Lisboa |
XVIII Festival da Canção Cristã
Cantar a mensagem de Deus para tocar no coração do outro
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As luzes descem, o palco ilumina-se e a sala enche-se do burburinho que sempre mistura os nervos dos participantes com a ansiedade do público. O XVIII Festival Diocesano da Canção Cristã de Lisboa teve lotação esgotada no passado dia 28 de Setembro, onde a Vigararia da Amadora se sagrou vencedora.

 

O Auditório de Nossa Senhora da Boa Nova, no Estoril, voltou a receber o Festival Diocesano da Canção Cristã, este ano na sua décima oitava edição. Rita Grilo e João Leite foram os anfitriões de uma festa onde a música é, anualmente, ponto comum e de união. “Não é sobretudo um concurso. É sobretudo um encontro dos jovens católicos com Jesus e uns com os outros”, sublinhou o padre Carlos Gonçalves, responsável pelo Serviço da Juventude do Patriarcado de Lisboa, no início da noite.

Quase em jeito de introdução do espectáculo, os jovens de Rio de Mouro interpretaram a canção “Deus está aqui”, que no ano passado venceu o XVII Festival Diocesano da Canção e que conquistou o terceiro lugar no Festival Nacional da Canção Cristã, em Fátima. E repetiram, antes de abandonar o palco, “sim, esta noite, Ele está aqui”. E esteve, nas treze canções concorrentes que desfilaram, durante mais de duas horas, pelo palco daquele auditório do Estoril. E pelos diversos plasmas que a organização precisou de espalhar por outras salas, uma vez que uma hora antes de o espectáculo começar já não havia bilhetes disponíveis.

 

Festival sem limites

Mais de seiscentas pessoas cantaram, aplaudiram e comungaram, presencialmente, a mensagem “Ide e fazei discípulos de todas as nações”, que deu tema ao Festival deste ano. Cerca de duas mil acompanharam, a partir de diversos países, a emissão em directo feita pela Patriarcado TV, com transmissão no site do Patriarcado de Lisboa, do Serviço da Juventude do Patriarcado e no MeoKanal do Patriarcado. Um sinal de que não há Oceanos ou Continentes que impeçam a mensagem de passar entre quem a quer ouvir.

“ Acho que é importante não ficarmos entre quatro paredes”, reiterava Joana Vaz, da Vigararia de Mafra. “É preciso passar a mensagem a todas as pessoas que conseguirmos”, afirmou a concorrente, em declarações à Patriarcado TV, no final da apresentação da canção “O mundo espera por ti”, a segunda a apresentar-se a concurso. Antes de Mafra, a Juventude Dehoniana subiu ao palco com a canção “Caminhando passo a passo”.

 

“Passar a mensagem é o que conta”

Entre aplausos de claques que se vestiram a rigor, abriram faixas e cantaram pequenos gritos de ‘incentivo’, os concorrentes foram ocupando os seus lugares e enchendo de música um auditório que reagiu com agrado às interpretações entusiastas dos mais ou menos veteranos participantes. Pianos, baterias, violinos, paus-de-chuva, baixos, guitarras ou trombones acompanharam as vozes que não querem calar a Palavra de Jesus.

“Desperta o teu coração” foi o apelo feito pelos jovens de Santa Iria da Azóia, com a canção número três, que garantiram que o mais importante da noite “é a mensagem que queremos passar”. Nas palavras de Carla Monteiro, é certo que quando “participamos queremos sempre ganhar”, mas passar a mensagem é o que realmente conta.

Pelos corredores que ligavam a sala dos concorrentes à antecâmara do palco, sentia-se a alegria, o nervoso e a música que os participantes não conseguiam largar. As guitarras e pandeiretas tocavam mesmo longe dos microfones, e as vozes dos vários grupos soaram, algumas vezes, em uníssono, para fazer passar mais rápido o tempo de uma noite cheia de acordes, melodias e claro, emoções.

 

Fazer-se ao largo

Pelo palco do auditório de Nossa Senhora da Boa Nova passaram intérpretes vestidos de pescadores, saias coloridas, t-shirts de festivais vicariais…os concorrentes fizeram tudo para fazer sobressair a sua canção. Para se fazerem ao largo. “A mensagem é mesmo essa”, referia Diogo Amaro, da Vigararia Alcobaça-Nazaré. “Agarrarmos a mensagem que Deus nos deixou e fazermo-nos ao largo. Nas nossas paróquias, Universidades, entre os nossos amigos” , concluiu, depois de os jovens da Paróquia de Alfeizerão terem saído do palco.

À porta do auditório iam-se juntando pessoas, de diversas paróquias e vigararias que, não tendo conseguido bilhete para o festival, não quiseram deixar de assistir à grande noite de música jovem que há dezoito anos congrega a Diocese de Lisboa.

 

Deus dá tudo

Num ano que ficou, inevitavelmente, marcado pela eleição do Papa Francisco e pelas Jornadas Mundiais da Juventude no Rio de Janeiro, houve também tempo para recordar as palavras que o Santo Padre dedicou aos jovens durante o encontro no Brasil.

E para conhecer Filipe Teixeira, o único jovem português que integrou a organização das JMJ 2013, e que teve a graça de almoçar com o Papa Francisco, numa refeição “que não teve caipirinha”, brincou o designer que durante nove meses trocou Lisboa pelo Rio de Janeiro. Num testemunho na primeira pessoa, Filipe contou que “o facto de poder estar junto desta figura que todos nós já vamos conhecendo e que não é só através dos vídeos que a fala e a proximidade são bastante grandes” acabou por ser o momento que mais o marcou nas JMJ 2013. Mas concluiu em jeito de apelo: “O Senhor quando entra coloca muitas interrogações, e uma das mais frequentes é o medo. Aquilo que posso partilhar convosco, após estes nove meses de missão, é que Deus não tira nada. Dá-nos tudo”.

