No meio da agitação da cidade de Belém, há um convento onde reina um silêncio que comove todos os que o visitam. É o Convento das Carmelitas, fundado por uma jovem irmã que São João Paulo II beatificou em 1983 e que, todos os dias, continua a inspirar pequenos milagres: o da conversão dos corações apenas pela oração.
Foram alguns instantes em silêncio. O Papa Francisco aproximou-se do gigantesco muro de betão que separa a Cisjordânia do território israelita, encostou a mão e rezou. No final, benzeu-se. Não disse palavra alguma. Nem precisava. O muro, carregado de gritos escritos por mãos anónimas em árabe ou em inglês, é o símbolo mais poderoso da divisão e do medo que continuam a marcar o dia-a-dia na Terra Santa. Com a oração silenciosa junto ao muro, gesto inesperado que marcou a visita a Belém, o Papa Francisco explicou que é possível derrubar as desconfianças e fazer pontes. E, para isso, convidou os presidentes da Autoridade Palestiniana e de Israel a um momento de oração pela paz, no Vaticano, que ambos prontamente aceitaram.
Convento das Carmelitas
Fazer pontes através da oração faz parte do quotidiano das Irmãs Carmelitas. Perto do local onde decorreu a Missa do Papa Francisco, no número 119 da Rua Jamal Abdel Nasser, fica situado um edifício todo em pedra, como se fosse um enorme círculo de onde sobressaem várias janelas, todas elas com grades. É o Convento das Carmelitas de Belém. São apenas 15 as irmãs que vivem por lá. Algumas são ainda muito jovens, mas todas compreenderam imediatamente o enorme alcance do gesto do Papa. Elas conhecem bem o poder da oração desde que, um dia, decidiram entregar as suas vidas a Deus, através do silêncio, da contemplação e do trabalho.
É muito importante a permanência destas irmãs na Terra Santa. Elas sabem disso. O convento foi fundado por uma jovem religiosa, Mariam Baouardy, conhecida por todos como “a pequena árabe”, e que São João Paulo II beatificou em 1983.
A pequena árabe
A sua história continua a impressionar todos os que visitam o convento. Desde muito jovem que Mariam vivia para Deus e entregava todo o seu tempo à oração. De origem muito humilde – mal sabia ler e rabiscava apenas o seu nome em árabe - a obsessão de uma espiritualidade muito forte conduziu-a até à vida religiosa, tendo recebido os excepcionais dons místicos dos estigmas e da levitação. De tal forma que, dois anos depois de ter iniciado o noviciado na Congregação das Irmãs de São José da Aparição, não a deixaram fazer a profissão religiosa, tendo-a convidado a ingressar antes numa congregação contemplativa. É assim que ingressa no Carmelo, onde recebe o nome de Irmã Miriam de Jesus Crucificado. Persistente, no dia 21 de Novembro de 1876 funda o Carmelo na cidade de Belém.
Local de peregrinação
Hoje, a fama da sua santidade transformou este convento num local de peregrinação. Praticamente todos os dias chegam autocarros com turistas que querem conhecer um pouco mais da história desta jovem que faleceu aos 33 anos e cuja vida não deixa de surpreender pela enorme fidelidade às coisas do Céu.
Porém, o convento é muito mais do que um simples local de peregrinação. É um espaço aberto a todos onde se abraça o mundo inteiro através da oração. São apenas 15 irmãs. Elas vivem do trabalho manual, costurando e bordando vestes litúrgicas e fazendo hóstias para as igrejas de Belém. Não têm qualquer outra fonte de rendimento e por isso agradecem todo o apoio que a Fundação AIS lhes dá para conseguirem instalar num dos jardins da casa um pequeno museu onde possam mais facilmente mostrar a todos os visitantes quem foi a pequena árabe.
Ficar na Terra Santa
Estas 15 irmãs sabem que a sua presença em Belém, hoje em dia, na terra onde Jesus nasceu, é também simbólica pois vive-se um tempo em que cada vez há menos famílias cristãs na Terra Santa. Mas é também um sinal muito vivo de que os cristãos podem ajudar a fazer pontes entre israelitas e palestinianos, como o Papa Francisco demonstrou ao rezar junto ao muro de betão que separa estes territórios do Estado de Israel.
A madre superiora, a Irmã Lucyna Seweryniak, sabe bem que este convento fundado pela “pequena árabe” é um lugar muito especial. Lá dentro reina uma paz que contrasta com o ruído da cidade e, talvez também por causa da simpatia das irmãs, todos os que visitam o convento sentem-se em casa, sejam cristãos, muçulmanos ou judeus. E são muitos os que lhes pedem ajuda. Sorrindo, a madre superiora explica o pedido que mais vezes escuta dos que visitam o convento como simples turistas e que saem de lá com o coração convertido. “Ensinem-nos a rezar! Não podemos ir ter convosco, nem que seja uma vez por mês, para nos ensinarem orações?”
A jovem irmã que São João Paulo II beatificou em 1983, continua a inspirar pequenos milagres todos os dias. O da conversão dos corações apenas pela oração é, nos dias que correm, na Terra Santa, um dos mais importantes que se podem desejar.
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