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Encontro Vicarial de Pastoral Familiar
“A paróquia há-de ser uma família de famílias”
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O Patriarca de Lisboa considera que a família tem de ser envolvida em toda a pastoral da Igreja. Num Encontro Vicarial de Pastoral Familiar, integrado na Visita Pastoral a Sacavém, D. Manuel Clemente desafiou as vigararias do Patriarcado a criarem equipas vicariais de apoio familiar e a prestarem mais atenção aos avós. Aos párocos, convidou-os a irem ao encontro dos casais.

 

Para o Patriarca de Lisboa, a pastoral familiar é algo transversal a toda a realidade da Igreja. “Quando estamos a falar de pastoral familiar, não estamos a falar propriamente de uma especialidade. Estamos a falar de algo que é geral, que é conjunto, que é transversal a toda a realidade eclesial, a toda a Igreja”. Durante um Encontro Vicarial de Pastoral Familiar, integrado na Visita Pastoral à Vigararia de Sacavém, D. Manuel Clemente lembrou “a última Visita Pastoral do Papa João Paulo II a uma paróquia de Roma, onde disse que a Igreja há-de ser uma família de famílias. Ou seja, que a paróquia há-de ser uma família de famílias”. Porque, acrescentou, “a realidade familiar é básica!”.

Neste encontro, que decorreu na noite de sexta-feira, dia 18 de outubro, na igreja matriz de Santa Iria de Azóia, D. Manuel Clemente lamentou que “a relação familiar não esteja na base da vida, nem do entendimento das coisas”. “Nós vivemos numa sociedade que não sente bem assim, não pensa nem diz isto exatamente, porque é muito individualizada”. Por outro lado, salientou, “na compreensão cristã das coisas, a família é essencial para tudo o resto!”. “Mesmo a própria Igreja, depois no seu conjunto, é pensada em termos de família dos filhos de Deus. Naquela família que, porque estamos todos unidos a Jesus Cristo, nós constituímos como filhos do mesmo Deus e por isso irmãos uns dos outros”.

Durante o encontro, onde estiveram presentes as nove paróquias que compõem a Vigararia de Sacavém, o Patriarca de Lisboa garantiu ainda que “a linguagem familiar, a relação familiar, o aprender a viver familiarmente, é sempre essencial na vida da Igreja”. “Nas comunidades cristãs devemos não apenas transmitir esta doutrina, mas sobretudo esta vivência e esta convivência familiar”, apontou, desejando que nas paróquias se olhe para a dimensão familiar das pessoas: “Em cada uma destas comunidades cristãs, acontece ou não acontece que a dimensão familiar está sempre presente em qualquer coisa que se faça? Quando nós olhamos para os nossos paroquianos, olhamos para eles assim à ‘peça’ ou pensamos imediatamente, conforme a idade, conforme a situação, se é filho, se é mãe, se é pai, se é neto, se é avô? Ou seja, se olhamos a pessoa tendo em conta a vinculação familiar de cada um. Eu julgo que isto não é tanto assim…”.

O desafio à criação de comunidade foi tónica dominante na intervenção de D. Manuel Clemente. “Também nós, na nossa própria comunidade cristã, devemos sempre levar por diante esta realidade fundamental de que Deus nos criou em família. A verdade bíblica acerca da humanidade é uma verdade familiar. E como comunidade cristã, e por isso biblicamente inspirados, temos de nos compreender como famílias, de fomentar a realidade familiar e de reconstruir até a própria sociedade a partir das famílias”, acentuou.

 

Estrutura diocesana de apoio?

Durante o Encontro Vicarial de Pastoral Familiar, que contou com a presença de D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa que acompanha esta zona pastoral, foram feitas quatro perguntas ao Patriarca de Lisboa. Neste momento de diálogo, a primeira questão prendeu-se com a existência, ou possível criação, de uma estrutura, a nível diocesano, de apoio e aconselhamento a casais em dificuldade. D. Manuel Clemente refere que “essa estrutura não existe”, mas que o Sector da Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa, que marcou presença neste encontro, “pode estudar a possibilidade de criar esse departamento com casais experimentados, que estejam habituados a ajudar outros casais, e com o apoio de um psicólogo cristão”. Contudo, não deixou de sublinhar que “estes grupos têm de ter uma presença mais local”. “O Patriarcado é muito grande! Desde a paróquia mais a sul, que deverá ser alguma da Baixa, até à Nazaré, há muita gente! Acho que seria muito interessante que em cada vigararia se congregasse um grupo de voluntários para acolher e ajudar os casais”, desafiou.

 

Envolvimento familiar

Outra das questões colocadas ao Patriarca está relacionada com o papel que podem ter os casais cristãos, hoje em dia, na Igreja. Para o Patriarca de Lisboa, todas as atividades da Igreja devem ter em conta o envolvimento familiar. “Nós não podemos correr o risco, nas nossas paróquias, da pulverização da individualização. É importantíssimo, em cada comunidade cristã, conhecer a realidade familiar de cada agente de pastoral. Por exemplo, se tivermos uma catequista ou um catequista, sabermos se ela ou se ele são casados, se têm filhos. Se é alguém que colabora na liturgia ou na pastoral sociocaritativa, o envolvimento familiar também tem de estar sempre presente. Mesmo para nós, padres, quando pedimos colaboração, isto tem de estar presente!”, observa, reforçando: “Seja o que for na Igreja, tem que ter dimensão familiar!”.

D. Manuel Clemente sublinhou ainda o que considera ser prioridade para um pároco quando este chega a uma nova comunidade: “Um pároco deve ter a preocupação de saber, em relação a cada uma das caras que está a ver, qual a sua conexão familiar. Porque é aí que começa a pastoral familiar”. “E creio que isto ainda não está feito”, lamenta.

 

Ir ter com as pessoas

Neste encontro, os agentes de pastoral familiar da Vigararia de Sacavém mostraram-se também preocupados com a fidelização dos casais novos, e mesmo dos namorados, à Igreja. O Patriarca de Lisboa lembrou, a propósito, “um velho jovem sacerdote” da Diocese do Porto, “de 87 anos”, que “aposta muito na dimensão familiar”. “Monsenhor Jorge, pároco do Santíssimo Sacramento, ‘gasta’ boa parte do seu tempo com todos os casamentos e batizados que se celebraram na paróquia. Dia após dia, ele fala com toda aquela gente, por telefone ou através de email! Uma coisa tão simples como isso, mas o bem que faz!”, sublinha. Para D. Manuel Clemente, este contacto próximo e individualizado liga as pessoas à Igreja. “Não se larga a rede! Jesus comparou a Igreja a uma rede, uma rede onde cabe toda a gente! Mas é preciso manter a rede e fazer rede”, garante, reforçando a importância de “um acolhimento permanente e ativo”. “Não podemos estar só à espera, mas ir ter com as pessoas”, aponta.

 

Atenção aos mais velhos

A última questão colocada ao Patriarca de Lisboa durante o Encontro Vicarial de Pastoral Familiar relacionou-se com a importância dos avós. Questionado sobre o que a Igreja tem para oferecer tendo em conta que muitas vezes são os avós os primeiros transmissores da fé e o garante da unidade familiar, D. Manuel Clemente apontou que “da forma como está a população portuguesa, cada vez mais as comunidades serão formadas por pessoas de 60 anos em diante”. “Porque essa é a sociedade portuguesa em geral! Chegámos a um ponto em que já não há renovação de gerações no nosso país”, observou. Desta forma, “e tendo em conta a crise atual”, os avós “têm um papel reforçado” e a Igreja tem de encontrar novas formas de pastoral para os mais velhos. “Uma das coisas que era bonita de ver no Porto era a valorização dos casais que faziam 40, 50, 60 anos de matrimónio, em celebrações que juntavam mais de mil casais. Cada um daqueles casais eram um desmentido do que hoje se diz de que já não se pode ‘aguentar’ um casamento muito tempo. Outra coisa que se faz no Porto, e que em Lisboa também se pode fazer, é a festa dos avós, a partir dos avós de Jesus. Era muito interessante verificar como se juntavam, vigararia por vigararia, centenas e milhares de avós”. Para o Patriarca de Lisboa, “tudo isto são indícios de que a pouco e pouco, mesmo em termos de Igreja, se tem dado uma outra atenção às pessoas de mais idade”.

 

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Criar uma equipa de pastoral familiar em cada paróquia

O Sector da Pastoral da Família do Patriarcado de Lisboa deseja colaborar na criação de uma equipa de pastoral familiar em cada paróquia da diocese. O desejo foi manifestado pelo novo diretor deste departamento da Cúria diocesana, padre Rui Pedro Carvalho, durante o Encontro Vicarial de Pastoral Familiar, em Santa Iria de Azóia. “O nosso desejo é que seja criada, em cada paróquia do Patriarcado, uma equipa de pastoral familiar. Nós sentimos que as famílias estão muito desapoiadas e muitas vezes, na Igreja, não temos esta capacidade de oferecer um acompanhamento. Portanto, estas equipas teriam esse único objetivo: acompanhar as famílias”.

Neste encontro com a Vigararia de Sacavém, o padre Rui Pedro revelou ainda o objetivo de organizar, no final deste ano, “um grande encontro de formação para os agentes de pastoral familiar”. Será no dia 6 de dezembro, no Forte da Casa, às 21h30. “Seria bom que pelo menos um casal por paróquia estivesse neste encontro!”, desejou este sacerdote.

O Sector da Pastoral da Família orienta os seus serviços na evangelização da família nas diversas etapas da formação e crescimento da realidade familiar. “Compete-lhe elaborar e dinamizar programas de pastoral específica, orientados para a evangelização da família, em convergência com outros sectores, tais como o da Catequese e da Pastoral Juvenil, com as estruturas de pastoral territorial e com os movimentos familiares”, segundo referem as Bases Estatutárias da Cúria Diocesana, nº 29.

 

Contactos do Sector da Pastoral da Família

Site: www.familia.patriarcado-lisboa.pt

E-mail: familia@patriarcado-lisboa.pt

Facebook: www.facebook.com/familia.patriarcadolisboa

Telefone: 917907890

 

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Pastoral Familiar na Vigararia de Sacavém

“A nível da Pastoral Familiar na Vigararia de Sacavém não estamos perfeitamente organizados”. O diácono António Campos, da paróquia da Bobadela, é um dos responsáveis vicariais pela pastoral da família e assume a necessidade de serem criados novos ritmos vicariais nesta pastoral. Contudo, manifesta, “cada paróquia está a tentar organizar esta pastoral”, referiu no encontro com o Patriarca de Lisboa.

Neste Encontro Vicarial de Pastoral Familiar, cada uma das nove paróquias que compõem a Vigararia de Sacavém – Apelação, Bobadela, Camarate, Catujal, Prior Velho, Sacavém, Santa Iria de Azóia e São João da Talha e Unhos – fez depois a apresentação do trabalho pastoral que realiza nesta área. De referir que o CPM – Centros de Preparação para o Matrimónio na Vigararia de Sacavém está organizado a nível vicarial.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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