Missão |
Padre Constantino
Ousar servir Deus e a comunidade
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Chama-se Constantino Buapale Malu e é sacerdote missionário da Sociedade do Verbo Divino em Portugal. Nasceu numa família simples e cristã, a 4 de julho de 1975, em Mikalayi, na Província do Kasai-Ocidental, na República Democrática do Congo.

 

Percurso religioso

Trabalhou três anos como professor e, em 1998, ingressou na Congregação do Verbo Divino, em Kinshasa, distante quase dois mil quilómetros da região de onde é natural. A República Democrática do Congo tem oficialmente quatro línguas nacionais, muitos dialetos e culturas diferentes, segundo cada região. Durante um ano, acompanhou as crianças da rua, chamadas «Shegues» em Kinshasa. Essa experiência constituiu uma prova para a sua vocação, pois não é fácil estar dia e noite com elas. E, depois desta rica etapa, foi fazer o ano propedêutico do plano formativo dos Missionários do Verbo Divino, que ocorreu na província de Bandundu.

“A primeira impressão é sempre determinante. Os Missionários do Verbo Divino não têm missões na minha terra natal. Assim, procuraram saber se eu era um jovem com as qualidades que se esperam para responder a este apelo. O chamamento vem de Deus, mas passa por mediações humanas. O principal testemunho veio do padre responsável da escola onde eu fora professor, tendo confirmado que fora bom conviver comigo e descobrir as minhas capacidades.”

Em 2000, regressou a Kinshasa para começar os estudos filosóficos, durante 3 anos. No fim dos 3 anos, voltou a Bandundu-Ville para o noviciado e fez a profissão religiosa no dia 22 de julho de 2004. Acabado o noviciado, a 3 de outubro de 2004 viajou para Portugal, para os estudos de língua portuguesa e, seguidamente, a formação teológica. No dia 24 de maio de 2009 fez os votos perpétuos e, no final desse ano, foi ordenado diácono, no Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa, pelo Cardeal José da Cruz Policarpo. Depois, no dia 2 de maio de 2010, foi ordenado sacerdote em Kinshasa (R.D. do Congo) pelo Cardeal Laurent Monsengo Pasinya. “Ao longo destes anos de formação, as minhas atividades de apostolado estiveram centradas no acompanhamento de jovens, porque acompanhar a juventude é a minha paixão. Por fim, desde 22 de setembro de 2013, sou pároco in solidum da paróquia de S. Pedro do Prior Velho, no Patriarcado de Lisboa.”

 

A missão vive-se e não se faz

Quando nasceu, os seus pais deram-lhe o nome de “Buapale”, que significa culturalmente “De longe”. Na cultura congolesa, o nome que se dá a uma criança pode ter influência na vida dessa criança. Na paróquia, Buapale era um jovem cheio de vergonha, mas que fazia tudo o que estava ao seu alcance, como cantar na missa, dirigir os grupos de jovens e estar disponível para qualquer serviço para o bem da comunidade. “Eu envergonhava-me quando me perguntavam se queria ser padre”, conta-nos, “desde pequeno, na escola primária, chamavam-me “Père de la paix” (“Pai da paz”), e eu não sabia porquê. Só depois de ser ordenado padre, cheguei a entender a profecia do que muitos diziam: «cumpriu-se o sonho deste jovem»”.

 

Missão em Portugal

Chegou a Portugal a 3 de outubro de 2004 e o seu primeiro desafio foi aprender a língua portuguesa. Porque a inculturação passa pela aprendizagem da língua. “A missão é viver no dia-a-dia a vontade de Deus. O "deixar tudo e partir” é um sair de si, que se associa às dificuldades da vida e exige um “Eis-me aqui, Senhor". Eu estou em Portugal porque quero partilhar, como pão, a minha fé e dar o meu testemunho de esperança, que mostra que Cristo deu a sua vida e, como Ele, também quero partilhá-la.” Em agosto de 2008, o telefone de Deus tocou para lhe comunicar o que lhe ia acontecer. Tinha medo de atender essa chamada, com um número desconhecido mas como o seu coração torcia por essa chamada, atendeu. Alguém lhe disse que Portugal iria ser o seu destino de missão. Sem hesitar, aceitou, acreditou e foi enviado. “Nesse dia, lembrei-me da passagem bíblica de Génesis 12, 1, que é uma exortação à missão.”

A sua vida foi e permanece sempre um arriscar, uma ousadia e uma aventura na escolha. A vontade de Deus passa pelo discernimento daqueles que Ele escolheu, e pôs no seu caminho, e a quem Ele deu o poder para avaliar, decidir e orientar - para não dizer mesmo, “o poder de ligar e desligar”. Por causa das suas opções de vida, o Pe. Constantino sente-se mergulhado num "cocktail" cultural. Mas, como missionário, o importante mesmo é ter uma identidade e uma cultura cristã, assegura.

“Para mim, Portugal é uma escola em que continuo a aprendizagem da missão, que já antes tinha iniciado. Aprendi e estou a aprender muito no ministério sacerdotal e com o povo português. Na organização da catequese, de grupos bíblicos e grupos de jovens, nas visitas aos doentes e às escolas, celebrações eucarísticas e fúnebres. Aprecio, na cultura portuguesa, a organização de ritos das festas cristãs, que se tornam festas para todo o povo e não só para os cristãos do lugar. Uma maneira de juntar e unir o povo. Aquilo que aprendi mostra como a Igreja é "família", e basta pôr-se ao seu serviço construindo proximidades entre todos.”

 

Disponível para servir

“Aqui estou, Senhor, ajuda-me nesta nova missão, para que eu tenha o tempo, o coração amoroso e o carinho nas atitudes do meu ser missionário”, diz-nos o Pe. Constantino acerca da sua nova missão em Portugal. Há duas fontes de alegria na missão: o bem realizado e o dever cumprido, como também há aquilo que o Pe. Constantino quer (desejo), o que pode (os talentos) e a realidade em que vive. Está sempre a caminho. Por enquanto, vai vivendo a missão na comunidade de São Pedro do Prior Novo (Velho), em Lisboa. “Já me esqueci da dor e sofrimento que tive ao deixar a diocese da Guarda para vir para Lisboa. Estou feliz na minha nova missão.”

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