Domingo |
À procura da Palavra
“Tenha muita fé!”

DOMINGO XXVII COMUM  Ano C

"Se tivésseis fé como um grão de mostarda...”

Lc 17, 6

 

A apresentadora insistia com os telespectadores do longo programa da tarde para que telefonassem para o número indicado pois poderiam ganhar uma quantia choruda de dinheiro. E era este o refrão várias vezes por ela repetido: “Vá lá, telefone, telefone com fé. Tenha fé, tenha muita fé!”. Pobre utilização da fé confundida com esperança, e ao serviço das chamadas de valor acrescentado!

Com o Ano da Fé quase a terminar fez-se certamente algum caminho de crescimento pessoal e comunitário. Talvez tenhamos percebido melhor que a fé não trata principalmente de conteúdos, de dogmas e tradições. Mas refere-se essencialmente à pessoa de Jesus Cristo, a organizar a nossa vida segundo princípios fundamentais cuja fonte é o Evangelho. É uma forma concreta de pensar, de sentir e de agir, identificados com Jesus. É esta a “fé que move montanhas”, e que implica um modo novo de estar no mundo e de o construir. A fé não como um filme a que se assiste e se concorda ou não com as ideias transmitidas, mas é assumirmos ser protagonistas do argumento feliz que Deus faz connosco. Precisamos tanto de estar atentos para não nos tornarmos em profissionais da religião!

Se a fé é uma relação viva com Deus, deixamos de falar d’Ele como se estivesse fora de nós. Um pouco como tudo na vida de que nos sentimos fazer parte: uma família, um país, uma igreja e até um clube. Sentir e acolher a presença de Deus é um acto profundo de fé: perceber que não estamos sós, que a nossa vida tem um sentido que ultrapassa a estreiteza do nosso olhar, que podemos ser amados por Deus, pode mudar tudo. No fundo, a fé supõe abertura, confiança em quem não nos julga nem acusa, de quem não precisamos ter medo nem esconder-nos. Que pena ter sido, tantas vezes, o contrário que nos falaram de Deus!

Como se transmite a fé? Com a vida, claro; com a sintonia entre o que se diz e o que os gestos falam. Cada dia nos surpreende mais o Papa Francisco com a sintonia das suas palavras e gestos. E vai convidando-nos a uma revisão profunda do nosso acreditar e do nosso viver. No domingo passado aos catequistas utilizava imagens sugestivas: “Quando nós cristãos nos fechamos no nosso mundo, no nosso movimento, na nossa paróquia, no nosso ambiente, permanecemos fechados e sucede o que acontece a tudo o que está fechado: quando um quarto fica fechado começam cheiros da humidade. E se uma pessoa se fecha naquele quarto, adoece.[…] Prefiro mil vezes uma Igreja acidentada a uma Igreja adoentada! Uma Igreja, um catequista que tenha coragem de correr o risco para sair a um catequista que estudo, que saiba tudo, mas permanece fechado: isto é doentio. E por vezes é doente da cabeça. […]Para ser fiel, para ser criativo, é preciso saber mudar. Saber mudar. E porque é necessário mudar? Para me adequar às circunstâncias onde devo anunciar o Evangelho. Para permanecer em Deus é preciso sair, não ter medo de sair. E se um catequista se deixa tomar pelo medo, é um covarde; se um catequista permanece quieto, acaba por se transformar numa estátua de museu: e nós temos tantos!". Interpelam a minha fé e o meu anúncio? E a vocês?

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