Lisboa |
Jornadas Vicariais de Alenquer sobre a Família
“Famílias cristãs mostram que é possível viver o amor e construir o mundo”
<<
1/
>>
Imagem

D. Nuno Brás considera que a presença de casais cristãos no mundo mostra que “Deus está connosco”. Nas Jornadas Vicariais de Alenquer, que decorreram no Carregado e que este ano refletiram sobre a Família, o Bispo Auxiliar de Lisboa sublinhou a importância do espírito de família.

 

A Igreja “tem consciência” de que “a família passa hoje por momentos particularmente difíceis”, referiu D. Nuno Brás durante as Jornadas Vicariais de Alenquer, precisamente sobre a temática da Família. “Desde as leis que deixaram de a proteger, à opinião pública que deixou de a ter em conta. Desde os casos dramáticos de casais que todos conhecemos – alguns deles participaram nas atividades das nossas comunidades cristãs! – e que nem sequer tentaram viver a vida familiar com o Senhor, no sacramento do Matrimónio, e se juntaram como se a vida de família fosse apenas um assunto que apenas a eles diz respeito; aos outros que, pouco tempo depois de casados se separaram, sem tentar o perdão e sem ter em conta a promessa de fidelidade eterna que realizaram diante do Senhor e com Ele, e esquecem tudo: do momento do matrimónio aos filhos que dele nasceram”, enumerou o Bispo Auxiliar, nesta celebração no pavilhão gimnodesportivo do Carregado, na manhã do passado Domingo, dia 12 de janeiro.

Reforçando que “a família passa hoje por uma das suas maiores crises”, D. Nuno Brás salienta que “hoje é a própria existência da família que é posta em causa”. “Que será do ser humano daqui por uns anos, quando descobrir que terá certamente irmãos, primos, tios, sobrinhos… mas que apenas os conhece vagamente, ou que nem sequer conhece, porque com nenhum deles partilhou a sua vida, e, por isso, a nenhum deles pode recorrer num pedido último de ajuda, numa procura de segurança, na tentativa de regresso àquela realidade primeira, onde tudo começa, e onde sempre voltamos para recomeçar?”, questionou. No entanto, assegurou este Bispo Auxiliar do Patriarcado, Cristo não desistiu da humanidade. “Hoje o Senhor quer dizer-nos que não desistiu nem da Igreja nem do mundo: que não desistiu de nós nem de todos os outros que se encontram lá por fora. Ele quer continuar a estar presente. Ele quer continuar a salvar. Ele quer continuar a fazer seus os nossos pecados. Ele quer continuar a dar-nos a vida em abundância”.

 

Um amor vivido no Senhor

A celebração da Eucaristia no Carregado ficou também marcada pela bênção de diversos casais da Vigararia de Alenquer que completaram 25 e 50 anos de casamento. D. Nuno Brás, na sua homilia, não esqueceu estes casais, lembrando a importância de Cristo no matrimónio. “Dum modo muito particular, Ele fala-nos hoje através destes casais que, diante de nós, celebram o seu amor vivido no Senhor, ao longo de anos. A paixão primeira terá desaparecido; os sonhos dos contos de fadas, se é que alguma vez existiram, desvaneceram-se. As dificuldades, mais ou menos graves, mas próprias de quem partilha a vida e a intimidade, terão estado presentes. O trabalho de quem ajuda os filhos e os netos, de quem olha para a frente e para o futuro, terá sido grande e cansativo. Mas, acima de tudo, esteve e está presente o Senhor. Esteve e está presente o amor que, entretanto, assumiu outras expressões. Esteve e está presente a vontade, de querer ultrapassar as dificuldades que possam surgir, em conjunto, e com o Senhor”, frisou.

 

A ajuda de Deus

Num pavilhão praticamente cheio de casais, muitos deles acompanhados dos seus filhos e netos, o Bispo Auxiliar de Lisboa sublinhou a presença de Deus e agradeceu o testemunho dos casais e das famílias cristãs. “Caros amigos, a vossa presença aqui, nesta celebração, diz-nos que é possível. Que é possível viver o amor e construir o mundo, com a ajuda de Deus. Diz-nos que hoje os céus ainda não se fecharam e Deus está connosco. O que aos olhos de muitos parece ser impossível, não o é. Apesar dos pecados, das dificuldades, dos maus feitios, existe algo que vence tudo: o amor firmado e animado por Deus. Hoje, de um modo muito particular, Deus fala-nos através de vós, caros casais; através de vós, caras famílias. Agradecemo-vos o vosso testemunho e a disponibilidade para, por meio da vossa vida, Deus se ir manifestando, assim, de um modo tão concreto e humano. Poderá não estar na moda, mas Deus nunca esteve na moda”, observou, convidando, por fim, os casais cristãos à escuta da Palavra de Deus: “O Senhor, que vos uniu, continue a abençoar-vos e a fazer da vossa vida uma palavra para nós e para o mundo inteiro: mais forte que as dificuldades, que as zangas, que as doenças, e tantas outras adversidades, é a Palavra de Deus e o Seu Amor, que nos é dado por meio de Jesus Cristo”.

 

‘Namoro’, ‘Matrimónio’ e ‘Educação dos Filhos’

A Vigararia de Alenquer, que compreende as paróquias dos concelhos de Alenquer, Arruda dos Vinhos e Sobral de Monte Agraço, promoveu, de 9 a 12 de janeiro, as Jornadas sobre a Família com o tema ‘Família ao serviço da caridade’. Ao longo de três noites, nos dias 9, 10 e 11, na Quinta de Vales Flores, no Carregado, foram refletidas as temáticas ‘Namoro’, ‘Matrimónio’ e ‘Educação dos Filhos’, com a participação de casais convidados. No Domingo, dia 12, na jornada festiva no pavilhão gimnodesportivo do Carregado, o casal Célia Santos e Nuno Carvalho, pertencente ao Setor da Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa, fez um resumo das três noites, salientando que a partilha dos vários casais se pode resumir como “uma viagem no amor de Deus”. Acompanhada do marido e dos dois filhos, Pedro e Maria, e grávida do terceiro, Célia lembrou depois palavras recentes do Papa Francisco sobre o amor cristão: “O Santo Padre disse que o amor dos cristãos deve ser concreto e evitar sentimentalismos como se tratasse de uma telenovela. Devemos ir ao essencial: nós em Deus e Deus em nós. Esta é a vida cristã com a qual nós cresceremos!”, manifestou este casal, que este ano cumpre o 16º aniversário de casamento e que pertence à paróquia de Olhalvo, da Vigararia de Alenquer. Sublinhando que “o mundo de hoje aponta mais no sentido da superficialidade, da idolatria”, Célia citou novamente o Papa, para enumerar dois critérios: “Deve-se amar mais com obras do que com palavras; e no amor é mais importante dar do que receber”.

 

Criar pontos de contacto nas paróquias

O pároco do Carregado e Cadafais, padre Rui Silva, é, desde o início deste ano pastoral, o responsável da Vigararia de Alenquer para a Pastoral Familiar. Fazendo, ao Jornal VOZ DA VERDADE, um balanço “claramente positivo” destas jornadas, este sacerdote destaca que encontros como estes “servem mais para estimular uma reflexão futura e apontar caminhos”. “No fundo, é o iniciar um itinerário a percorrer”, observa.

No início do ano pastoral 2013-14, quando assumiu as paróquias do Carregado e Cadafais, o padre Rui Silva passou também a ser o responsável da Vigararia de Alenquer para a Pastoral Familiar. Nestes poucos meses de missão à frente desta pastoral, este sacerdote destaca a importância de ter contactos em todas as 22 paróquias que compõem a vigararia. “A primeira etapa foi a de constituir uma equipa que pudesse promover esta dimensão. Socorri-me de um casal – Cristina e Carlos Vale – e de um diácono permanente, o diácono Manuel Baltar, todos pertencentes à paróquia do Carregado, e a nossa ideia é ter pontos de contacto em todas paróquias da vigararia, por forma a conseguirmos fazer circular a informação, com duplo sentido: auscultarmos a realidade das paróquias e podermos nós promover atividades junto das comunidades”. Assumindo que “neste momento o balanço é ainda muito embrionário”, o padre Rui Silva sublinha que após a realização destas jornadas “vai começar a ser pensado um projeto a médio e longo prazo”. Entre os desafios mais urgentes da Pastoral Familiar na Vigararia de Alenquer, este responsável salienta a temática do namoro e da preparação do matrimónio. “Geralmente quando as situações, a nível da família, acontecem, seja de dificuldade de casais que se separam, seja das questões dos filhos, há um trabalho prévio que devia ter sido feito e que não foi. Penso que é necessário trabalhar a montante, cada vez mais ajudando os jovens a fazer desabrochar a sua vocação. Se for para o matrimónio, a melhor forma de preparar esse matrimónio é através do tempo de namoro”, garante o padre Rui Silva.

  

__________________


Uma missão ‘escutista’ que marcou

Ordenado em 2001, o padre Rui Silva foi, durante 6 anos, assistente nacional do CNE – Corpo Nacional de Escutas. Uma missão iniciada em 2007 e que terminou em setembro passado. “Foi uma experiência muitíssimo rica, que a mim, pessoalmente, me abriu muito os horizontes enquanto padre. Eu sou escuteiro desde miúdo, desde lobito, com 6 anos, conheço muito bem o movimento, que abraço com muito gosto, mas pude experimentar uma outra forma no CNE. Não tão ‘recompensante’ a nível imediato, porque é um trabalho mais de fundo, uma vez que o escutismo é mais belo a nível das bases, quando se trabalha num agrupamento, quando se vê crianças e adolescentes a crescer. O trabalho que eu realizei foi um trabalho mais de preparação prévia para que isso possa acontecer; por vezes mais burocrático, com muitas reuniões, muitos emails, muito trabalho de reflexão, mas absolutamente essencial para que se possa manter a essência do escutismo católico português, nomeadamente o seu vínculo à Igreja”, salienta este sacerdote, que foi também assistente da Região Europa-Mediterrâneo da Conferência Internacional Católica do Escutismo. “Desafiou-me muito, foi muito exigente, houve momentos de alguma dificuldade, mas também vi a obra a acontecer. Tivemos oportunidade de iniciar um novo programa educativo a nível do CNE e agora, na fase final, a renovação do sistema de formação dos dirigentes. São obras muito grandes e que ficam, e que a mim me enriqueceram muito enquanto homem e enquanto padre”, refere o padre Rui Silva, sublinhando que o novo programa educativo dos escuteiros e o novo sistema de formação dos dirigentes “vão com certeza marcar o CNE nos próximos anos”.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
A OPINIÃO DE
Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]

Guilherme d'Oliveira Martins
Há anos, Umberto Eco perguntava: o que faria Tomás de Aquino se vivesse nos dias de hoje? Aperceber-se-ia...
ver [+]

Pedro Vaz Patto
Já lá vai o tempo em que por muitos cantos das nossas cidades e vilas se viam bandeiras azuis e amarelas...
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES