É uma paróquia que está confiada, desde a sua criação, aos Padres Dehonianos. A paróquia do Forte da Casa tem como lema ‘fortes na fé’ e recebeu a visita pastoral, com D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa, a visitar também escolas públicas, creches e residências seniores da freguesia.
A presença da Igreja no Forte da Casa está marcada, desde sempre, pela ação da Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus (Padres Dehonianos). “Há cerca de 30 anos, esta paróquia não existia enquanto tal e era um bairro da paróquia de Vialonga. O padre José Rota, italiano, era então pároco da Póvoa de Santa Iria e, como esta zona do Forte da Casa ficava mais perto da Póvoa, o pároco de Vialonga, padre Dino, que era também dehoniano, pediu ao padre Rota para ir cuidando deste bairro”, explica ao Jornal VOZ DA VERDADE o atual pároco do Forte da Casa, padre António Augusto Teixeira de Sousa, de 60 anos, que chegou a esta paróquia no início deste ano pastoral. “Em meados da década de 70, o padre Rota começou a organizar catequese aqui no bairro e começou a ser feito trabalho pastoral no Forte da Casa. Foi então comprada uma cave, num prédio vizinho onde hoje se situa a igreja paroquial, para celebrar a Eucaristia”, acrescenta este padre dehoniano.
O padre José Rota foi então o primeiro pároco do Forte da Casa, tendo estado na paróquia entre 1975 e 1995. Seguiu-se o padre João Manuel, que esteve seis anos na paróquia, e o padre José Gil, entre 2001 e maio de 2013, data do seu falecimento. “O padre Gil foi um pároco que marcou muito a comunidade. A sua morte, inesperada, foi algo que surpreendeu muito a paróquia”, conta o padre António Augusto, mostrando-se satisfeito com a grande multidão que na tarde do passado Domingo, dia 26 de janeiro, por ocasião da visita pastoral, fez uma romaria ao túmulo do padre Gil, acompanhada de D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa.
Neste mesmo dia, mas da parte da manhã, D. Joaquim Mendes administrou o Crisma a 23 jovens e 16 adultos. “Queria agradecer aos senhores Padres Dehonianos a sua colaboração com a presença do seu carisma – o Culto de amor e reparação ao Sagrado Coração de Jesus – procurando encarnar a solicitude do Coração de Jesus, Bom Pastor, sendo sinais e portadores do seu amor na Igreja e no mundo. Peço ao Senhor que a visita pastoral tenha contribuído para reavivar em cada um de vós e na comunidade a alegria de ser cristão e o júbilo de pertencer à Igreja de Jesus, assim como o sentido de participação, corresponsabilidade e empenho na missão evangelizadora da Igreja. Sede como nos pede o Papa Francisco «discípulos missionários»”, desafiou o Bispo Auxiliar do Patriarcado.
O gosto de ser Igreja
Decorria o ano de 1985 quando foi criada a freguesia do Forte da Casa. Elevada a vila quatro anos mais tarde, esta freguesia tem atualmente pouco mais de 11 mil habitantes, segundo dados dos Censos 2011. “Há 40 anos, o Forte da Casa era um olival! Não havia aqui praticamente ninguém! Isto traz desvantagens, como a falta de enraizamento da população, mas também trouxe a vantagem de não haver o enraizamento de população anticlerical, algo que aconteceu muito nas paróquias vizinhas”, salienta ao Jornal VOZ DA VERDADE o pároco. Neste aspeto, acrescenta este sacerdote, “foi muito mais fácil para os padres do Forte da Casa poderem evangelizar”.
Esta é uma freguesia que, nas palavras do padre António, “nasceu na sombra da Igreja”. “As pessoas congregavam-se na Igreja! Esforçaram-se para fazer a igreja – posso dizer que quando as obras terminaram, não havia dívida a pagar! Espantosamente! O empreiteiro trabalhou gratuitamente; as pessoas ao fim-de-semana vinham também trabalhar sem ganhar nada! Muita gente no Forte da Casa é do Norte – Trás-os-Montes, Alto Douro, Douro e Beiras – e iam às suas terras de origem angariar fundos”, conta. A construção de uma igreja no Forte da Casa ajudou à “criação de laços de amizade entre as pessoas”. “Uma coisa que eu tenho notado nestes meses que estou cá, é que há laços de amizade muito profundos entre as pessoas, que se geraram aqui na Igreja”, observa o pároco, que conta com a colaboração do padre João Nóbrega.
