Lisboa |
Cáritas Paroquial de Vilar inaugura ampliação do lar
“Abrir o coração a todos, com mais trabalho e serviço ao próximo”
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A 13 de maio de 2006, D. Manuel Clemente, então Bispo Auxiliar de Lisboa, benzia o novo Lar de Nossa Senhora do Ó, pertencente à Cáritas Paroquial de Vilar. Oito anos depois, a 17 de maio de 2014, o agora Patriarca D. Manuel Clemente regressou a esta terra do concelho do Cadaval para a festa de ampliação das instalações.

 

É uma ampliação que permite aumentar a resposta caritativa à população. “Passamos a acolher 46 utentes em lar, quando antigamente eram 26, a que se juntam os 20 em regime de centro de dia e ainda o apoio domiciliário a mais duas dezenas de utentes”. Maria Cláudia Rodrigues é a secretária da direção da Cáritas Paroquial de Vilar e refere ao Jornal VOZ DA VERDADE que esta obra nasceu como um projeto civil, de leigos, no final dos anos 80, que depois foi apresentado à Igreja local. “Havia uma das pessoas que não queria ligar esta obra à Igreja, mas a presença dos cristãos falou mais forte! Eu entendia que era muito importante ficarmos ligados à Igreja. E tal como eu, também outras pessoas pensavam que o estar ligado à Igreja dava idoneidade ao projeto”.

Natural de Vilar, Cláudia pertence à Cáritas Paroquial desde o primeiro dia, tendo sido uma das impulsionadoras deste projeto caritativo. “Depois de concebida a ideia, apresentámos o projeto ao pároco da altura, o senhor padre Leandro, que acolheu muito bem a ideia: dar resposta a pessoas que se encontravam numa situação muito complicada. Nós chamávamos os malteses, ou seja, pessoas que andavam por aí e que se encontravam em situação precária em termos de alimentação e saúde. A preocupação era o que podíamos fazer por esta gente”, recorda esta leiga, referindo que a primeira ata data de 26 de abril de 1990.

O pároco de Vilar, padre Aníbal Pinto, é o assistente eclesiástico desta Cáritas Paroquial e conta ao Jornal VOZ DAVERDADE como foram os primeiros tempos do novo projeto: “Um grupo de voluntários, primeiro numa casa particular e depois numa garagem, tinha como objetivo ajudar os necessitados, constituindo, inicialmente, um centro de dia que pudesse fornecer uma sopa e um pequeno convívio”. Durante muitos anos, este projeto “foi caminhando sem instalações e sem comodidades”, vivendo “da boa vontade das pessoas”. “Depois começaram a estruturar-se as coisas para a construção do lar. Após avanços e recuos, durante vários anos, foi possível benzer a primeira pedra do futuro lar”, conta o pároco. Esta celebração de bênção foi feita por um sacerdote filho da terra, o cónego Francisco Tito, atual vigário geral do Patriarcado de Lisboa, em 18 de dezembro de 2004. Menos de dois anos após esta primeira celebração, decorria o dia 13 de maio de 2006 quando D. Manuel Clemente, à época Bispo Auxiliar de Lisboa, benzeu o novo Lar de Nossa Senhora do Ó.

 

Serviço ao próximo

Decorreram apenas oito anos até Vilar viver novamente um dia de festa. No passado sábado, dia 17 de maio, D. Manuel Clemente regressa a esta terra, agora como Patriarca de Lisboa, para benzer as novas instalações da Cáritas Paroquial. Antes, na Missa celebrada na igreja matriz da localidade, o Patriarca salientou que o serviço ao próximo é o que mais distingue a atitude humana e destacou todo o trabalho realizado até aqui que permitiu à Cáritas de Vilar fazer crescer um sonho e torná-lo realidade. “É no serviço aos outros que falamos a linguagem que Jesus entende. O serviço é o que nos salva, o que nos faz sair de nós próprios e ir ao encontro de Deus. Isto é o cristianismo!”, observou D. Manuel Clemente, durante a homilia.

