Domingo |
À procura da Palavra
Também o pobre tem nome

DOMINGO XXVI COMUM  Ano C

"Um pobre, chamado Lázaro,

jazia junto do seu portão, coberto de chagas.”

Lc 16, 20

 

A única parábola de Jesus em que um dos personagens tem nome é a do pobre Lázaro que jazia junto à casa do rico, contada por São Lucas. Talvez para nos lembrar que “ter nome” não é, aos olhos de Deus, apenas dos que “têm” ou “podem” algo no mundo. E certamente nos interpela a não manipular números ou estatísticas, tão do agrado dos políticos, quando se fala de pobreza ou desemprego. O nome é mais do que um número, e convida a abrirmo-nos a uma história, a conhecer sonhos e desilusões, a valorizar passados e a abrir futuros.

Os contrastes acentuados da parábola procuram contrariar a indiferença perante o que está mal. Não se condena a riqueza do rico, nem os meios pelos quais a alcançou, mas a sua recusa em olhar e fazer algo pelo Lázaro coberto de chagas e lambido pelos cães. Não se explica como este chegou àquele estado, mas descreve-se a sua indigência e abandono. O fundamental é o presente e só com a indiferença vencida podemos trabalhar a mudança das situações. Fechar os olhos, assobiar e passar de lado acentuam simplesmente o abismo que distancia uns e outros. Dizia há dias o Papa Francisco: “Somente o acolhimento não basta. Não basta dar uma sanduíche, se não for acompanhado da possibilidade de aprender a caminhar com as próprias pernas. A caridade que deixa os pobres assim como são, não é suficiente. A misericórdia verdadeira, aquela doada e ensinada por Deus, pede a justiça, pede que o pobre encontre o caminho para deixar de ser como é”.

Claro que o mais difícil é conjugar esforços para esta luta contra a indiferença. Dói ver o esforço de centenas de voluntários que, também nas noites de Lisboa, procuram apoiar os sem-abrigo com alimentos e, por causa da pouca coordenação entre as várias instituições, encontrar alimentos espalhados pelos lugares de entrega ao raiar o dia. O gosto de ajudar “os nossos pobrezinhos” cria um certo consolo que não ajuda a mudar as situações de pobreza. Por isso se saúdam todos os esforços conjuntos não só em resolver a fome de hoje mas em prevenir a fome de amanhã, em criar condições de humanização e oportunidades de trabalho, em promover a ocupação e valorização pessoal.

Regresso às palavras do Papa Francisco no Centro Astalli de refugiados em Roma: “Os pobres também são mestres privilegiados do nosso conhecimento de Deus; A fragilidade e simplicidade deles desmascaram o nosso egoísmo, as nossas falsas seguranças, as nossas pretensões de autossuficiência e guiam-nos à experiência da proximidade e ternura de Deus, de receber na nossa vida o seu amor, a sua misericórdia de Pai que, com discrição e paciente confiança, cuida de nós, de todos nós".

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