Domingo |
À procura da Palavra
Da periferia ao centro
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DOMINGO III COMUM Ano A

"Para aqueles que habitavam na sombria região da morte,

 uma luz se levantou”.

Mt 4, 16

 

Jesus começou pela periferia. Foi na Galileia, território distante da “santa” Jerusalém, terra de fronteira e de misturas várias, culturais e religiosas, objecto de menosprezo dos habitantes da Judeia, que começou a sua missão. Lugar de passagem de muitas caravanas pela “estrada do mar”, dominados no passado pelos Assírios, considerava-se que “viviam nas trevas e na morte” porque, como em todas as fronteiras, a vida é feita de compromissos e mútuas influências. É na periferia da terra prometida, nos distantes e esquecidos territórios de Zabulão e Neftali que a luz das palavras e dos gestos de Jesus vai começar a brilhar. Como algo bom e novo. Bom porque salva, enche de sentido a dolorosa vida, renova a esperança e compromete todos na mudança: “Convertei-vos” (assim se entende melhor o texto em grego: “metanoêite”, “mudai de vida”). E novo porque liberta, cura, recria e levanta das “mortes” que o ritualismo vazio e a religião legalista acabam por gerar. Foi pelos pobres, pelos improváveis, pelos que contavam pouco, que Jesus começou.

E começou pelo princípio. Pelo anúncio de que é possível mudar, que o peso do passado não é maior do que a esperança do futuro, e só fica agarrado ao mal quem não gosta de si, nem dos outros, nem de Deus. Por isso a mudança é em função do “reino”, essa palavra que abarca toda a Boa Nova (“euangellion”), que toma corpo na pessoa de Jesus e que apetece seguir para toda a parte. E aí começam as surpresas! Apetece lembrar mais um dito do Papa Francisco: “O nosso Deus não é um Deus de hábitos: é um Deus das surpresas! (21.01.2014)”. Porque Jesus não só aceita que O sigam, mas Ele próprio chama alguns para andarem com Ele. Como nos esquecemos tão facilmente dessa condição de caminhantes, de amigos a caminho, que vamos ao encontro de conhecidos e desconhecidos e nos alegramos porque uma boa notícia enche as nossas vidas?      

No fundo, a periferia é sempre o que está mais próximo. Nas relações humanas também caminhamos da periferia para o centro no conhecimento e na amizade. É a estratégia da raposa e do principezinho (Saint-Exupéry), de cada dia sentar-se mais perto, e começar a antecipar a felicidade do encontro. É um caminho de construção de laços e afectos, e se os discípulos foram convidados a andar com Jesus não foi para fazer turismo, mas para que no caminho por dentro de cada um, o conhecimento gerasse amor e compromisso. Nas relações, na evangelização, na construção da paz ou da unidade, se não aceitamos a humildade de caminhar da periferia para o centro, e tentamos impôr rapidamente o que julgamos certo e inquestionável, podemos fazer revoluções, mas o crescimento e a vida boa e nova de Deus não acontecem. Como podemos aprender com Jesus?

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