Viver a fé em comunidade
O pároco do Forte da Casa foi ordenado em 1980. No último ano antes da ordenação, o padre António realizou o chamado ano pastoral nesta comunidade. Com o regresso à paróquia, em setembro de 2013, a principal preocupação deste sacerdote tem sido conhecer. “Tenho procurado conhecer. Antes de mais, conhecer! Eu sou um pouco do tempo da Ação Católica – ver, julgar e agir –, e agora, passado este tempo, já se vai agindo”. Referindo que a aposta “é a evangelização”, este sacerdote dehoniano enaltece a urgência de viver a fé em comunidade. “Tenho insistido muito na catequese e na prática cristã. Uma paróquia sem prática cristã não leva a nada. Para mim, não faz sentido dizer ‘sou cristão não praticante’. Essa urgência de evangelização é para que as pessoas entendam que o cristão pratica a sua fé, vive a sua fé em comunidade e gera laços em comunidade”. Afirmando que esta paróquia tem “uma boa prática dominical”, o pároco do Forte da Casa refere que, devido à elevada dimensão da igreja paroquial, há apenas duas celebrações dominicais na paróquia.
A importância do testemunho
A catequese tem sido uma das apostas deste sacerdote dehoniano. Semanalmente são mais de 400 as crianças e adolescentes que vão à igreja para a catequese. “A formação dos catequistas é um grande desafio nesta paróquia. Temos pouco mais de 40 catequistas e do que me tenho apercebido são pessoas de muito boa vontade, alguns têm cursos, mas falta um pouco a coerência entre o que se ensina e o que se vive. Com certeza que muitos deles são coerentes, mas há alguns, mais novos, que não têm uma participação ativa na vida da comunidade, como a Eucaristia. A mim custa-me um pouco a entender como é que se pode ser catequista sem essa prática cristã”. Sublinhando que “está a haver uma tomada de consciência” disso mesmo, o padre António ressalva: “Há muitos catequistas que não são desta paróquia e que vêm de paróquias vizinhas. Portanto, acredito que até possam ir à Missa na sua zona de residência – e muitos irão –, mas acredito que para as crianças não basta pensar que o catequista vai à Missa noutro lado. Era importante vê-los nas celebrações, porque a catequese faz-se pelo testemunho, muito mais do que pelas palavras”, sublinha.
Descobrir Cristo nos outros
“A evangelização realiza-se também pela caridade”. Para o pároco do Forte da Casa, este é um lema que tem procurado cumprir nesta sua nova missão. “Quando se leva a descobrir Cristo nos outros, aí percebe-se tudo! Agora no Natal lancei às crianças uma campanha de recolha de donativos, com uns mealheiros, para as Filipinas, por causa do tufão. Os catequistas pensaram que esta iniciativa não ia ter adesão, porque era ‘para fora’, e eu sempre lhes disse: ‘As crianças viram as imagens na televisão e sabiam que iam ajudar aqueles meninos lá de longe, que ficaram sem nada… Além disso, não interessa muito a quantidade de dinheiro angariado, interessa sim que de cada vez que a criança coloque uma moedinha no mealheiro, nem que seja de 1 ou 2 cêntimos, esteja a pensar nessas crianças. Isso é que é importante, porque estão, de algum modo, a ver nessas crianças o rosto do próprio Cristo’. A verdade é que as crianças da nossa paróquia angariaram mais de 1300 euros!”, refere, satisfeito, o pároco, salientando que “toda a comunidade, mesmo não pertencendo à catequese, se quis associar a esta iniciativa de ajuda às Filipinas”. Este sacerdote recorda a forma como procurou fazer catequese com a caridade. “Disse sempre às crianças: ‘O Cristo que está no presépio é muito bonito, mas mais bonito é o Cristo que está vivo nessas crianças das Filipinas!’”, testemunha.
