Especiais |
XIV Encontro de Formação de Agentes Sociopastorais das Migrações
“É fundamental pensarmos que atrás de cada número está uma pessoa”
<<
1/
>>
Imagem
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) considera que todas as pessoas “são insubstituíveis” e por isso salienta ser “fundamental” pensar que “atrás de cada número está uma pessoa”. No encerramento do XIV Encontro de Formação de Agentes Sociopastorais das Migrações, que decorreu em Aveiro, D. Manuel Clemente desafiou ainda a atitudes de “relação pessoal”.

 

Na conferência ‘Migrantes e Refugiados: Rumo a um Mundo Melhor’, que decorreu no passado Domingo, 19 de janeiro e Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado, D. Manuel Clemente comentou a mensagem do Papa Francisco para este dia, sublinhando que todas as pessoas são insubstituíveis. “É fundamental pensarmos que atrás de cada número está uma pessoa. Não há duas pessoas iguais. Não é verdade que as pessoas não são insubstituíveis. Todas são insubstituíveis”, afirmou o presidente da CEP, considerando que é sempre necessário olhar o migrante “na sua relação”, familiar ou social, porque não é possível desligar a pessoa “da realidade que a suporta”. “A melhor e mais importante achega civilizacional do cristianismo foi esta acentuação da dimensão relacional como essência”, considerou D. Manuel Clemente. Para o Bispo, que é também Patriarca de Lisboa, “construir um mundo melhor” implica investir na “relação entre as pessoas”, da mesma forma que “não há crescimento que seja desenvolvimento se não houver incremento da nossa relacionalidade”.

 

Fenómeno central

Na Sé de Aveiro, no encerramento do XIV Encontro de Formação de Agentes Sociopastorais das Migrações, o presidente da Conferência Episcopal desafiou ainda para a necessidade de passar de uma “cultura do descartável” a uma “cultura do acolhimento”, como sugere o Papa na mensagem para esta jornada. “Ninguém é dispensável nem descartável”, afirmou, referindo que resolver a crise europeia só em termos europeus é “descartar”, é permanecer numa atitude “egocêntrica”. Para D. Manuel Clemente, a resolução da crise na Europa exige que se olhem as duas margens do Mediterrâneo. “Saiamos todos de maneira global ou a prazo ninguém sai”, advertiu o Patriarca de Lisboa, que alerta para o facto de que as migrações em curso no Norte de África não se irão “suster durante muito tempo”. “O fenómeno migratório, quer interno quer externo, torna-se quase constante para grande parte da população mundial e implica a mobilização de massas como nunca em termos quantitativos e qualitativos”, afirmou, considerando que, para a Igreja Católica, as migrações não são um fenómeno “periférico mas central”.

 

“Migrações são missão para a Igreja”

Na conferência de abertura do XIV Encontro de Formação de Agentes Sociopastorais das Migrações, o Bispo de Aveiro considerou que as migrações são um “fenómeno estrutural e estruturante da sociedade” e que os migrantes não são “objeto de assistência”, mas sujeitos “de pleno direito na vida da Igreja”. Na sexta-feira, dia 17, em Albergaria-a-Velha, D. António Francisco dos Santos sublinhou que “as migrações não são um fenómeno marginal à sociedade a requerer soluções de emergência”.

Numa comunicação com o tema ‘Retomar a importância das Migrações para a Pastoral da Igreja’, o Bispo de Aveiro observou que a existência de “muitos documentos do magistério” e de “estudos sociopastorais” não esconde a falta de uma “teologia pastoral sobre o modo de acompanhar os emigrantes”. “Temos muitos documentos, muitos estudos feitos, muitos livros escritos, mas não temos trabalho de teologia e de práxis pastoral sobre o modo de acompanhar e de sermos Igreja com os migrantes”, afirmou, considerando que “as migrações são missão para a Igreja”.

No início dos trabalhos, D. António Francisco dos Santos desafiou à adequação das “estruturas pastorais” aos “contínuos fluxos migratórios”, à atenção à “emigração sazonal” e ao diálogo inter-religioso, espontâneo nas comunidades migrantes.

  

________________


Paróquias desafiadas a criarem “equipas de acolhimento e informação”

Os agentes sociopastorais das Migrações afirmam ser necessário criar “equipas de acolhimento e de informação” nas paróquias que esclareçam os portugueses que desejem partir para a emigração. “Gerar sinergias entre paróquias, missões católicas, associações, rede consular, sindicatos, municípios e órgãos de comunicação social que permitam denunciar casos de exploração laboral, tráfico de pessoas e precariedade social ou familiar” é um dos objetivos dos participantes no XIV Encontro de Formação de Agentes Sociopastorais das Migrações.

Segundo as conclusões, os participantes neste encontro consideram que o fenómeno migratório esteve "quase ausente das agendas política e eclesial nas duas últimas décadas” e hoje é focado apenas o seu aspeto “economicista e de elite”. De acordo com o documento, é necessário “analisar novas tendências, perfis e percursos migratórios, com vista a respostas inovadoras fruto de parcerias institucionais que envolvam a Igreja, academias e observatórios”. Os participantes neste encontro em Aveiro, oriundos de 14 dioceses de Portugal e de uma dezena de organizações católicas, comprometem-se a “retomar a importância das migrações em toda a pastoral da Igreja, adequando as estruturas e os planos aos novos fluxos migratórios”.

A OPINIÃO DE
Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES