Domingo |
À procura da Palavra
A graça e a glória

DOMINGO XXVIII COMUM  Ano C

"Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus

senão este estrangeiro?”

Lc 17, 18

 

Para se falar dos “de fora” é preciso que “os de dentro” tenham bem fechadas as portas! Mais uma vez Jesus apresenta como exemplo de fé e de gratidão um “estrangeiro”, alguém que não pertence ao grupo dos justos, pois os samaritanos eram considerados, por razões históricas, herejes pelos judeus. É a surpresa que “vem de fora”, como tantos homens e mulheres que, sem nenhuma referência religiosa ou cristã nos dão testemunhos maravilhosos de vida, bondade e beleza. Escritores e músicos, cineastas com as suas obras comovedoras e humanas, organizações e serviços não-governamentais que trabalham em inúmeras causas nobres, pessoas carinhosas e dedicadas que fazem o bem sem nenhum “carimbo” religioso ou de fé. E às vezes é grande o contraste com estruturas de igrejas, frias e formalistas, hierarquias sempre à defesa, linguagem e normas distantes da vida real. Há um grande perigo de julgar que se ama a Deus porque, no fundo, não se ama a vida nem a beleza que nos rodeia, nem ninguém!

É precisamente de quem menos se espera e, tantas vezes, de onde menos se espera, que as surpresas de generosidade e gratidão aparecem. Toda a tentativa de rotular pessoas e comportamentos, criar preconceitos e “dar ouvidos”, sem avaliar com a própria inteligência e coração é terreno de areias movediças onde facilmente se afundam as certezas mais arrogantes. É bom não esquecer que Deus gosta de agir onde bem Lhe apraz, e quase diria que “gosta” de espantar os presumidos que se julgam “donos da virtude e da verdade”. Ninguém tem o monopólio das “graças de Deus”, nem tribunal nenhum pode decretar limites à sua misericórdia. É aos “samaritanos agradecidos pela vida” Jesus continua a dizer: “A tua fé te salvou”!

É curioso como é diferente “ficar curado” e “ser salvo”. Todos os leprosos ficaram curados no caminho que Jesus lhes indicou. Mas só um descobriu a salvação: o encontro feliz com Jesus Cristo. Podemos parecer-nos tanto com os outros nove: a viver a fé como um “seguro contra todos os riscos”, na ânsia de obter de Deus os favores egoístas para a nossa vida, a cumprir preceitos e ritos entre o “medo de ir parar ao inferno” se os não fizermos e a contabilidade de méritos “para apresentar no juízo final”. Dar graças é o melhor modo de dar glória a Deus! Jesus apresenta o agradecimento e a humildade como as atitudes para caminhar com Ele. Para nos alegrarmos com a vida e vencer a lepra da indiferença ou da auto-suficiência. Para cantar como fazia a Joan Baez: “Gracias a la vida que me ha dado tanto!” Mas como daremos graças se sempre nos falta ainda mais alguma coisa?

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