Lisboa |
Paróquia de Unhos recebe Visita Pastoral
Fazer da paróquia uma família
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Unhos é uma paróquia do século XV, que em 2008 viu a comunidade do Catujal separar-se e tornar-se paróquia. Desde então, a paróquia de São Silvestre de Unhos procura retomar o caminho, propondo criar um ambiente familiar.

 

“Os últimos cinco anos não têm sido fáceis. A paróquia de Unhos sofreu muito com a separação do Catujal”, assume o padre Francisco Waalders, pároco desta paróquia da Vigararia de Sacavém, confiada aos Padres dos Sagrados Corações desde há 13 anos. Segundo este sacerdote holandês, a paróquia de São Silvestre de Unhos sentiu muito a desagregação do Catujal. “Catujal era uma comunidade da paróquia de Unhos, que não tinha igreja, pelo que todos os casamentos, primeiras comunhões, profissões de fé se realizavam aqui, em Unhos. Em 2008, o Catujal separou-se, constituiu-se como paróquia, e toda a juventude foi para lá… A JMV – Juventude Mariana Vicentina, que começou em Unhos e que tem um grupo formidável, foi para o Catujal”, explica, conformado, ao Jornal VOZ DA VERDADE. Os números parecem dar razão ao padre Francisco. “Este ano, ainda não tive nenhum casamento em Unhos! Nada, zero! Batismos foram muito, muito poucos”, acrescenta. O padre Francisco aponta inclusive uma “certa rivalidade” que se sente naquelas zonas. “Se houver uma festa no Catujal, as pessoas daqui não vão lá… e se a festa for em Unhos, o Catujal também não vem cá”, lamenta.

Unhos, que se situa à margem do rio Trancão, foi a paróquia escolhida para o início da Visita Pastoral à Vigararia de Sacavém, que vai decorrer neste mês de outubro e também em novembro. Ao longo de um mês e meio, o Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, e os dois Bispos Auxiliares, D. Joaquim Mendes e D. Nuno Brás, vão visitar as nove paróquias que integram esta vigararia e contactar de perto com os cristãos e a sociedade civil.

 

Uma igreja que foi… farol

Unhos é uma freguesia do concelho de Loures, que desde este ano faz parte da nova União das Freguesias de Camarate, Unhos e Apelação. Segundos dados da junta de freguesia referidos pelo pároco, o espaço geográfico da paróquia de Unhos tem cerca de 2400 habitantes. “Na paróquia há muita gente do Alentejo. É uma população originalmente muito rural, porque esta zona era toda formada por campos, tinha as suas herdades e quintas. Unhos é uma terra que tem muitos bairros, como o Cabeço, o Espinhal, Vila Nova. O centro, onde está a igreja, é a zona mais antiga”, refere o pároco, de origem holandesa, que está em Portugal desde 1964, ano da sua ordenação.

A igreja de Unhos é datada do século XV e encerra uma curiosidade. “Antigamente, a torre da igreja era um farol. É engraçado, porque normalmente a torre fica ao lado da entrada da igreja, no adro, e esta fica nas traseiras da igreja. Vê-se, no estilo da torre, que antigamente era um farol. Por isso se chama ao centro de Unhos o centro piscatório”, salienta o padre Francisco Waalders, referindo que “a frequência da Missa dominical ronda as 90, 100 pessoas”. “A igreja não é grande, mas também não enche”, refere.

 

Juntar catequese e Missa

Na paróquia de Unhos não há Missa vespertina. Contudo, esta é uma realidade que pode ser alterada brevemente. E a explicação é simples. “As crianças da paróquia não vêm à Missa. Por isso, estamos a pensar, este ano, começar a celebrar a Eucaristia na hora da catequese. Será uma celebração dirigida às crianças! Essa poderá ser uma maneira de chamar a atenção. Vamos experimentar!”.

A catequese em Unhos decorre ao sábado à tarde. Por falta de espaços próprios – a paróquia de Unhos tem apenas a igreja como espaço da paróquia – a catequese decorre na sacristia, na sala de acolhimento, nos bancos da igreja, no coro alto… “Aqui e ali, vemos pequenos grupos reunidos a ter catequese”. O ano passado, a paróquia tinha 44 crianças na catequese. Neste novo ano pastoral, o número deve manter-se, segundo refere o pároco.

