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Paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes do Parque das Nações, em Lisboa
Fazer Igreja para depois construir a igreja
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Quinze anos após a Expo’98 e no ano em que cumpre o décimo aniversário, a paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes do Parque das Nações, em Lisboa, iniciou a construção da sua igreja, que vai ser dedicada pelo Patriarca de Lisboa no próximo dia 30 de março, Domingo IV da Quaresma.

 

Está situada num terreno na zona norte do Parque das Nações, bem junto à ponte Vasco da Gama. A nova igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, da paróquia do Parque das Nações, em Lisboa, está em plena construção desde o início deste ano 2013 e é a concretização de um desejo antigo da comunidade e também do Patriarcado de Lisboa. Quando, em junho de 2005, o padre Paulo Franco foi nomeado pároco do Parque das Nações, o então Cardeal-Patriarca D. José Policarpo referiu desde logo a este sacerdote que era “importante e necessária a construção de uma igreja na Expo”, porque “a paróquia não tinha sede, nem instalações”. Na visão do padre Paulo, o projeto da igreja de Nossa Senhora dos Navegantes só era possível com uma comunidade cristã consolidada. “Quando fui nomeado para esta paróquia começámos desde logo com o projeto, mas na altura não avançámos para a construção da igreja com a velocidade com que estamos hoje porque não fazia sentido passar do espaço onde estávamos, que era uma loja de 120 metros quadrados, para o que agora vamos inaugurar. Era necessário uma estrutura intermédia, que permitisse a construção e o crescimento da comunidade humana e da comunidade cristã enquanto tal”, recorda, ao Jornal VOZ DA VERDADE, o padre Paulo Franco.

Os anos passaram, a comunidade foi sendo construída e reunia-se num antigo stand de vendas em estrutura pré-fabricada, que a paróquia adquiriu. Estavam então lançadas as bases para o início das obras da nova igreja da Expo, que começou a ser construída em janeiro de 2013 e tem, segundo o pároco, um prazo de construção de 15 meses. “A dedicação da igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, bem como a inauguração dos dois edifícios adjacentes, vai decorrer no próximo dia 30 de março de 2014, numa celebração presidida pelo Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente”, anuncia, orgulhoso, o pároco do Parque das Nações.

 

Ligação à Igreja mãe

Oito anos antes da data prevista para a dedicação da igreja, em março de 2006, a paróquia do Parque das Nações apresentava publicamente o projeto da futura igreja da Expo. O padre Paulo Franco tinha chegado à paróquia em setembro de 2005 e nos três primeiros meses, até ao Natal, reuniu por diversas vezes com a comissão da construção da igreja. “Começámos um processo de preparação de candidatura de projeto de arquitetura, com programa funcional, com programa iconográfico, com programa ideológico, com os critérios para a construção de uma igreja e lançámos, em dezembro de 2005, o concurso a onze gabinetes de arquitetura. Todos apresentaram proposta e, em março de 2006, foi anunciado o projeto vencedor”, conta.

A ‘Primeira Pedra’ da futura igreja de Nossa Senhora dos Navegantes do Parque da Nações é oriunda da Sé Patriarcal de Lisboa e foi benzida no dia 29 de junho de 2009, pelo então Cardeal-Patriarca, D. José Policarpo. “Quando comecei, com a comissão, a pensar na ‘Primeira Pedra’ da nova igreja, pensámos que não éramos uma Igreja isolada e na Igreja universal a realidade são as Igrejas particulares, ou seja, as dioceses, e a paróquia é uma porção de uma Igreja local, que é a Igreja de Lisboa. Nesse sentido, pretendíamos trazer uma pedra da nossa Igreja mãe, a Catedral. É uma pedra resultante do terramoto de 1755, escultoricamente bastante interessante porque tem uma pequena árvore, fazendo lembrar a árvore da vida”, frisa o padre Paulo Franco, sublinhando que “após a dedicação da igreja, esta pedra ficará visível no templo, em destaque, com uma referência gravada acerca da proveniência e do dia da bênção, data em que São Paulo foi declarado padroeiro secundário da paróquia”.

O projeto da igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, no Parque das Nações, centra-se na construção do templo/lugar de culto e num complexo paroquial de dois edifícios. A igreja propriamente dita vai ter capacidade para cerca de 1000 pessoas, das quais 630 sentadas, três confessionários, sacristia e outros espaços de apoio. “A igreja terá uma arquitetura sóbria, mas singular, destacando-se a sua luminosidade”, refere o site da paróquia. Terá ainda, no piso inferior, duas capelas mortuárias, com capacidade individual para 20 pessoas sentadas e 30 pessoas em pé. Para as celebrações mais pequenas, existirá a Capela do Santíssimo Sacramento, com cerca de 40 lugares sentados. No edifício adjacente poente vai ficar instalado o cartório e serviços gerais, com três gabinetes, e o centro pastoral com um espaço multifuncional de 220 metros quadrados, cinco salas de reuniões com 30 a 60 lugares sentados, sete salas de catequese/formação com 20 a 35 lugares sentados, sede de escuteiros com cinco salas, armazém na cave e residência paroquial para sacerdotes. No edifício adjacente nascente está a ser construído uma sala polivalente com cerca de 300 metros quadrados, sendo que na cave dos edifícios existirão vários espaços de arrecadação e lugares de estacionamento abertos ao público. “É um projeto que satisfaz e que, neste momento, responde às necessidades! Se a paróquia crescer para o dobro, terá de ser feita uma gestão muito grande dos espaços, mas o projeto está preparado para que a paróquia cresça mais 30%, no mínimo, e aí continuará a satisfazer na perfeição”, garante o pároco do Parque das Nações.

 

Uma obra de e para a comunidade

Desde que foi lançado o projeto de uma igreja para a Expo, toda a paróquia se mobilizou, ao longo destes anos, para ajudar a custear as obras inerentes a uma nova igreja. “A construção de uma igreja não envolve apenas o custo das obras. Há as despesas inerentes aos estudos e licenças, aos projetos de arquitetura e engenharia – com uma regulamentação muito exigente aqui na zona do Parque das Nações –, ou a aquisição do terreno pela paróquia, que não nos foi cedido e teve de ser adquirido. Tudo isto foi pago com o esforço dos cristãos da paróquia!”, enaltece o padre Paulo, referindo que a paróquia teve “de recorrer ao banco para financiar a obra e que demorará no mínimo 15 anos a amortizar a totalidade da dívida”. “Vamos depender muito da generosidade, das ofertas e da colaboração de todas as pessoas”, observa.

Iniciativas como a Corrida do Oriente - Casino Lisboa, que já vai na sua 12ª edição, o Arraial, o Magusto ou uma quotização mensal têm sido apenas algumas formas que a comunidade tem organizado para angariar fundos. “A construção da igreja só tem sido possível pela abertura e pela entrega das pessoas e sobretudo pelo desejo muito grande de conhecer Jesus, fazer uma vida comunitária e celebrar a sua fé. Quando dizem, muitas vezes, que as faixas etárias mais jovens estão um pouco fechadas à dimensão do transcendental e espiritual, a minha experiência é exatamente o oposto. Quando a Igreja faz bem o seu trabalho de evangelização, de missão, de ir ao encontro do outro, o homem e a mulher contemporâneos acolhem e percebem a importância de Cristo para a sua vida, abrindo-se à aventura da fé! Isso é muito bonito e eu aqui experimento isso, todos os dias”, assegura este sacerdote.

Em carta recente aos moradores do Parque das Nações, o pároco lembrava que a nova igreja é uma obra para toda a comunidade. “Estamos a construir algo que é de e para toda a comunidade do Parque das Nações. Todos os que residimos no Parque das Nações temos o dever de contribuir para a concretização de uma obra que é da comunidade em que estamos inseridos. Este é um convite, mas simultaneamente um desafio. O desafio é acima de tudo comprometermo-nos, individualmente ou em grupo, mas sempre em espírito comunitário, com uma obra que é de todos nós”, refere a carta assinada pelo padre Paulo, que foi colocada nas cerca de seis mil moradas postais da zona da Expo.

 

Uma paróquia duplamente jovem

A paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes do Parque das Nações, em Lisboa, foi criada em 2003, por decreto de D. José Policarpo, então Cardeal-Patriarca. É uma paróquia ainda ‘criança’, que cumpriu no passado dia 25 de julho o décimo aniversário. “O espaço geográfico da paróquia é a zona de intervenção da Expo’98, o chamado ‘Bairro da Expo’, não coincidindo propriamente com a recém-criada Junta de Freguesia do Parque das Nações”, salienta o pároco. Por ser uma zona relativamente nova da cidade de Lisboa, a população que constitui a paróquia é também ela muito recente. “Além de ser uma população recente, que chegou cá há pouco tempo, a população do Parque das Nações é muito jovem! A média de idades dos residentes, segundo as últimas indicações que tive, é de 43 anos! O que significa que é mesmo uma população muito jovem! Naturalmente, esta média de idades é influenciada pela idade das muitas crianças, adolescentes e jovens que aqui residem com as suas famílias”, observa o padre Paulo.

O senso comum é que esta é uma zona rica da cidade, mas o padre Paulo considera que esta visão está desfasada da realidade. “A população do Parque das Nações é maioritariamente de classe média e também média-alta, mas sobretudo classe média. A opinião pública, quando olha para o Parque das Nações, vê-a como uma zona rica, no sentido material do termo, mas é um olhar desfasado da realidade. Efetivamente, existe uma percentagem de pessoas e famílias que podem ter condições económicas acima da média, mas maioritariamente não é. A maioria são pessoas da classe média, com todas as características e todas as dificuldades próprias que a classe média hoje está a passar. É gente que investiu aqui na sua casa, que a está a pagar ao banco, e cujas remunerações dá para pagar a prestação, os colégios dos filhos e as despesas do mês, e se calhar não sobra nada, ou sobra muito pouco… Esta é a tipologia das pessoas da Expo e a comunidade cristã que frequenta a paróquia é essencialmente este tipo de pessoas”, refere.

 

Fazer comunidade partindo do zero

Sendo constituída maioritariamente por gente que não se conhecia, a paróquia da Expo tinha (“e tem”, nas palavras do pároco) como principal desafio criar uma identidade. “A comunidade nasceu do zero. Não havia nenhuma realidade iniciática que integrasse aqueles que chegavam. A comunidade começa do zero, com pessoas que não se conheciam, que provavelmente nem tinham uma identificação cultural idêntica, que vinham de ambientes e culturas muitos díspares, por isso tivemos de criar tudo de novo!”, recorda o padre Paulo Franco, sublinhando o papel que a Igreja teve na identificação das pessoas com a comunidade. “Hoje em dia já se sente uma comunidade, em que há uma ligação, em que há uma comunhão entre as pessoas, em que também do ponto de vista humano e social as pessoas começam uma relação que as ajuda na sua vida local e no bairro, porque as pessoas que aqui vivem funcionam muito com o esquema de bairro. E a própria comunidade paroquial ajudou a esse desenvolvimento, a essa integração e a esse crescimento da identidade das pessoas que aqui residem”, salienta o pároco do Parque das Nações.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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