Lisboa |
Quarta-Feira de Cinzas
Patriarca de Lisboa lembra que Quaresma é “oportunidade e graça”
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“Entramos em Quaresma, esperançosamente entramos, como oportunidade e graça para algo de mais verdadeiro e definitivo. Mas ‘entremos’ mesmo, caríssimos irmãos”, desafiou o Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, no início da sua homilia, em Quarta-Feira de Cinzas.

 

Lembrando que a “dificuldade grande do nosso mundo de superinformação e sobrecarga imagética é exatamente essa, de nada nos implicar realmente e permanecermos meros espetadores de acontecimentos que não podiam deixar de ser nossos, irrecusavelmente nossos”, o Patriarca convidou os cristãos a ‘entrar’. “É preciso ‘entrar’, ainda que a porta seja estreita, segundo a alusão evangélica. Urge passar de espetador a ator, com papel definido e argumento sólido”.

Na celebração de Quarta-Feira de Cinzas, a 5 de março, D. Manuel Clemente deixou um apelo a todos os católicos para que aproveitem a Quaresma para se darem aos outros sem egoísmos. “Perante tanta miséria alheia ou própria, tanta dificuldade acrescida por falta de solidariedade autêntica, por tanta perda do sentido humano e humanizante que a economia, a política e a cultura haviam de ter, não podemos ficar de fora como quem adia resoluções ou esquece responsabilidades”, afirmou, sublinhando: “A entrada quaresmal no caminho que Deus nos abre em Cristo e no seguimento de Cristo só acontece com os outros e pelos outros, ultrapassando o egoísmo alheado pelo apoio concreto a quem precisa de acolhimento, companhia e ajuda. Não há outra Quaresma a fazer rumo à Páscoa que o mundo espera na sua total consequência”.

Na Sé de Lisboa, o Patriarca considerou ainda urgente acabar com a indiferença que predomina na sociedade e apelou a um maior compromisso comunitários de todos os católicos. “Não nos paralise a grande a complexidade dos grandes problemas que tanto desafiam as previsões dos entendidos. Comecemos onde estamos e com que estamos, com que nos procura ou procuremos nós, mas nada se resolverá sem solucionarmos aquilo a que o Papa Francisco chama, muito certeiramente, a crise do compromisso comunitário, crise que por deixar de nos reconhecer como pessoas concretas excluiu tragicamente a muitos e acabou por globalizar a indiferença”, observou.

 

Esmola, oração e jejum

Nesta celebração que marca o início da Quaresma, tempo litúrgico de preparação para a Páscoa, D. Manuel Clemente lembrou a importância da esmola, da oração e do jejum. “No Evangelho há pouco ouvido, falou-nos de esmola, de oração e de jejum, práticas penitenciais em suma. Mas exercitadas à sua maneira, inteiramente polarizado em Deus Pai e nos outros, como inteiramente desapossado de si mesmo. Ajuda aos outros, sim, mas em real benefício deles e não em ostentação de liberalidades pretensas. Oração reiterada, com certeza, mas na relação filial com Deus, que preenche e transborda dum coração entregue. Jejum, também, mas que nos liberte pelo essencial, que assim chegará a todos. E não tomemos como espiritualismo utópico estas recomendações evangélicas, que alguém julgasse inadequadas para uma situação social tão árdua como a que suportamos agora: tanta vida mal garantida, tanta desigualdade crescente, tanto desemprego ainda, tanto abandono de idosos…”, frisou., acrescentando: “Bem pelo contrário, o mais que justificado desengano em relação a grandes propostas de resolução do todo pelo todo, ou de sucessão de sistemas por sistemas, esse mesmo é que nos reconduz ao comportamento de Cristo, quando inaugurou nalguns quilómetros palmilhados e nalguns gestos preenchidos a convivência nova em que a humanidade floresceu”.

D. Manuel Clemente terminou assegurando que “num coração ‘rasgado’ entram constantemente os outros, as suas necessidades e anseios. Assim é o de Cristo e o de quem seja verdadeiramente um dos seus. É por eles que a Igreja de Cristo serve o mundo. É para isso que a sua graça não lhes falta”. 

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