Além da falta de participação na Missa, o padre Francisco lamenta também a atitude dos educadores. “Há muitos pais que querem que as crianças façam a primeira comunhão e chega… há outros que ainda continuam até ao crisma, mas que depois desaparecem”. A falta de juventude em Unhos faz com que esta paróquia não tenha, atualmente, grupo de jovens, nem escuteiros. “Temos conselho pastoral e conselho económico, temos também o grupo de liturgia, um grupinho social que apoia cerca de dez-doze famílias, mas muitas vezes são as mesmas pessoas que integram os vários grupos. Isso não faz mal, porque elas são o núcleo da paróquia”, salienta o pároco de Unhos.

O ‘Domingo do Quilo’ é o nome de um projeto desta paróquia, em que “as pessoas, durante a Eucaristia, oferecem um quilo de arroz, de farinha, de massa ou de qualquer outro bem alimentar”, que depois “é distribuído pelos carenciados”. Esta iniciativa recebe também, por vezes, dinheiro. “Com 40 euros, por exemplo, podemos comprar diversos quilos de arroz!”, sublinha.

 

Criar ambiente familiar

Nos três anos que leva à frente da paróquia de Unhos, o padre Francisco Waalders apostou em criar comunidade, desfazendo barreiras: “O primeiro desafio, para mim, é criar um ambiente muito familiar! A Igreja é nas ruas, nas famílias, para que haja um bom ambiente na zona em que estamos a trabalhar. Organizamos muitas vezes almoços comunitários, abertos a crentes e não crentes. Tanto faz, porque são para todos! Criar comunidade é importante para ganhar amizade! Temos de desfazer barreiras”, observa. “Para mim, é muito importante criar um ambiente familiar! E neste aspeto, creio que estamos no bom caminho!”.

Unhos é uma freguesia com diversos bairros, muitos deles clandestinos. Para facilitar a relação entre a Igreja e as residências populacionais, a paróquia tem em cada bairro dois ou três responsáveis, leigos, que “estão atentos aos doentes, às carências, aos problemas económicos”. Esta organização, de acordo com o padre Francisco, visa “criar o tal ambiente familiar no bairro”. “Como cristãos, temos de fazer união entre as pessoas”, assegura. A criação de um ambiente familiar tem sido a principal preocupação deste sacerdote. “Caso contrário, estamos na Missa a celebrar com pessoas que não se sentem irmão do outro”.

 

Entusiasmar os cristãos

Foi com a celebração da Eucaristia, presidida por D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa, que teve início a Visita Pastoral a Unhos, no passado Domingo, 6 de outubro. “Esta nossa celebração marca o início da Visita Pastoral à Vigararia de Sacavém. Ao longo das próximas semanas, o senhor Patriarca e os seus Bispo Auxiliares irão visitar todas as paróquias desta vigararia. Irão conhecer os leigos, que são responsáveis pelas diferentes atividades apostólicas, litúrgicas, de caridade, irão escutá-los e a todo o povo de Deus. Irão conhecer as diferentes realidades humanas e cristãs, as dificuldades e as alegrias de cada comunidade. Esta é uma parte importante do serviço dos Bispos como sucessores dos apóstolos. Visitar as diferentes comunidades, entusiasmar os cristãos, animá-los a conhecer cada vez mais a Jesus, incentivá-los a ser, em cada dia que passa, em cada lugar que se encontrem, um testemunho vivo deste Deus, que em Jesus de Nazaré, veio ao nosso encontro”, referiu D. Nuno Brás.

No final da Missa, no adro, o Bispo Auxiliar do Patriarcado cumprimentou cada um dos cristãos. “Obrigada, senhor D. Nuno, por ter vindo à igreja onde fui batizada” ou “Obrigado pela sua presença, que é uma alegria para nós”, foram algumas das frases que D. Nuno Brás escutou. Para o pároco de Unhos, a explicação é simples. “Não há memória de haver Visita Pastoral em Unhos. Os Bispos vêm a Unhos crismar, mas é uma passagem sempre muito rápida pela paróquia. Desta vez é diferente!”, aponta o pároco de Unhos, padre Francisco Waalders.

