O Patriarca de Lisboa teme que “a abstenção” nas eleições europeias abra caminho “a forças extremistas” na Europa. Em entrevista à rádio TSF, D. Manuel Clemente apelou, por isso, a que “não haja abstenção” nas eleições de 25 de maio próximo.
Nesta entrevista, transmitida na antena da TSF em Domingo de Páscoa, o Patriarca de Lisboa disse esperar que Portugal saia do programa de ajustamento através de um “consenso político alargado”, que dê resposta a uma das suas preocupações: o agravamento das questões sociais no país. “Uma sociedade democrática tem um governo, oposição, várias forças em presença, mas quando os problemas são tão estruturais como estes que atravessamos há tempo demais, percebemos que temos de ser todos”, afirmou D. Manuel Clemente, esclarecendo que um “consenso alargado” deverá envolver também “empresários, trabalhadores, sector público, privado, e tudo o que se passa na concertação social tem de ser implementado”. Salientando não acreditar que o tal acordo alargado seja alcançado antes das eleições europeias, agendadas para 25 de maio, o Patriarca de Lisboa salienta que a ida às urnas deverá trazer outra consequência: a abstenção elevada. “O campo deixado aberto pela abstenção geralmente é tomado por forças extremistas que, neste momento na Europa, são muito xenófobas, nada amiga dos estrangeiros, nada amiga de gente pobre, cuja pobreza foi muitas vezes responsabilidade europeia, e muito pouco capazes de ver além daquilo que é o ganho imediato de mais alguns votos e influência nos respetivos países”, alertou. “Aquilo que se tem passado na Hungria, França, Áustria, deixa-me a maior das preocupações. O apelo que eu faço, e que também toda a Conferência Episcopal faz, é que não haja abstenção”, acrescentou.
Sínodo Diocesano 2016
Nesta entrevista a Manuel Vilas Boas, D. Manuel Clemente falou também sobre o Sínodo Diocesano em 2016, como realidade que surge na sequência da exortação apostólica do Papa ‘Evangelli Gaudium’. “O Papa Francisco escreveu-nos uma exortação apostólica, em novembro, ‘A Alegria do Evangelho’, que ele diz expressamente que não é um documento para arrumar na prateleira, é um programa para os próximos tempos e tem que ser aplicado como programa! Depois pede a cada bispo de cada diocese para desencadear processos de consulta à sua diocese, às comunidades, aos órgãos que estão previstos no código de direito canónico – como os conselhos pastorais, colégio de consultores e Sínodo Diocesano – para, a pouco e pouco, verem como vão levar por diante este programa que o Papa apresenta. Conversei com os meus colegas bispos e com o Conselho Presbiteral sobre como aplicar em Lisboa a exortação”, contou o Patriarca, explicando também a realidade local que a diocese vive daqui por dois anos: “Em 2016, cumprem-se três seculos da qualificação Patriarcal de Lisboa. Na bula que o Papa Clemente XI confere essa qualificação, diz que tal se deve ao papel missionário e ao zelo da propagação da fé… portanto, parece que coincide uma coisa com a outra e não vamos fazer uma comemoração museológica, mas pegar nessa inspiração da missão, da evangelização, para nos lançarmos no mesmo sentido que o Papa Francisco”. Até ao ano 2016 “será feito um caminho sinodal” em toda a Diocese de Lisboa, anunciou ainda D. Manuel Clemente.
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