Já nas novas instalações, e antes da visita ao espaço, o presidente da direção da Cáritas Paroquial de Vilar, Sérgio Torres, num breve discurso, explicou o motivo da ampliação: “Cedo percebemos que tínhamos que fazer mais. A qualidade dos serviços e instalações fez crescer a procura em relação ao nosso apoio e foi isso que levou à ampliação das instalações”. Já o presidente da Junta de Freguesia de Vilar, Eduardo Nobre, que é também membro da direção da Cáritas, reconheceu que “a preocupação pelos outros, a solidariedade, o trabalho de todos os que tem estado à frente desta casa permitiram tirar da pobreza vários casos de urgência extrema de famílias da nossa freguesia”. Eduardo Nobre fez ainda questão de frisar o facto de a Cáritas de Vilar ser o maior empregador da freguesia, com cerca de quatro dezenas de funcionários.

Durante a bênção das instalações, o Patriarca de Lisboa sublinhou que “as épocas de crise também são, muitas vezes, épocas de decisão” e que “foi isso que a Cáritas de Vilar resolveu fazer, andando para a frente e abrindo o coração a todos com mais trabalho e serviço ao próximo”.

À entrada do Lar de Nossa Senhora do Ó, os responsáveis da Cáritas Paroquial colocaram uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, que foi benzida pelo Patriarca de Lisboa. “É somente um sinal de gratidão a Maria por toda esta obra”, refere Maria Cláudia.

 

As ‘forças’ da paróquia

Vilar é uma freguesia situada no limite sul do concelho do Cadaval, com 16,93 quilómetros quadrados de área e cerca de 1800 habitantes. “Antigamente, Vilar era cem por cento rural. Nos dias de hoje, essa realidade já é menor, porque há gente que comprou casa, vive cá mas vai trabalhar para Lisboa”, explica ao Jornal VOZ DA VERDADE o pároco, padre Aníbal Pinto, lembrando os cerca de 70 quilómetros que distam da capital portuguesa. “Apesar de ter alguma população jovem, a população de Vilar é envelhecida”, reconhece.

A paróquia de Nossa Senhora do Ó, cuja festa é celebrada a 18 de dezembro, é constituída pela comunidade da igreja paroquial e ainda por mais seis comunidades: Avenal, Pereiro, Tojeira, Vila Nova, Palhais e Rechaldeira. “A igreja paroquial está mesmo no centro destes lugares! É muito interessante como os lugares estão à volta”, salienta o pároco. Nestes seis lugares de culto, a Missa é celebrada duas vezes por mês: uma celebração vespertina e uma ferial. “Todos os sábados tenho uma Eucaristia num dos quatro lugares maiores e quando há o quinto sábado do mês vou a um dos outros dois lugares mais pequenos, rotativamente”, refere o padre Aníbal.

Apesar de ser uma comunidade pequena e algo envelhecida, o Vilar tem na catequese e nos escuteiros “as duas grandes forças da paróquia”, frisa o pároco, destacando igualmente a presença, na paróquia, dos Cursilhos de Cristandade, “que tem um grupo pequeno e que não está atualmente com muita pujança”, da Irmandade do Santíssimo, “que já é muito antiga”, de um pequeno grupo de oração, “do estilo do Renovamento Carismático”, e também do grupo bíblico. “Nestes anos, tenho tentado estar presente junto de cada um deles, na medida do possível”, refere o padre Aníbal, que é também pároco de Outeiro da Cabeça e Pero Moniz. “Em especial na catequese e nos escuteiros, tento estar presente nas atividades”, acrescenta este sacerdote que chegou ao Vilar em outubro de 2011.

 

Movimentar os jovens

A catequese, segundo o pároco, “está muito bem organizada” e tem os 10 volumes. “Temos 180 crianças e adolescentes na catequese, para pouco mais de vinte catequistas. São catequistas competentes, com uma caminhada grande feita, que têm o curso geral e de iniciação. Realmente, em relação à catequese, ela está bem organizada e com responsabilidade”.

