor Jesus. Na altura, recorde-se, o povo escondia as imagens por causa da perseguição, no período iconoclasta, muitas vezes deitando-as ao mar. Por respeito, deitavam as imagens ao mar dentro de qualquer caixa ou caixote”, conta o padre José Luís. “Essa pessoa que encontrou a imagem ouviu então uma voz que dizia: ‘Leva-me daqui’. Ele foi buscar um carro de bois e começa a levar a imagem, até que chegando ao Carvalhal ouve novamente a voz: ‘Deixa-me aqui’. Foi precisamente neste local onde hoje está o santuário! Não havia aqui nada! Tudo foi construído depois!”, acrescenta o reitor. “A imagem de Jesus que está no santuário é a imagem original trazida de Peniche”, garante o padre José Luís.

A devoção rapidamente se começa a espalhar e hoje o Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal “tem uma incidência regional muito grande, acolhendo sobretudo gente de Torres Vedras, Mafra, Lourinhã, Bombarral, Nazaré e Peniche”.

 

Ligação a Peniche

Peniche fica situada a cerca de trinta quilómetros do Carvalhal e mantém, ainda hoje, uma forte ligação ao Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal. “Muito provavelmente devido à lenda, o certo é que Peniche tem uma tendência muito grande para vir ao santuário. Para vir rezar e peregrinar!”. Curiosamente, o padre José Luís é natural de Peniche. “Nascido, criado, batizado e ordenado”, frisa, em tom de brincadeira. Ao longo da sua infância, adolescência e juventude, este sacerdote recorda-se de muitas vezes ter peregrinado ao Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal. “Eu cheguei a vir a pé, com monsenhor Bastos, de Peniche aqui ao Carvalhal! Tinha 4 anos de idade quando o saudoso monsenhor Bastos chegou a Peniche e, ao longo dos anos, foram muitas as atividades paroquiais que incluíam a peregrinação a este santuário. Tenho até uma fotografia minha de miúdo, tirada aqui no santuário! O Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal era quase um santuário obrigatório!”, observa.

 

Pedir a graça de Deus

Ao longo do ano, o santuário recebe a visita de muitos peregrinos. “Temos muitas peregrinações, os chamados círios! Os círios são peregrinações em que as pessoas trazem o círio, ou seja, uma vela grossa que é aqui acesa e que depois a levam para suas casas ou paróquia”, conta o padre José Luís Guerreiro, apontando já para o mês de setembro, data em que o santuário “vai receber o Círio de Ferrel”. “As pessoas veem e acampam aqui na mata! Há grupos que chegam a ficar 15 dias! Uns rezam mais, outros menos, mas o sentido é este: o Senhor Jesus! É uma marca que ficou e que toca as pessoas profundamente”, assegura.

É na Solenidade de São Pedro e São Paulo, em 29 de junho, que o santuário acolhe muitas centenas de fiéis. “A Festa de São Pedro traz muita gente até aqui ao santuário! Fazemos sempre atendimento, Eucaristia campal e procissão na mata, dentro do recinto do santuário. As pessoas que aqui veem, veem à procura do Senhor Jesus! Há que aproveitar essas oportunidades, das pessoas que veem procurar”, salienta o reitor. “As pessoas sabem que há aqui um padre para as acolher, para conversar, para as ouvir, para as ajudar. E veem!”, refere.

Falando sobre as graças que as pessoas mais pedem, o padre José Luís salienta a saúde. “Todos pedem saúde. Eu costumo dizer que isso é importante, mas que há algo que é mais importante e que por vezes nos esquecemos de pedir: a graça de Deus e a fidelidade à fé! Estamos no Ano da Fé e eu falo sempre muito nisso”.

 

Isolamento

O Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal é também sede da paróquia do Carvalhal, que tem como oragos o Senhor Jesus e São Pedro. “Esta paróquia tem oito lugares, lugares esses que estão num processo de desertificação. Nesta área toda, nós temos pouco mais de cinquenta crianças na catequese! E não se pense que é por elas não irem, não! É mesmo porque não há mais crianças… Há terras que não têm uma criança sequer!”, lamenta o reitor, que é também o pároco desta paróquia com cerca de dois mil habitantes. “Temos muitas carências – o Banco Alimentar ajuda muito a sustentar várias famílias –, mas o principal problema é o isolamento. Todos os anos, no Advento e na Quaresma, faço a visita aos doentes e deparo-me com situações horríveis, de abandono, de isolamento”.

 

Incentivar a espiritualidade

O Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal é o ponto central da vida paroquial. Para os tempos que aí veem, o pároco e reitor quer incentivar a espiritualidade. “O santuário tem que ser sempre uma fonte de espiritualidade. Neste sentido, estamos a pensar, ao fim da tarde de Domingo, antes da Missa, expor o Santíssimo Sacramento e criar um ambiente de oração na igreja. Posteriormente, queria fazer uma capela com o Sagrado Lausperene, nas traseiras do santuário. Temos um espaço, que estou a idealizar para ser um local apenas de oração. A igreja é também um espaço de visita, onde as pessoas podem ver a imagem original do Senhor Jesus; essa capela seria exclusivamente de oração”.

Ao longo deste Ano da Fé, o Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal tem recebido peregrinações de paróquias, vigararias, grupos de jovens e seminários. “As pessoas veem rezar, veem fazer as suas orações, sabendo exatamente que este é um santuário jubilar! O nosso desejo é que mais comunidades cristãs venham aqui ao santuário encontrar-se com o Senhor Jesus”.

  

__________________


Indulgência Plenária em santuários da diocese

Em decreto publicado no final do ano 2012, o então Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, estabeleceu os lugares sagrados em que, durante o Ano da Fé, os fiéis podem receber o dom das Indulgências: “Determinamos que, no Patriarcado de Lisboa, durante o Ano da Fé, os fiéis, no modo estabelecido pela Igreja, ‘poderão alcançar a Indulgência Plenária da pena temporal para os próprios pecados, concedida pela misericórdia de Deus, aplicável em sufrágio pelas almas dos fiéis defuntos’, nas seguintes igrejas e santuários: a) Sé Patriarcal e igreja de Santa Maria de Belém (Mosteiro dos Jerónimos); b) Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal; Santuário de Nossa Senhora da Nazaré; Santuário de Nossa Senhora dos Remédios (Peniche); Santuário de Nossa Senhora da Rocha (Queijas); Santuário de Nossa Senhora da Piedade da Serra (Almargem do Bispo); Santuário de Nossa Senhora da Piedade da Merceana”.

As indulgências, como afirma o Catecismo da Igreja Católica, consistem na “remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada”. Para conseguir a indulgência plenária é necessário que o fiel se confesse sacramentalmente dos seus pecados, receba a Santíssima Eucaristia e reze segundo as intenções do Papa.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
A OPINIÃO DE
Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES