Domingo |
À procura da Palavra
“Desembrulhar o Natal”
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DOMINGO IV DO ADVENTO Ano A

"…será chamado ‘Emanuel’,

que quer dizer ‘Deus connosco’”.

Mt 1, 23

 

O título ficou-me na memória e a reportagem de Domingo passado da revista do Diário de Notícias também. Por entre os embrulhos natalícios e o que se compra ou se gostaria de comprar, Diana Cruz, psicóloga clínica, e Susana Albuquerque, especialista em educação financeira, foram respondendo a questões simples e práticas sobre os “natais embrulhados” que se vivem. Os desejos e as necessidades, especialmente das crianças, mas no fundo de todos nós, não podem ser exageradamente satisfeitos nesta onda consumista em que o Natal se pode transformar. “Se uma criança aprende que pode ter tudo, que a sua vontade não pode ser contrariada e que vale todos os sacrifícios dos pais ou de quem dela cuida, então temos uma criança que recebe mas não vive e não valoriza”, dizia Diana Cruz. Curiosamente são o diálogo e a verdade que se partilha entre pais e filhos as grandes armas para combater o fuzilamento publicitário a que todos estamos sujeitos.

“Desembrulhar o Natal” não terá só a ver com presentes, mas com a atenção renovada uns aos outros, a descobrir como são pequenas coisas que nos fazem felizes, que é bom estarmos juntos e que por mais bonitos que sejam os papéis que embrulham a vida, o seu interior é ainda mais belo. É uma experiência interior que o Natal de Jesus nos propõe. Pode já não ser surpresa este milagre do Filho de Deus nascer menino, de se terem “esbatido” as fronteiras entre o céu e a terra e até ultrapassadas as fronteiras entre raças e línguas. Podemos montar os presépios como uma tradição sem alma, que se repete porque está no calendário. Mas o convite a encontrar e acolher o “Deus connosco” dentro de nós é permanente. Encontrar Jesus no meio dos nossos medos e feridas, dos sonhos adormecidos e desta sede de ser amado não é fácil. Parece inconcebível que Deus venha à nossa vida embrulhada simplesmente porque nos quer bem, sem dedo apontado aos erros que teimamos em não esquecer (e se Ele é Deus esquecerá muito menos, não é?). Continua a ser difícil acreditar que se “Ele está no meio de nós” (não como um fantasma ou o “homem invisível”) é porque nos quer oferecer a alegria de estarmos com Ele. Pena é que quando dizemos que alguém “está com Deus” normalmente estamos a falar de um falecido!

Mais do que passarmos pelo Natal, deixemos que ele fique em nós. Que o encontro com Jesus possa ir mais fundo, a levar luz ao que permanece escuro em nós e no mundo. Que ninguém fique às escuras mesmo com as ruas iluminadas, e todas as realidades humanas saboreiem um pouco deste divino que nos é oferecido. Que importa não ter tudo quando temos o mais importante? Que importa ainda não estar tudo bem quando Deus arrisca pisar esta terra e fazer caminho connosco? Que importam as oportunidades perdidas quando a melhor oportunidade para amar é esta, que Deus nos dá, agora mesmo? Desembrulhemo-nos, e façamos Natal!

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