Missão |
Padre Batalha
Pescador de homens
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O Pe. Joaquim Batalha nasceu a 13 de Julho de 1938, no lugar de Achada, da freguesia e concelho de Mafra.

 


Quando terminou a escola destinado a ser oleiro ou agricultor, como um dos oito irmãos, Jesus disse ao seu irmão António que Ele queria fazer dele também um pescador de homens, convencendo o pai a deixá-lo ir para o Seminário, que se tornaria num lugar de formação importante. Passou pelo Seminário de Santarém, onde esteve três anos, pelo Seminário de Almada, onde esteve outros três, e pelo Seminário dos Olivais durante seis anos. Foi nestes três Seminários que estudou afincadamente Filosofia e Teologia.

Apesar do seu extenso caminho como seminarista, Joaquim considera que o maior percurso académico tem sido a vida ativa como padre na pastoral paroquial e na pastoral especial como assistente eclesiástico da Ação Católica, a propósito das quais fez muitas formações sobretudo bíblica, teológica, social e pastoral, participando em cursos, congressos, seminários, jornadas, até Semanas de Estudos de nível internacional. Do seu percurso académico, fazem ainda parte os livros que escreveu e a atividade jornalística, com o jornal regional “O Jovem”, em Mafra, e o jornal regional “Alvorada” na Lourinhã que dirigiu durante dezasseis anos.



O sonho da sua vida

Um marco importantíssimo na sua vida foi um dia terem aparecido três colegas, também padres, com um desafio que o Pe. Batalha acolheu com entusiasmo, porque era o grande sonho da sua vida. A proposta foi constituir uma Equipa Sacerdotal para ir trabalhar para uma região pastoral. Preparou-se durante algum tempo em equipa e foi apresentar ao Patriarca D. António Ribeiro uma proposta de ação pastoral. Ele gostou da ideia e disse-lhes: “Vou pensar e brevemente dar-vos-ei uma resposta”. Certo dia chamou o Pe. Batalha para dizer que estava de acordo, mas que os ia enviar para uma região diferente da que haviam proposto. “Enviou-nos então para o alto-concelho de Alenquer. Foram anos maravilhosos de vida comunitária e de ação pastoral. Eu entendo que a vida dos padres só faz sentido com espírito comunitário de vida fraterna, porque a Igreja é comunhão. A nossa missão pastoral é criar e animar comunidades, porque o modelo da Igreja é a família trinitária”.

 


Três dinâmicas

Nestes 49 anos de padre tem-se sentido, revela-nos, plenamente realizado e feliz. Há três dinâmicas que têm polarizado a vida do Pe Batalha: a pastoral paroquial, a Ação Católica Rural com a Fundação João XXIII/Casa do Oeste e a cooperação missionária na solidariedade com a Guiné-Bissau. Na pastoral paroquial esteve primeiro em Vila Chã de Ourique e Almoster, antes da criação da Diocese de Santarém, depois esteve em seis paróquias do Alto concelho de Alenquer Merceana, Aldeia Gavinha, Ventosa, Olhalvo, Meca e Pereiro de Palhacana; por fim há 24 anos esteve em 9 das 10 paróquias do concelho da Lourinhã, onde se encontra, agora, só com a paróquia de Ribamar e a Fundação João XXIII/Casa do Oeste.

 

Solidariedade

Uma das três dinâmicas de vida tem sido de cooperação missionária na solidariedade com a Guiné-Bissau. Esta missão começou em 1990 com uma conversa de alguns militantes da Ação Católica Rural que tinham estado na guerra colonial e que pensavam em fazer umas férias diferentes, umas férias em que, pelo voluntariado e pela solidariedade, pudessem conhecer outros povos, as suas tradições, tomar contacto com as suas dificuldades e, na medida do possível, contribuir, com o seu trabalho, para a sua superação.