 

Cristo no centro da vida da comunidade

Num encontro com os agentes de pastoral, catequistas e conselho pastoral, D. Nuno Brás lembrou que “o primeiro agente da vida da comunidade é Jesus Cristo”, e por isso mesmo é preciso “estar atento àquilo que Deus quer” para a comunidade. Sublinhando que nas relações da comunidade “as relações de vizinhança são importantes”, o Bispo Auxiliar justificou a referência explicando que essas “dão a possibilidade de dar testemunho de forma concreta”. Neste encontro realizado no salão polivalente de Unhos, D. Nuno Brás apelou para a necessidade da formação cristã, recordando que a educação cristã dos filhos “não pode estar dependente dos catequistas”, e lembrou também as diversas ofertas de formação para adultos na diocese.

 

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Visita Pastoral à Vigararia de Sacavém

‘O Pastor visita e cuida das suas ovelhas’ é o tema da Visita Pastoral à Vigararia de Sacavém que teve início no passado Domingo, na paróquia de Unhos. Ao longo de mais de um mês, o Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, e os dois Bispos Auxiliares, D. Joaquim Mendes e D. Nuno Brás, vão visitar as nove paróquias que integram esta vigararia.

Depois de Unhos, que recebe os Bispos até este sábado, dia 12, a Visita Pastoral prossegue no Catujal (15 a 20 de outubro), Santa Iria de Azóia (também de 15 a 20 de outubro), Camarate (22 e 23 de outubro), Apelação (24 a 27 de outubro), Bobadela (29 de outubro a 3 de novembro), Sacavém (5 a 10 de novembro), Prior Velho (igualmente de 5 a 10 de novembro) e São João da Talha (14 a 17 de novembro). A Visita Pastoral à Vigararia de Sacavém terá também alguns momentos para toda a vigararia. A 18 de outubro, às 21h30, na paróquia de Santa Iria, decorre o Encontro da Pastoral Familiar; uma semana depois, dia 25, novamente às 21h30, mas na Apelação, tem lugar o Encontro com a Pastoral Juvenil e CNE; dia 1 de novembro, às 21h, na Bobadela, será o Encontro com a Pastoral de Catequese; dia 8, também às 21h, em Sacavém, o Encontro da Pastoral Social; terminando estes encontros vicariais a 15 de novembro, às 21h, em São João da Talha, com o Encontro com a Pastoral Litúrgica.

A Missa de Encerramento da Visita Pastoral à Vigararia de Sacavém decorre no dia 17 de novembro, Domingo, às 16h, no Pavilhão José Gouveia, em São João da Talha, e será presidida pelo Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.

 

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Os Padres dos Sagrados Corações

Os Padres dos Sagrados Corações estão presentes em três paróquias do Patriarcado de Lisboa: Charneca, Unhos e Catujal. A congregação tem seis sacerdotes (António Vega del Riego, João de Brito de Almeida Atanásio, José Alcindo Lopes Armas, Francisco Frederico Waalders, Henrique Wilhelmus Scheepens e Luís Manuel Alvarez Garcia), que são todos párocos in solidum das três paróquias. No entanto, segundo explicou ao Jornal VOZ DA VERDADE o padre Francisco, nos últimos anos os padres optaram por “dividir-se nas funções paroquiais”. “Os padres António, João, Alcindo e Henrique estão com a paróquia da Charneca, e o padre Luís e eu estamos mais em Unhos e Catujal, sendo que também nós nos dividimos: o padre Luís é a figura de referência no Catujal e eu estou mais presente em Unhos, porque estas paróquias precisam de pessoas de referência”, refere.

Presente em Portugal desde 1931, a Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria (www.sscc.pt) tem como carisma ‘Contemplar, viver e anunciar o Amor de Deus em Jesus e Maria’. “Tentamos fazer isso de maneira muito próxima, até na forma como o Papa Francisco tem mostrado. Caminhar junto com o povo, porque é o Senhor que faz as coisas através de nós, mas também através dos leigos, dos doentes e dos pobres ”, refere ao Jornal VOZ DA VERDADE o padre Luís Manuel, sendo completado pelo padre Francisco: “Mostrar que Deus é o Pai que nos ama!”.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão, com Nuno Rosário Fernandes
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