‘Evangelii Gaudium’ |
‘Evangelii Gaudium’ (nº 160 a 168) – Capítulo III
Uma evangelização para o aprofundamento do querigma
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Na continuidade deste terceiro capítulo da Exortação Apostólica ‘Evangelii Gaudium’ (‘A Alegria do Evangelho’), o Papa Francisco debruça-se sobre a realidade do primeiro anúncio, designado por querigma, considerando que este “deve desencadear também um caminho de formação e de amadurecimento”. “A evangelização procura também o crescimento, o que implica tomar muito a sério em cada pessoa o projeto que Deus tem para ela”, refere. A este propósito, o Papa Francisco observa que este apelo ao crescimento não deverá interpretado, “exclusiva ou prioritariamente, como formação doutrinal”. “Trata-se de ‘cumprir’ aquilo que o Senhor nos indicou como resposta ao seu amor sobressaindo, junto com todas as virtudes, aquele mandamento novo que é o primeiro, o maior, o que melhor nos identifica como discípulos: ‘É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei’”, explica Francisco.

Segundo o Papa argentino, “este caminho de resposta e crescimento aparece sempre precedido pelo dom, porque o antecede aquele outro pedido do Senhor: ‘batizando-os em nome...’”. “A adoção como filhos que o Pai oferece gratuitamente e a iniciativa do dom da sua graça são a condição que torna possível esta santificação constante, que agrada a Deus e lhe dá glória. É deixar-se transformar em Cristo, vivendo progressivamente ‘de acordo com o Espírito’”, acrescenta.

 

Uma catequese querigmática e mistagógica

Este crescimento a que se refere Francisco tem ao seu serviço a educação e a catequese, e sobre a catequese o Papa salienta que existem já diversos documentos específicos, sobre os quais não se detém nesta exortação. No entanto, destaca, “também na catequese tem um papel fundamental o primeiro anúncio, ou querigma, que deve ocupar o centro da atividade evangelizadora e de toda a tentativa de renovação eclesial”. Este anúncio “é o primeiro em sentido qualitativo, porque é o anúncio principal, aquele que se sempre se tem de voltar a ouvir de diferentes maneiras e aquele que sempre se tem de voltar a anunciar, de uma forma ou de outra, durante a catequese, em todas as suas etapas e momentos”, esclarece Francisco. O Papa ressalva, no entanto, citando o beato João Paulo II que “por isso, também ‘o sacerdote, como a Igreja, deve crescer na consciência da sua permanente necessidade de ser evangelizado’”.

Neste sentido, o Papa Francisco salienta que “toda a formação cristã é, primariamente, o aprofundamento do querigma que se vai, cada vez mais e melhor, fazendo carne, que nunca deixa de iluminar a tarefa catequética, e permite compreender adequadamente o sentido de qualquer tema que se desenvolve na catequese”. Assim, pela centralidade do querigma é preciso que o anúncio “exprima o amor salvífico de Deus como prévio à obrigação moral e religiosa, que não imponha a verdade mas faça apelo à liberdade, que seja pautado pela alegria, o estímulo, a vitalidade e uma integralidade harmoniosa que não reduza a pregação a poucas doutrinas, por vezes mais filosóficas que evangélicas”. Para que isto seja possível, é preciso que o evangelizador tenha certas atitudes que ajudam a acolher melhor o anúncio, como “a proximidade, a abertura ao diálogo, paciência e acolhimento cordial que não condena”.

 

A iniciação mistagógica

Uma característica da catequese que, segundo o Papa Francisco, se desenvolveu nas últimas décadas, é a iniciação mistagógica. Esta iniciação mistagógica significa, por um lado, “a necessária progressividade da experiência formativa na qual intervém toda a comunidade”, e “uma renovada valorização dos sinais litúrgicos da iniciação cristã”, por outro.

Assim, o encontro catequético, recorda o Sumo Pontífice, “é um anúncio da Palavra e está centrado nela, mas precisa sempre duma ambientação adequada e duma motivação atraente do uso de símbolos eloquentes, da sua inserção num amplo processo de crescimento e da integração de todas as dimensões da pessoa num caminho comunitário de escuta e resposta”.

“É bom que toda a catequese preste uma especial atenção à via da beleza”, exorta o Francisco sublinhando que “todas as expressões de verdadeira beleza podem ser reconhecidas como uma vereda que ajuda a encontrar-se com o Senhor Jesus”. Trata-se de “recuperar a estima da beleza para poder chegar ao coração do homem e fazer resplandecer nele a verdade e a bondade do Ressuscitado”, explica o Papa jesuíta observando, ainda, ser “desejável que cada Igreja particular incentive o uso das artes na sua obra evangelizadora” e apontando a “coragem” para “encontrar os novos sinais, os novos símbolos, uma nova carne para a transmissão da Palavra”.

Contudo, Francisco lembra que há uma proposta moral na catequese que “convida a crescer na fidelidade ao estilo de vida do Evangelho” e, nesse sentido é oportuno que seja sempre indicado o “bem desejável”. Porém, adverte, “mais do que detetar qualquer perigo ou desvio, é bom que nos possam ver como mensageiros alegres de propostas elevadas, guardiões do bem e da beleza que resplandecem numa vida fiel ao Evangelho”.

texto por Nuno Rosário Fernandes
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