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A uma janela de Roma
“O sacerdote deve apascentar com amor, se não o faz com amor não serve”
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O Papa Francisco dirigiu-se especialmente aos padres. Na semana em que falou de Maria, o Papa pediu alegria no encontro com Jesus, fez nomeações e implorou aos mafiosos para se converterem.

 

1. O Papa espera que os padres cuidem da sua comunidade cristã com amor. “O sacerdote deve apascentar com amor, se não o faz com amor não serve”, manifestou o Papa Francisco, durante a audiência-geral da passada quarta-feira, dia 26 de março, em que dedicou a catequese ao Sacramento da Ordem. “Aqueles que são ordenados são postos à cabeça da comunidade. À cabeça, para Jesus, significa pôr a própria autoridade ao serviço, como Ele próprio mostrou e ensinou aos discípulos”, frisou, lembrando que “outra caraterística que deriva sempre da questão sacramental com Cristo é o amor apaixonado pela Igreja”. “Em virtude da Ordem, o ministro dedica-se inteiramente à própria comunidade e ama-a com todo o seu coração: é ela a sua família, que deve amar com amor apaixonado. Isto, porém, sem ceder à tentação de a considerar como sua propriedade”, observou. O Papa Francisco reforçou a ideia de que o ministro ordenado precisa de contínua conversão e assídua entrega à misericórdia de Deus. “Esta entrega é a sua força e também um válido exemplo que pode oferecer aos irmãos da sua comunidade”, referiu.

Nesta audiência-geral, no Vaticano, o Papa salientou ainda que “o bispo que não reza, que não ouve e escuta a Palavra de Deus, que não celebra todos os dias, que não se vai confessar regularmente – o mesmo para o sacerdote que não faz isto –, acaba por perder a união com Jesus e cai numa mediocridade que não faz bem à Igreja”.

Aos jovens que o escutavam, na Praça de São Pedro, pediu para não terem medo de aceitar o desafio de serem padres: “Como se deve fazer para ser padre? Onde se vendem os bilhetes de entrada? Não, não se vendem. É o Senhor que toma a iniciativa. É Ele que chama cada um dos que quer que se tornem sacerdotes. Talvez haja aqui alguns jovens que tenham sentido este chamamento no seu coração. É Jesus que vos chama. Atendei a esse convite e rezai para que cresça e dê fruto em toda a Igreja”, convidou o Papa.

 

2. O Papa garantiu, no Vaticano, que ninguém pode “comprar” a sua salvação e convidou os católicos a uma atitude de humildade perante Deus, a exemplo de Maria. “A salvação não se compra, não se vende, oferece-se. É de graça. Nós não podemos salvar-nos a nós mesmos, a salvação é um presente, totalmente gratuito, não se compra com o sangue de touros nem de cabras, não se pode comprar”, referiu na homilia da Missa a que presidiu na capela da Casa de Santa Marta, no dia da Solenidade litúrgica da Anunciação. Francisco sustentou que os cristãos devem ter “um coração humilde, um coração dócil, um coração obediente, como o de Maria”.

 

3. O Papa Francisco pediu aos cristãos para, neste tempo de Quaresma, não terem medo de ir ao encontro de Jesus. Na oração do Angelus, na manhã do passado Domingo, dia 23 de março, o Papa falou do exemplo da Boa Samaritana. “Somos chamados a redescobrir a importância e o sentido da nossa vida cristã, iniciada no batismo, e, tal como a Samaritana, a testemunhar aos nossos irmãos a alegria do encontro com Jesus. Recordemos estas duas frases: cada encontro com Jesus muda a vida; cada encontro com Jesus enche de alegria”, afirmou na Praça de São Pedro. Francisco falava para milhares peregrinos, no Vaticano, lembrando que no dia seguinte, 24 de março, se assinalava o Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose e pedindo, por isso, orações pelos que sofrem da doença e pelos que apoiam os doentes.

 

4. O Papa nomeou, no passado sábado, dia 22, uma vítima de abuso sexual por um membro da Igreja para fazer parte do grupo encarregado de atacar o problema da pedofilia. Marie Collins, vítima de abuso na Irlanda nos anos 60 e que batalhou contra a pedofilia ao longo dos últimos tempos, é um dos primeiros oito elementos do grupo de peritos anunciado em dezembro. São quatro homens e quatro mulheres, de oito países diferentes. “Olhando para o futuro sem esquecer o passado, a comissão tomará em mãos a promoção da proteção dos mais jovens”, referiu o porta-voz do Vaticano, padre Frederico Lombardi, em comunicado.

 

5. O Papa Francisco pediu, de joelhos, a conversão dos criminosos ligados à Máfia. O Papa quis associar-se ao dia em que os italianos assinalam a memória das vítimas da Máfia e encontrou-se, a 21 de março, com as cerca de 15 mil pessoas que nos últimos anos perderam familiares vítimas inocentes do crime organizado. No final do encontro Francisco deixou uma mensagem aos grandes ausentes, os próprios dos mafiosos. “Não posso terminar sem dirigir uma palavra aos grandes ausentes hoje, aos homens e mulheres mafiosos. Por favor, mudem de vida! Convertam-se! Parem de fazer o mal! Convertam-se! Peço-vos de joelhos! É para o vosso bem! O poder, o dinheiro que agora têm, proveniente de tantos negócios sujos e crimes, são dinheiro e poder ensanguentados e não os poderão levar para a outra vida. Convertam-se! Ainda vão a tempo, para não acabarem no inferno”, suplicou Francisco.

Tratou-se de um encontro muito emotivo, com a leitura em voz alta dos nomes e apelidos das vítimas feita por alguns dos familiares, neste dia da memória das vítimas da máfia. Um dos familiares, em nome dos presentes, pediu ao Papa para olhar nos olhos de cada um e ver a dor de terem perdido um pai, ou um filho, um marido, mulher, irmã ou irmão, todos eles vítimas inocentes mortos pela Máfia. Muitas das vítimas são magistrados, agentes de polícia, dezenas de sacerdotes, jornalistas ou simplesmente cidadãos que tiveram a coragem de não alinhar com o crime organizado. Francisco, sentado, ouviu, com ar sério e semicurvado a imensa lista, cuja simples leitura dos nomes durou quase uma hora.

Entretanto, D. Giancarlo Maria Bregantini, Arcebispo de Campobasso-Boiano, conhecido por ter sido um feroz crítico do crime organizado, vai escrever as meditações da Via Sacra de Sexta-feira Santa. Durante o tempo em que esteve à frente da Diocese de Locri-Gerace, na Calábria, este arcebispo chegou mesmo a decretar a excomunhão de membros da N’Drangheta, a máfia local.

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