As ‘perguntas difíceis’ dos alunos
No âmbito da visita pastoral ao Forte da Casa, na manhã do passado dia 24 de janeiro, D. Joaquim Mendes visitou três escolas públicas, onde contactou de perto com os alunos de EMRC (Educação Moral e Religiosa Católica). “Quando organizámos a visita pastoral, pensei logo na visita às escolas, porque o ambiente da Igreja é o que é, e é muito bom, mas se nós não tivermos capacidade de sair, os outros perdem a capacidade de vir”, explica o pároco, adiantando que “no Forte da Casa sempre houve uma boa relação da Igreja com as escolas”. A visita pastoral do Bispo Auxiliar às escolas teve início na Escola Básica do 1º Ciclo Professor Romeu Gil. Perante os alunos do 1º ao 4º Ano, D. Joaquim Mendes foi questionado pelos mais pequenos sobre como conheceu Jesus e como é a vida de um bispo. Depois, na Escola Secundária, o Bispo Auxiliar de Lisboa garantiu aos alunos de EMRC que eles fizeram “uma escolha inteligente” ao inscreverem-se nesta disciplina opcional. A visita matinal às escolas terminou na Escola Básica 2,3 Padre José Rota, novamente com as perguntas inquietantes dos adolescentes, como ‘Gostava de ser Papa?’ ou ‘O que significa ser bispo?’. O pároco do Forte da Casa acredita ter sido “importante para os alunos verem o bispo e o padre na escola”. Porque, justifica, “o cristão vive no mundo”. “O padre Dehon, nosso fundador, dizia sempre: ‘Saí das sacristias, ide ao povo!’”, lembra.
Neste mesmo dia, D. Joaquim Mendes visitou, durante a parte da tarde, algumas das valências do IAC – Instituto de Apoio à Comunidade, uma Instituição Particular de Solidariedade Social que cumpre 27 anos no próximo dia 1 de abril e que apoia dezenas de famílias da freguesia. Primeiro contactou com os mais novos do pré-escolar e do CATL, depois com os idosos, a quem convidou a confiarem em Cristo: “Contem sempre com Ele!”. Em cada um dos três lares residencial, o Bispo Auxiliar visitou os idosos e também os acamados, deixando ainda uma palavra de conforto aos funcionários. “Esta instituição é um grande apoio à comunidade”, observou D. Joaquim.
Evangelizar pela comunicação
No Forte da Casa, a evangelização faz-se também pelos media. Além de disponibilizar o semanário do Patriarcado de Lisboa, Jornal VOZ DA VERDADE, a paróquia produz um pequeno boletim semanal intitulado ‘Fortes na Fé’. “É uma coisinha muito simples, muito pequenina, que todos os Domingos damos às pessoas, e que pretende ser uma pequena partilha da Palavra de Deus para quem não veio à celebração. Começa por ser para quem esteve presente, mas o objetivo é que as pessoas levem para suas casas: tem a Palavra de Deus, com excertos das leituras, uma das intenções dos fiéis e uma reflexão, chamada ‘Palavra da semana’, sobre alguma coisa que deva ser posta em relevo. Por exemplo, neste Domingo, dia 26, falamos sobre a unidade dos cristãos”, explica o padre António Augusto, referindo que o boletim “tem também todos os horários de celebrações e confissões, bem como a agenda da paróquia para a semana”.
Ser expressão do carisma da congregação
Termina neste Domingo, 2 de fevereiro, a Semana do Consagrado. Questionado sobre a forma como um religioso vive a sua missão numa paróquia, o padre António Augusto, que pertence à Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus, lembra a oportunidade de ser expressão do carisma e espiritualidade da congregação na comunidade. “Esta paróquia só tem vantagens para mim! É uma paróquia dedicada ao Coração de Jesus, porque o primeiro pároco era dehoniano, a nossa espiritualidade é a do Coração de Jesus, a maior festa da paróquia e da vila é a do Coração de Jesus, a igreja e o largo são do Sagrado Coração de Jesus. Acredito que a presença dos religiosos nas paróquias tem de ser isto: a expressão do carisma e da espiritualidade deles para a comunidade”, aponta o pároco do Forte da Casa.
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