Lisboa |
D. José Traquina, novo Bispo Auxiliar de Lisboa
Derramando o coração de Pastor
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Alegre, de bom senso, prudente e verdadeiro Pastor, são algumas das características apontadas ao cónego José Traquina, pároco de Benfica que foi nomeado pelo Papa Francisco como novo Bispo Auxiliar de Lisboa.

 

“Um pastor com ‘cheiro’ a ovelhas”. É desta forma que vários colegas, amigos e paroquianos, ouvidos pelo Jornal VOZ DA VERDADE, caracterizam o novo Bispo eleito Auxiliar de Lisboa, D. José Augusto Traquina Maria, de 60 anos, pároco de Nossa Senhora do Amparo de Benfica, em Lisboa. Em Quinta-Feira Santa, dia 17 de abril, o Papa Francisco tornava pública, através da Sala de Imprensa da Santa Sé, a nomeação do cónego Traquina, com o título de Bispo de Lugura, uma antiga diocese do Norte de África. Uma nomeação que, segundo o novo bispo, surge como “uma surpresa”. “Recebi esta nomeação com surpresa pela manifestação de confiança que o Santo Padre, o Papa Francisco, me dá ao chamar-me para a Ordem dos Bispos. Acolho com humildade, mas não escondo que já estou há alguns dias sem dormir bem, porque sinceramente não estava à espera”, observa em declarações à Rádio Renascença. “Acolho com humildade e com espírito de serviço, e peço ao Senhor da messe que me conceda a graça de responder com a fidelidade que a diocese e o povo de Deus merecem”, sublinha.

D. José Augusto Traquina Maria junta-se, assim, aos bispos D. Joaquim Mendes e D. Nuno Brás, também auxiliares do Patriarca D. Manuel Clemente, numa missão para qual encontra “uma alegria especial”. “Conheço o senhor Patriarca D. Manuel Clemente há muitos anos. Foi meu professor e agora é o meu bispo. Tenho uma alegria especial nesta colaboração”, revela. Para o exercício do seu ministério episcopal, D. José Traquina confia-se, também, a todos os membros da Igreja. “Conto com a paciência dos senhores bispos auxiliares e também com o clero, os sacerdotes e diáconos, os religiosos e os leigos desta Diocese de Lisboa, de quem tenho recebido grandes testemunhos”, assegura. 

 

‘Cheiro’ a ovelhas

Se por um lado a nomeação do cónego José Traquina como Bispo Auxiliar de Lisboa surge para o próprio como uma surpresa, para aqueles que o conhecem e com ele convivem não foi uma novidade. "É um bispo segundo o critério do Papa Francisco, e fico muito contente", observou ao Jornal VOZ DA VERDADE o cónego António Janela, pároco da paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa, e diretor do Instituto Diocesano da Formação Cristã. Segundo o cónego Janela, da personalidade do bispo eleito, D. José Traquina, destaca-se "o seu sentido pastoral, o conhecer o cheiro das ovelhas, o bom senso, a sua prudência, como virtude”. “Quem deu as provas que deu até hoje, augura de facto um episcopado muito frutuoso", salienta.

 

Bispo para o sínodo

A mesma opinião é partilhada pelo padre José Manuel Pereira de Almeida, pároco da paróquia de Santa Isabel, em Lisboa, e contemporâneo do tempo de seminário do novo bispo. “Ficamos muito contentes. É alguém que conhecemos desde sempre, e é um grande companheiro, muito humilde, muito verdadeiro e cheio de amor por Jesus e pela Igreja, assim como o Papa sonha para os bispos. Dele podemos esperar tudo como até agora”, apontou este sacerdote, concretizando: “Podemos esperar que o conjunto de bispos que colabora com o senhor Patriarca corresponda àquela Igreja missionária que o Papa deseja e que nós queremos todos. D. José Traquina é alguém que está particularmente bem ‘equipado’ para nos ajudar a caminhar em sínodo”, frisou.

