É o santuário que acolhe na tarde deste Domingo, 24 de novembro, a Peregrinação Diocesana de Encerramento do Ano da Fé. O Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, em Peniche, convida os cristãos a "uma atitude de humildade” e a “olhar o mundo com outra coragem”.
“Enquanto na maioria dos santuários se sobe, no Santuário de Nossa Senhora dos Remédios desce-se. Não se sobe ao santuário, desce-se ao santuário!”. O padre Pedro Silva é o pároco de Peniche e garante ao Jornal VOZ DA VERDADE que o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios é “uma realidade pastoral muito querida” nesta paróquia do Oeste. “O santuário tem uma localização privilegiada! É o santuário mais ocidental do continente europeu e tem características que são únicas. Desde logo pela sua localização geográfica, porque o santuário fica junto à costa, junto à arriba, e a natureza, esteja ela como estiver, é sempre de uma beleza extrema! Tem como pano de fundo as Berlengas e os Farilhões; tem também sempre a passar a navegação piscatória e de recreio; sempre foi, na vida dos pescadores, uma referência de caminho e muitas vezes, até, uma referência de locais de pesca”, observa este sacerdote.
No seio de Maria
É este santuário mariano, situado junto à costa no extremo ocidental da península de Peniche, que vai receber na tarde deste Domingo, dia 24 de novembro, a Peregrinação Diocesana de Encerramento do Ano da Fé, presidida pelo Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, e que contará também com a presença dos Bispos Auxiliares, D. Joaquim Mendes e D. Nuno Brás. Desconhece-se a data de construção deste templo, supondo-se que terá sido edificado em data anterior ao século XVII. Segundo a lenda, a imagem de Nossa Senhora terá sido encontrada no século XII, escondida numa pequena caverna, situada no local onde hoje se ergue a ermida, tendo-se iniciado, a partir dessa data, o culto da chamada Senhora dos Remédios.
Como santuário mariano, o padre Pedro Silva considera que este templo “tem uma analogia com um momento da fé cristã”, que o torna num santuário muito próprio. “Sendo um santuário a Nossa Senhora, como que se desce no sentido de entrar no seu seio, no seu útero, e isso facilita-nos muito, também, esta atitude interior de humildade, de quem desce para ir ao encontro das suas raízes, para ir ao encontro de si mesmo, para ir ao encontro d’Aquele que nos possa gerar para a fé. E aí encontramos, de forma acolhedora, simples, e tão singela, a imagem, ‘pequenina’, de Nossa Senhora dos Remédios”, explica.
Um santuário próximo
A capela do santuário, que tem painéis de azulejos setecentistas, evocando episódios da vida de Nossa Senhora, está aberta todos os dias. “O santuário está aberto desde as 10h da manhã até às 17h da tarde no Inverno, e até por volta das 19h no Verão. As pessoas entram, recolhem-se em oração, pegam na vela, fazem a sua oferta e a sua oração e partem para as suas vidas. É um santuário sempre em constante movimento, não de massas, mas de pessoas, de peregrinos, que vêm de Peniche e das terras à volta. Não é um santuário nacional, de conhecimento nacional, mas é um santuário mais regional. Talvez não tenha a dimensão de um Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal, mas é igualmente um santuário mais modesto e quase diria mais maternal, mais próximo”, frisa o padre Pedro.
Localizado junto à costa, a caminho do Farol do Cabo Carvoeiro, o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios ofereceu, durante este Ano da Fé, a possibilidade de um dia de retiro, além de outras celebrações. “O santuário tem todos os Domingos e dias santos, às 8h da manhã, a celebração da Eucaristia. Também todos os Domingos, às 16h, reza-se o Terço do Rosário. Na primeira sexta-feira do mês, é feita a Exposição do Santíssimo, às 20h, e é celebrada a Eucaristia, às 21h. Neste Ano da Fé, no terceiro Domingo do mês, o santuário ofereceu, com acompanhamento de um sacerdote, um dia de retiro. Era um momento muito simples, que possibilitava o encontro com Cristo”.
