Ano da Fé |
Padre Cruz
O missionário de Portugal
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«Há muitos anos que eu me sinto atraído, talvez por especial vocação da misericórdia de Deus Nosso Senhor, para ajudar espiritualmente os presos da cadeia, os doentes dos hospitais, os pobrezinhos e abandonados, a tantos pecadores e almas desamparadas que Nosso Senhor me envia ou põe no meu caminho. Tenho também grande consolação em ajudar os Párocos nos exercícios de piedade e mais encargos do seu ministério» (De uma carta escrita em 1925 pelo P. Cruz ao Cardeal Patriarca de Lisboa D. António Mendes Belo).

 

Servo de Deus P. Francisco Rodrigues da Cruz

A citação do texto acima explica (no que os caminhos de Deus têm de explicável) como, em 1913, a criança Lúcia de Jesus dos Santos pôde ser autorizada a fazer a primeira comunhão com apenas seis anos: tinha sido preparada pelo Padre Cruz, que nessa ocasião ajudava no ministério das confissões, na igreja paroquial de Fátima (Memórias da Irmã Lúcia I). E traz também para o centro da análise o “ministério itinerante” desse sacerdote do Patriarcado, que no fim da vida ingressaria na Companhia de Jesus. Podemos sem exagero dizer que o P. Francisco Rodrigues da Cruz foi o missionário de Portugal na primeira metade do século XIX. Peregrinou sem descanso por todo o país, continental e atlântico, a pregar, a evangelizar, a abençoar, a rezar sem fadiga nem descanso. O múnus de que fora investido pela Igreja – absolver, aconselhar, pregar, celebrar, ensinar – exerceu-o preferencialmente junto dos humildes e dos mal-amados, nas prisões, nos hospitais, nos asilos de velhos, nos comboios, nas ruas, pelas cidades e pelos campos. Tinha como modelo, mesmo antes de entrar na Companhia de Jesus, S. Francisco Xavier, a quem atribuía todas as graças e conversões. Falando à União Apostólica do Clero declarou, um dia: "A nossa missão é esta: confessar enquanto houver pecadores ao pé do confessionário; pregar enquanto houver ouvintes no templo; e rezar até já não poder mais". Não pretendia o padre santo, como lhe chamavam, propor-se como exemplo, mas o seu exemplo autorizava-lhe as palavras porque cumpria integralmente o que dizia. Nascido (em Alcochete) em 1859 e ordenado padre em 1882 tinha vinte e oito anos de padre e cinquenta e um de idade quando foi implantada a República. Nunca abandonou o traje eclesiástico que o tornou reconhecido em toda a parte, foi preso e interrogado por Afonso Costa, Ministro da Justiça da República, que o libertou e o autorizou a ser o padre que já era em todas as circunstâncias e situações. Formado em Teologia por Coimbra, professor de Filosofia no Seminário de Santarém, Director dum colégio em Braga e director espiritual no Seminário de S. Vicente de Fora o P. Cruz foi um filho simples para Deus, um irmão simples para os outros, um sacerdote cristalino por onde passavam os gestos da misericórdia, do perdão e do amor de Deus revelados no Coração de Jesus Cristo, uma devoção que lhe era querida. Foi amigo dos Pastorinhos de Fátima e rezava com eles o terço. Em 1940 obteve licença para emitir os votos como religioso jesuíta, um selo de pertença à milícia de Cristo que ambicionava desde jovem. Morreu em 1946. O seu processo de beatificação, iniciado em 1951, foi entregue em Roma em 1965.

 

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Santos Mártires Veríssimo, Máxima e Júlia

Os três santos, presumivelmente irmãos, Veríssimo, Máxima e Júlia chegaram até nós atravessando uma sucessão de séculos. Foram martirizados na perseguição de Diocleciano, entre 300 e 304. Muito do que nos é contado sobre a sua história de martírio assume a forma de um modelo de testemunho cristão, sem preocupação histórica. Daí o termo legenda. Seriam irmãos, naturais de Lisboa; seriam, pelo contrário, romanos, enviados a evangelizar a Península Ibérica. Certo é que o modelo representado pela sua história é claro: três jovens cristãos anunciam abertamente o Evangelho no clima hostil de uma província do Império Romano, mesmo sabendo o que esse anúncio representava: a perda da própria vida. Dizem os hagiógrafos que eles anunciam a fé cristã, sem medo, diante do Prefeito da cidade. São intimados mas não se rendem; são torturados mas não se rendem; só a morte física os pôde calar. E o modelo hagiográfico faz dos seus despojos um sinal sagrado: lançados à água são conduzidos à praia, onde os cristãos lhes dão sepultura. A sua memória não é uma invenção piedosa. O historiador Padre Miguel de Oliveira refere que os calendários litúrgicos os registam desde o século VI. No século IX os seus nomes surgem no Martirológio de Usuardo e o Cruzado Osberno (séc. XII) refere a igreja que lhes foi dedicada em Lisboa. Conquistada Lisboa, mandou-lhes D. Afonso Henriques edificar uma igreja, em 1194, sobre as ruínas da primeira, no lugar marcado pelas suas relíquias, o lugar dos Santos. O lugar e a memória perduram na paróquia e respectiva igreja de Santos-o-Velho. A piedade do povo e dos seus pastores conservaram à entrada da igreja um memorial do primeiro culto aos três jovens mártires. Em sua honra foi também construída a igreja de Santos-o-Novo.

texto por Alberto Júlio
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