 

Homem santo

Membro do clero do Patriarcado de Lisboa, o cónego José Traquina, agora bispo eleito, acumulava com a paróquia de Nossa Senhora do Amparo de Benfica a missão de diretor espiritual no Seminário Maior de Cristo Rei dos Olivais. Para o reitor deste seminário, padre José Miguel Pereira, esta nomeação “era desejada”. “Já desejava e tinha esperança que ele pudesse vir a ser bispo”, comenta ao Jornal VOZ DA VERDADE. O primeiro contacto do padre José Miguel com o então padre Traquina aconteceu no pré-seminário, e mais tarde no seminário, onde o novo bispo foi seu formador. “Reconheço nele qualidades muito grandes de Pastor e de homem santo, e por esse motivo quando tive de escolher outro diretor espiritual para o seminário foi ele que escolhi, porque também era com ele que conversava algumas vezes. Por isso, é com muita alegria que acolho a notícia da sua nomeação e acho que para a Diocese de Lisboa vai ser muito bom”. Só tem “um senão”, lamenta: “Vou perder um diretor espiritual do Seminário dos Olivais. Mas é assim mesmo! Daquilo que melhor temos é para a Igreja, é para Nosso Senhor fazer o que quiser. Por isso, está entregue”.

 

Desafios

A nomeação do novo Bispo Auxiliar de Lisboa acontece numa altura em que a Igreja diocesana começa a preparar-se para a realização de um caminho sinodal que vai procurar mobilizar a diocese até ao ano 2016, de forma a responder à proposta do Papa Francisco que pede uma “Igreja em saída”, e com vista a encontrar respostas para alguns desafios concretos da vida da Igreja. Segundo o novo Bispo Auxiliar, “a diocese precisa de mais vocações religiosas e sacerdotais”. “É a maior diocese do país, é um desafio muito grande e o senhor Patriarca não pode enviar sacerdotes para as paróquias e para os movimentos se não os tiver”, alerta D. José Traquina. Neste sentido, o bispo eleito recorda que “rezar pelas vocações sacerdotais, religiosas e missionárias continua a ser um grande desafio”.

Para além da oração, D. José Traquina aponta que é também necessário “a sensibilização das comunidades e das famílias para esta necessidade”. “Precisamos não só de mais sacerdotes e consagrados, mas sobretudo de mais e bons servidores do povo de Deus”, garante.

 

Testemunhos do povo de Deus

Sacerdote há quase 29 anos, a completar no próximo dia 30 de junho, D. José Traquina, depois ter sido formador no Seminário de Almada, foi pároco nas paróquias de Bombarral, Vale Covo e Roliça, na zona Oeste da diocese. Desde 2007 é pároco de Benfica, na cidade de Lisboa. Destes anos de experiência pastoral, destaca ter colhido “grandes testemunhos de aceitação e acolhimento”. Nas comunidades por onde passou, fez “experiência maravilhosa, sempre numa grande proximidade, em muitas reuniões, mobilizações e ações apostólicas”. “Enriqueço-me imenso e aprendi imenso com o testemunho dos leigos nestas comunidades”, observa D. José Traquina.

 

Lema de alegria

‘Gaudete in Domino semper’ (‘Alegrai-vos sempre no Senhor’) é o lema episcopal escolhido pelo novo Bispo Auxiliar de Lisboa, D. José Traquina, com base na carta do Apóstolo São Paulo aos Filipenses. Em declarações ao Jornal VOZ DA VERDADE, o bispo eleito justifica esta escolha pelo apelo feito pelo Papa Francisco na Exortação Apostólica ‘A Alegria do Evangelho’, e pela sua própria atitude pastoral. “A alegria da missão resulta de uma experiência de conversão e de encontro com Cristo”, explica. “A alegria como fruto do Espírito Santo resulta desse encontro com Cristo”, acentua. Por outro lado, salienta o bispo eleito, este lema também tem a ver “com o momento que estamos a viver na nossa diocese, de caminho sinodal, incentivados pelo Papa Francisco”. Uma alegria que, quem conhece, é testemunhada também pela boa disposição, pelo bom humor e criatividade, muitas vezes concretizada pela música. Com diversas letras escritas pelo Patriarca D. Manuel Clemente, D. José Traquina é o autor musical de cânticos como ‘Nossa Senhora do Sim’ e o Hino do Seminário de Penafirme, entre outros.