Ser luz
A devoção a Nossa Senhora dos Remédios concretiza-se com a vinda dos Círios das terras vizinhas, no terceiro Domingo de outubro. “As várias terras vêm em peregrinação, trazendo as suas orações, a sua devoção, trazendo o Círio que levam daqui de um ano para o outro, e entregando ao santuário esse Círio para continuar a ser queimado. Porque à volta de cada Círio, as terras também se reuniram! À volta da luz do Círio, fizeram a sua oração! À volta da luz da vela, que é Cristo, reúnem-se aqueles que o Senhor também quer que sejam luz para o mundo! Cada uma das terras, quando vem em Círio, vem como um facho de luz das suas próprias terras, para aqui serem reacendidos e, como Povo, irem para as suas terras com esta mesma luz, esta mesma fé e esta mesma presença de Maria”, conta o pároco de Peniche. A importância deste culto, traduzido nestas peregrinações anuais chamadas Círios, terá motivado, no século XVII, a criação deste santuário, composto pela referida capela e por uma praça fronteira rodeada de casas, onde se encontravam, na época, a residência do ermitão e dos mordomos, as hospedarias e as cavalariças.
Capelinha do Senhor dos Remédios
Além dos Círios, o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios é também muito procurado pela devoção ao Senhor Jesus dos Remédios, situado na capela primitiva do santuário que foi esculpida nos próprios rochedos. “Na capelinha do Senhor Morto venera-se uma imagem de Cristo depositado no Santo Sepulcro, apelidada de Senhor dos Remédios. Mais uma vez, o descer é quase como um descer ao encontro do Senhor Morto, no sentido de também Ele, vitorioso da morte, nos ressuscitar com Ele!”, explica o padre Pedro, garantindo: “Muitas das pessoas que vêm ao encontro do Senhor dos Remédios, acredito que seja muito para que o Senhor os possibilite também ressuscitar com Ele. Quando se verifica este encontro, este encontro com o sagrado, este sentido da peregrinação de quem vai ao encontro de Alguém que os preencha, que os renove, quando subimos e voltamos à tona, voltamos à vida, vimos diferentes, vimos renovados, vimos cheios desta vida que só a relação com Maria e com o Senhor Ressuscitado nos pode, de facto, dar! Depois, também, olhamos o mundo com outra coragem, com outra fé, com outra luz”.
Crescer como Igreja diocesana
O encerramento diocesano do Ano da Fé decorre no Santuário de Nossa Senhora dos Remédios. O padre Pedro Silva considera que esta é uma oportunidade para toda a diocese peregrinar. “O encerramento diocesano do Ano da Fé ser aqui no santuário, em Peniche, foi indicação e escolha do agora Patriarca Emérito, senhor D. José Policarpo; para nós, felizmente confirmada pelo senhor Patriarca, D. Manuel Clemente, o que muito nos honra e muito nos alegra. Julgo que o que terá presidido à escolha foi uma coisa muito simples: a diocese poder fazer uma peregrinação! A partir de três pontos diferentes da cidade de Peniche, faremos uma pequena caminhada até ao santuário, cada uma com um dos Bispos da nossa diocese. O povo está entusiasmado e sentimo-nos felizes por podermos acolher toda a diocese”, salienta o pároco de Peniche, deixando um desejo para este dia: “Que nesta peregrinação possamos crescer como pessoas renovadas e purificadas, e também como Igreja diocesana, conduzida pelo nosso Bispo”.
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Peregrinação diocesana este Domingo
O Santuário da Senhora dos Remédios, em Peniche, acolhe este Domingo, 24 de novembro, Solenidade de Cristo-Rei, a Peregrinação Diocesana por ocasião do Encerramento do Ano da Fé.
A peregrinação tem início às 14h, em três locais diferentes de Peniche, de acordo com as regiões pastorais: Oeste, Igreja da Ajuda; Lisboa Cidade e Termo Ocidental, Largo da Misericórdia; Termo Oriental, Campo da República, vulgo Campo da Torre (fortaleza). Em cada um destes locais, durante o tempo de acolhimento, haverá animação musical e uma catequese. As catequeses vão ser proferidas pelo Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, e pelos dois Bispos Auxiliares, D. Joaquim Mendes e D. Nuno Brás. No final, tem início uma caminhada em direção ao Santuário da Senhora dos Remédios onde, pelas 16h, será celebrada a Eucaristia.
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