‘Evangelii Gaudium’ |
‘Evangelii Gaudium’ (nº 135 a 144) – Capítulo III
A homilia
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Quando, em novembro do ano passado, foi publicada a Exortação Apostólica ‘Evangelii Gaudium’, do Papa Francisco, uma das notas que a comunicação social fez sobressair acerca deste texto programático para a Igreja dizia respeito à abordagem do Santo Padre sobre a homilia. De facto, Francisco manifesta a sua preocupação sobre a “pregação dentro da liturgia”, considerando inclusive, que esta “requer uma séria avaliação por parte dos Pastores”. Por isso mesmo, o próprio afirma que este tema será abordado “com certa meticulosidade”, sobretudo porque “são muitas as reclamações relacionadas com este ministério importante”, sublinha. 

“A homilia é o ponto de comparação para avaliar a proximidade e a capacidade de encontro de um Pastor com o seu povo”, observa Francisco, referindo que “a homilia poder ser, realmente, uma experiência intensa e feliz do Espírito, um consolador encontro com a Palavra, uma fonte constante de renovação e crescimento”.

“É Deus que deseja alcançar os outros através do pregador”, garante o Papa argentino apelando à renovação da “confiança na pregação”. Inserida no contexto da liturgia, de modo específico na Eucaristia, a homilia “reveste-se de um valor especial” que “supera toda a catequese por ser o momento mais alto do diálogo entre Deus e o seu povo, antes da comunhão sacramental”. Assim, observa Francisco que tem marcado também pela simplicidade do modo de comunicar, “aquele que prega deve conhecer o coração da sua comunidade para identificar onde está vivo e ardente o desejo de Deus”.

Neste sentido, a homilia “não pode ser um espetáculo de divertimento, não corresponde à lógica dos recursos mediáticos, mas deve dar fervor e significado à celebração”. “Deve ser breve e evitar que se pareça com uma conferência ou uma lição”, salienta o Papa Francisco justificando: “Se a homilia se prolonga demasiado, lesa duas características da celebração litúrgica: a harmonia entre a suas partes e o seu ritmo”. Por outro lado, a pregação no contexto da liturgia deve orientar a assembleia e “também o pregador”, frisa o Papa Francisco, “para uma comunhão com Cristo na Eucaristia, que transforme a vida”. “Isso requer que a palavra do pregador não ocupe um lugar excessivo, para que o Senhor brilhe mais que o ministro”, alerta.

 

A conversa da mãe

Recordando que “a Igreja é mãe e prega a povo como uma mãe fala ao seu filho, sabendo que o filho tem confiança de que tudo o que se lhe ensina é para seu bem”, o Papa jesuíta destaca que “o Espírito que inspirou os Evangelhos e atua no povo de Deus, inspira também como se deve escutar a fé do povo e como se deve pregar em cada Eucaristia”. Portanto, “a pregação cristã encontra, no coração da cultura do povo, um manancial de água viva tanto para saber o que se deve dizer como para encontrar o modo mais apropriado para o dizer”.

 

Palavras que abrasam corações

Na atenção que coloca à homilia, o Papa Francisco sublinha que “a pregação puramente moralista ou doutrinadora, e também a que se transforma numa lição de exegese, reduzem esta comunicação entre os corações que se verifica na homilia e que deve ter um carácter quase sacramental”. Assim, o desafio de uma pregação inculturada consiste em transmitir a síntese da mensagem evangélica, e não ideias ou valores soltos”. “O pregador tem a belíssima e difícil missão de unir os corações que se amam: o do Senhor e os do seu povo”, aponta. Numa interpretação muito pessoal e livre do que refere o Papa Francisco, a homilia é como que uma introdução a uma conversa que depois tem continuação, na intimidade de cada um. “Durante o tempo da homilia, os corações dos crentes fazem silêncio e deixam-no falar a Ele”. “Na homilia querem que alguém sirva de instrumento e exprima os sentimentos, de modo que, depois, cada um possa escolher como continuar a sua conversa”, observa Francisco. “A palavra é, essencialmente, mediadora e necessita não só dos dois dialogantes mas também de um pregador que a represente como tal, convencido de que ‘não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus’”.

texto por Nuno Rosário Fernandes
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