Os sucessos das ciências naturais e da tecnologia podem ter dado ao ser humano a sensação de que conseguirá dominar todas as realidades da sua existência. Basta, no entanto, a morte de um familiar, de um amigo, ou o nascimento de uma criança (para já não falarmos de tantas outras realidades que nos surpreendem – que não desejámos ou pensámos, boas ou más, mas que nos surgem e que não podemos senão viver) para percebermos que a nossa vida está bem longe de ser algo que controlamos, de que somos senhores absolutos e de que dispomos segundo a nossa vontade.
Não fomos nós que nos demos a vida e, em última análise, não é para nós que ela caminha; não fomos nós nem os nossos pais que nos fizeram ser livres e responsáveis. Somos um dom, fruto de uma vontade e de uma liberdade que (ainda bem) nos ultrapassam: já imaginaram o que seríamos se tudo dependesse de nós, da nossa vontade e dos nossos caprichos?
Depois do célebre e celebrado Maio de 68, quiseram convencer-nos de que nós, seres humanos, "somos animais". É certo que, logo depois, vinha, quase em surdina, a afirmação de que somos também "racionais" – mas isso era para esquecer: a grande "conquista" era o facto de sermos "animais" e de, assim, o nosso corpo se "libertar", viver mais "naturalmente", sem os "preconceitos da vida social" (entenda-se o que se queria dizer: deveríamos comportar-nos, em tudo, como os animais)...
Agora, de há uns tempos a esta parte, somos literalmente bombardeados com a célebre "ideologia do género": querem-nos convencer de que o nosso corpo não importa; de que a determinação sexual a faz cada um, conforme o seu desejo e escolha. Assim, o corpo vê-se reduzido a um simples objecto, semelhante a um carro, uma casa, ou um eletrodoméstico, que podemos comprar e vender, transformar e usar, conforme nos apeteça.
Aceitar que somos o que somos, como nos é dado viver, e que isso é uma realidade boa; que somos um dom para nós e para os outros, e que é desse modo, com todas as dimensões da nossa existência (com uma dimensão corporal e uma dimensão espiritual que nos relacionam com os outros seres humanos, com os animais e com a natureza, e que nos foram oferecidas; e com a possibilidade de vivermos com Deus, que nos deu a alma e que é em nós fonte de uma sede que só em Deus encontra repouso) é algo de que não podemos abdicar.
Só percebendo que somos um dom podemos ser verdadeiramente humanos.
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