Foram os Padres Franciscanos portugueses que ajudaram a concretizar este sonho das “Férias Solidárias” na Guiné-Bissau. O primeiro trabalho que o 1º Grupo do qual o Pe Batalha fez parte realizou em terras africanas foi reparar as varandas, as cozinhas e as instalações sanitárias das doze casas pertencentes à Conferência de S. Vicente de Paulo, da paróquia de Nossa Senhora da Candelária, de Bissau. A sua colaboração nesse trabalho de reparação e de manutenção das casas do Bairro de S. Vicente ocorreu nas deslocações que se efetuaram nos anos de 1990, 1991 e 1992. Em 1991 o Pe. Casal Martins, na altura pároco de Bandim, apresentou, ao Grupo desse ano, o projeto da Cooperativa Escolar de São José de Mindará, informando de que se tratava de uma iniciativa de gente local, muito válida, que merecia e precisava de apoio. É assim que, em agosto de 1992, um grupo de jovens da região do Oeste do Patriarcado de Lisboa, dos concelhos de Sintra, Mafra, Torres Vedras e Caldas da Rainha, se deslocaram à Guiné-Bissau. Colaboraram na construção do primeiro edifício da Cooperativa Escolar de S. José, já na altura dirigida pelo professor Raul Daniel. Os apoios prestados a esta cooperativa escolar, desde 1992 até à presente data, têm sido muitos e das mais variadas formas: em dinheiro, materiais escolares, equipamentos, materiais de construção, viaturas, e também em formação de professores. Entretanto, ao abrigo da Fundação João XXIII/Casa do Oeste, criou-se uma Comissão Coordenadora da Solidariedade com a Guiné-Bissau.

Sobre as missões de voluntariado na Guiné-Bissau temos toda uma vivência inaudita. Temos tido muitos episódios emocionantes, com tantas lições de vida que é impossível descrever, mas que nos marcam para toda a vida. Somos mais de trezentos os voluntários que constituímos uma família que quando nos encontramos sentimos muita alegria. Anualmente, no princípio do verão, fazemos uma sardinhada de convívio para nos encontrarmos e podermos matar saudades, culminando com a Eucaristia na Catedral da Natureza, em Santo Isidoro (Mafra). Nesta atividade de voluntariado missionário pelo desenvolvimento da Guiné-Bissau acontecem coisas tão maravilhosas e misteriosas que muito me impressionam e que para mim são autênticos milagres do Espírito Santo.

Em primeiro lugar, a forma como nasceu e se tem desenvolvido, só pode ser obra do Espírito: três ou quatro pessoas pensaram fazer férias diferentes que fossem úteis a alguém. Desse primeiro testemunho sempre se multiplicaram os voluntários que, em Grupos de “Férias Solidárias” durante mais de 20 anos até agora, um ou dois grupos por ano, têm participado nesta ação missionária pelo desenvolvimento. Evidentemente que alguns já lá foram várias vezes, como eu. Mas nunca convidámos ninguém. O Espírito sempre suscitou outros pelos testemunhos partilhados. É fantástico! “, afirma o Pe. Batalha.

Foram lições de vida que aprendeu: a distinguir o essencial do supérfluo e que os saberes e o dinheiro que temos, não podem ser desbaratados de qualquer maneira, na aquisição de bens, produtos ou serviços que não sejam essenciais à vida, quando multidões de pessoas vivem na miséria e morrem de fome. “Temos consciência de que somos uns privilegiados, ao termos tido a oportunidade única, de contatarmos e vivenciarmos as dificuldades diárias dos pobres, pelo que, as crises do mundo dito desenvolvido deixaram de nos provocar quaisquer medos. Também sabemos que os nossos gestos de solidariedade não salvam o mundo…., mas ajudar um povo a crescer, salvar uma criança que entrou em coma, por falta de um simples anti-palúdico, ou limpar as cataratas dos olhos duma pessoa, são gestos, são momentos únicos de felicidade na vida duma pessoa, que não têm preço, porque eles são valores de outra grandeza!...”

texto por Vanessa Furtado, FEC – Fundação Fé e Cooperação
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