 

Cantar a mensagem de Deus

À Vigararia da Amadora, deu também este ano a vitória do Festival Diocesano. Com a canção “O Teu Amor”, os jovens da paróquia da Amadora foram os grandes vencedores da noite, tendo arrecadado também o prémio de Melhor Música. Foi o culminar de “sete anos de trabalho”, na voz dos vencedores. Liliana Costa e Nuno Trindade compõem juntos há muito tempo e foi de lágrimas nos olhos que interpretaram pela segunda vez, e a encerrar a noite, a música que criaram para o Festival deste ano.

Ainda durante a apresentação das canções concorrentes  a Patriarcado TV tinha falado com Ana Filipa Ferreira, da Vigararia da Amadora, que dizia que “muitas vezes pensamos que não temos as qualidades e as capacidades suficientes para ir ter com os outros e anunciá-Lo, mas temos sempre! E por isso só temos que nos entregar completamente porque Ele está sempre connosco. Ele capacita-nos sempre para olhar para os outros e vê-los como nossos irmãos”.  A concorrente, que ainda não sabia que faria parte do grupo vencedor da noite, notou ainda que cantar a mensagem de Deus pode ser uma das melhores formas para tocar no coração do outro, admitindo que “há pessoas que não se sentem tocadas com as nossas palavras e por isso a música, as acções, às vezes, resultam melhor”.

 

Música chama jovens à Igreja

Rui Pintéus, um dos representantes da Vigararia da Lourinhã, contou como muitos jovens são chamados para a Igreja através da música. Um ‘veterano’ nos palcos do Festival – a Vigararia da Lourinhã tem o mais antigo Festival da Canção Cristã da Diocese realizado ininterruptamente -, o músico notou ainda que “uma preocupação que o [nosso] grupo tem tido desde o início é sempre integrar outros jovens que têm Cristo na vida deles mas a quem a Igreja não diz muito. Mas que depois nos ensaios, na participação num evento, vêem que Jesus Cristo não é aquilo que pensavam, que a Igreja faz sentido na sua vida. Esses jovens vão sendo evangelizados com uma naturalidade, obra do Espírito Santo, que vai passando na vida deles e para a vida de outros”, explica. “A nossa vida, apesar de difícil, pode ser diferente se formos peregrinos no Senhor”, rematou.

 

Musical com seminaristas testemunha fé

Enquanto os ‘peregrinos’ aguardavam a decisão do júri o palco foi ‘tomado de assalto’ pelos seminaristas do primeiro ano do Seminário de São José de Caparide, que em jeito de musical, contaram várias histórias de como pode ser feito o caminho de confiança no Senhor. Gargantas afinadas, as qualidades dramáticas a tomar lugar, e o grupo de futuros sacerdotes conquistou o público com o sorriso fácil e o olhar brilhante. A mensagem, deixada dentro e fora de palco aos jovens participantes foi a de que “acreditem naquele que é o tema deste Festival [“Ide e fazei discípulos em todas as nações”], e no dia-a-dia consigam colocar isso em prática sem medo e sem vergonha”. “Acima de tudo, Deus nunca tira nada. Deus dá sempre tudo. E pode chegar a cada uma das realidades, sejam elas quais forem”, resumiram os seminaristas Miguel e Cláudio.

Ao longo dos anos os Festivais da Canção, sejam Paroquiais, Vicariais ou o Diocesano, têm envolvido cada vez mais jovens e têm chamado cada vez mais público. Diz-se, muitas vezes e citando Santo Agostinho, que ‘cantar é rezar duas vezes’. Se assim é, os jovens da Diocese de Lisboa têm mostrado uma vocação para a oração que parece não ter hora nem tempo para terminar.

 

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Classificações:

1º Lugar – ‘O Teu amor’

2º Lugar – ‘Vai’

3º Lugar – ‘Fazer Discípulos’

Melhor Interpretação – ‘Vai’

Melhor Letra – ‘Fazer Discípulos’

Melhor Música – ‘O Teu amor’

 

Canções em concurso

1 - Caminhando Passo a Passo – Juventude Dehoniana

2 - O mundo espera por ti – Vigararia de Mafra (Paróquia da Malveira)

3 - Desperta o teu coração – Vigararia de Sacavém (Paróquia de Santa Iria da Azóia)

4 - O Teu amor – Vigararia da Amadora (Paróquia da Amadora)

5 - Faz-te ao largo – Vigararia Alcobaça-Nazaré (Paróquia de Alfeizerão)

6 - Fazer Discípulos (pl’o mundo) – Vigararia de Alenquer (Paróquia da Sapataria)

7 - O segredo do caminho – Vigararia Lisboa II (Paróquia de Vale de Chelas)

8 - Peregrinos – Vigararia da Lourinhã (Paróquia de Lamas)

9 - Hora certa – Vigararia Lisboa IV (Paróquia do Lumiar)

10 - Somos Discípulos – Vigararia Lisboa III (Paróquia de Belém)

11 - Vou chegar mais longe – Vigararia de Loures-Odivelas (Paróquia de Famões)

12 - Vai – Vigararia de Sintra (Paróquia de Rio de Mouro)

13 - Eu vou – Vigararia de Cascais (Paróquia de São Domingos de Rana)

texto por Margarida Vaqueiro Lopes; fotos por Filipe Amorim
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