Sobre os escuteiros, o padre Aníbal Pinto salienta o “bom agrupamento” do Vilar, constituído por cerca de 120 elementos. “Todos os escuteiros andam obrigatoriamente na catequese. Temos as quatro secções cheias, por isso, infelizmente, tivemos de limitar as inscrições nos escuteiros”, lamenta, sublinhando “a boa relação que existe entre os escuteiros e a comunidade”. “Em muitas paróquias, isso é um problema. Julgo que o importante é as chefias, desde o chefe, que no nosso caso é uma ‘chefa’, até aos chefes de cada secção. Se os chefes não for gente cristã, não for gente assídua à Igreja, depois isso tem influência no agrupamento. Mas em relação à paróquia, e isso é algo que não é só do meu tempo, tem havido um esforço para os escuteiros estarem presentes nas atividades paroquiais”, frisa.

Recentemente, o agrupamento conseguiu um novo espaço para os seus encontros e reuniões. Algo que dantes não havia, pelo menos nas condições atuais. “Foi inaugurada, há uns anos, uma nova escola na freguesia e a sede mudou-se para a antiga escola. É um espaço muito bom, que foi inaugurado já no meu tempo aqui em Vilar”, salienta o pároco.

Ainda sobre a juventude, o padre Aníbal diz ser “mais complicado” conseguir reunir um grupo de jovens paroquial. “Não tem sido fácil fazer isso… mesmo quando há o Crisma, tenta-se mas tem sido difícil”, reconhece. A explicação para esta realidade pode passar “pela presença nos escuteiros de muitos dos jovens da paróquia”. “O escutismo chama muito e assim eles já têm uma atividade de Igreja. Se não houvesse nada é que era mais preocupante. Não estão todos os jovens da freguesia, mas muitos estão”, observa.

Antes de chegar ao Vilar, há quase três anos, o padre Aníbal foi pároco de Famões durante cinco anos, entre 2006 e 2011. A área sociocaritativa era, por isso, diferente da que é vivida nesta paróquia da zona do Cadaval. “As carências alimentares no Vilar não são grandes”, manifesta. “As pessoas ou cultivam muito do que comem ou então têm familiares e amigos que os ajudam”, refere. A pastoral caritativa é, portanto, assumida pela Cáritas Paroquial.

 

Um pároco… da terra!

Esta é uma paróquia que tem dado muitas vocações à Igreja. “No último século, Vilar deu mais de 60 vocações à Igreja, entre masculinas e femininas. Há ainda uma série de irmãs vivas, sobretudo Salesianas, mas também das Servas de Nossa Senhora de Fátima, uma Beneditina, aqui há uns anos, Franciscanas…”.

Ao nível sacerdotal, a paróquia de Vilar ‘deu’ três sacerdotes à Igreja de Lisboa: o padre António Bernardino, “que morreu há cerca de 20 anos”, o cónego Francisco Tito, ordenado em 1983 e atual vigário-geral do Patriarcado de Lisboa, e… o atual pároco de Vilar, o padre Aníbal Pinto, ordenado em 4 de dezembro de 1988. “É de facto uma particularidade o Vilar ter como pároco um filho da terra! Costuma-se dizer: ‘Santos da casa não fazem milagres’, mas a verdade é que as coisas nestes três anos têm corrido bem”, aponta este sacerdote. Salientando que “não esperava” esta nomeação, que foi para si “uma surpresa”, o padre Aníbal recorda-se bem da conversa, em 2011, com o então Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, que o nomeou pároco da sua terra. “Fiquei um pouco apreensivo, mas estava à vontade porque conheço toda esta gente de Vilar e ela também me conhece, desde pequeno. Tenho aqui familiares, amigos, vizinhos, mas graças a Deus tem sido uma surpresa agradável”, garante, sublinhando “não ser muito comum um padre paroquiar na sua própria terra”. “Tenho dois irmãos a viver no Vilar: um com uma filha e outro com três, mas só cá está uma”, conta o padre Aníbal, referindo-se aos familiares de que é pastor.

Para este pároco, filho da terra, os principais desafios de futuro do Vilar passam por dar a conhecer Cristo. “Manter a chama da evangelização, tentando renová-la, como falava João Paulo II e, mais recentemente, o Papa Francisco e também o nosso Patriarca D. Manuel”.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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