 

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Patriarca anuncia nomeação

 O anúncio à Diocese de Lisboa da nomeação do novo Bispo Auxiliar foi feito pelo próprio Patriarca D. Manuel Clemente no final da celebração da Missa Crismal, no passado dia 17 de abril, diante de uma Sé repleta de fiéis leigos, religiosos, sacerdotes e diáconos. “Agora, quero dar-vos uma notícia felicíssima!”, avançou D. Manuel Clemente, de rosto sorridente.  “A Santa Sé anunciou que o nosso caríssimo cónego José Traquina é Bispo Auxiliar de Lisboa!”. De imediato rompe uma longa salva de palmas em manifestação da alegria sentida pela notícia recebida. Aplauso a que D. Manuel Clemente se junta e reage com boa disposição: “Já chegaram ao Céu estas palmas”, observou. “Acredito que algumas venham de Benfica, do Bombarral, de Alcobaça, dos Seminários, enfim, de tanto lado onde o nosso caríssimo D. José Augusto Traquina Maria foi derramando o seu coração pastoral. Demos graças a Deus”, concluiu, abraçando de seguida o bispo eleito.

Embora ainda sem a confirmação de lugar onde vai acontecer, D. José Traquina vai ser ordenado bispo no dia 1 de junho, Domingo da Ascensão do Senhor, e será bispo ordenante D. Manuel Clemente e bispos co-ordenantes D. António Francisco dos Santos e D. Manuel Felício.

 

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Perfil

D. José Augusto Traquina Maria nasceu a 21 de janeiro de 1954, na freguesia de Évora de Alcobaça, no concelho de Alcobaça, e foi ordenado sacerdote em 30 de junho de 1985, aos 31 anos de idade, por D. António Ribeiro, no Mosteiro dos Jerónimos. Ainda antes de iniciar a formação sacerdotal foi empregado de comércio, dos 11 aos 18 anos. Em 1975 ingressou na Escola Prática de Cavalaria em Santarém, onde foi Furriel Miliciano até 1976. Nesse mesmo ano, entrou no Seminário de Almada e depois Olivais (1980), onde concluiu a formação académica, com Licenciatura em Teologia e frequência completa do Mestrado em Teologia Pastoral.

Em 1984, quando é ordenado diácono, recebe a primeira nomeação como membro da Equipa Formadora do Seminário de Almada onde se mantém até julho de 1992, data em que foi nomeado pároco de Bombarral e Vale Covo. Entre 1995 e 1997 acumulou, ainda, a responsabilidade da paróquia de Roliça. De 1985 a 1997, integrou a equipa do Pré-Seminário de Lisboa e durante os 15 anos que se manteve naquelas paróquias do Oeste (1992-2007), o então padre Traquina foi vigário da Vigararia Cadaval-Bombarral, por vários mandatos, e assistente coordenador do Núcleo do Oeste do Corpo Nacional de Escutas. Em outubro de 2002 foi nomeado membro do Secretariado de Ação Pastoral do Patriarcado de Lisboa e, em 8 de dezembro de 2003, Cónego da Sé Patriarcal de Lisboa.

 Em julho de 2007, assume a paróquia de Nossa Senhora do Amparo de Benfica, em Lisboa, e em acumulação é nomeado Vigário da Vigararia Lisboa III (2011) e diretor espiritual do Seminário Maior de Cristo Rei dos Olivais. (2012). Em dezembro de 2012, foi nomeado para o Conselho Presbiteral, onde foi também eleito coordenador.


fotos por Jornal VOZ DA VERDADE, Filipe Amorim e Catequese de Benfica

texto por Nuno Rosário Fernandes
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