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À procura da Palavra
Deus surpreendente
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SANTÍSSIMA TRINDADE Ano A

"Deus amou tanto o mundo

que entregou o seu Filho Unigénito.”

Jo 3, 16

 

Falar da Trindade é sempre difícil. É claro que os teólogos, os doutores da Igreja, de Santo Agostinho a Karl Rahner e todos os que procuram entrar um pouco mais no mistério de Deus, se esforçam por iluminar-nos o pensamento. Da criança que Santo Agostinho vê a tentar colocar o mar na pequena cova escavada na areia, à tentativa do padre de aldeia em explicar a Trindade como se fosse “um presunto” (o Pai “o osso”, o Filho “a carne”, e o Espírito Santo “o toucinho” – por favor, não quero escandalizar ninguém, – mas a dúvida levantada por um dos assistentes, “então e o courato, senhor prior?” responde por si ao limite das comparações), sentimo-nos sempre pequenos perante a grandeza de um Deus em três Pessoas.

Apreciando o esforço intelectual que nos leva sempre mais perto do mistério (quando é busca humilde e aberta) creio que são os pintores, os poetas, os músicos, os artistas,… enfim, quem melhor nos aproxima deste “ver Deus como Ele é”, prometido por S. João (cf. 1 Jo 3, 2). Como não ficar maravilhado perante o ícone da Trindade de A. Rublev, os poemas de S. João da Cruz, ou as melodias de Hildegarda de Bingen? Há um dinamismo de alegria e de festa quando se fala da Trindade ou quando se procura representá-la, pois é esse o dinamismo de amor das Pessoas Divinas, como um abraço de amor em que se entrelaçam. Disse um dia Nietzche: “Só acreditaria num Deus que soubesse dançar!” E o teólogo protestante Karl Barth parece responder-lhe numa frase: “A Trindade de Deus é o mistério da sua beleza. Negá-la é ter um Deus sem esplendor, sem alegria (e sem humor!), um Deus sem beleza.”    

Mas o nosso Deus não só é cheio de beleza como está sempre a despertar-nos para ela. Ele é o Deus que fala mas também se fez Homem. É o Deus que faz ponte entre os céus e a terra. É o Deus que vence a morte. E essa é a maior beleza que o tempo pode conter: saber que está enxertado na eternidade! A beleza é sempre surpreendente. Faz-nos dançar por dentro, rompe com as prisões de preconceito e rotina, liberta as paralisias a que nos habituamos, recria-nos de novo. Dá à nossa mente e ao coração, ao olhar e às mãos a possibilidade de também sermos surpreendentes. Como tão bem o Papa Francisco disse, no Regina Coeli do passado Domingo de Pentecostes: “Se a Igreja está viva, deve sempre surpreender. É próprio da Igreja viva surpreender. Uma Igreja que não tenha a capacidade de surpreender é uma Igreja débil, doente, moribunda e deve ser recuperada na sala de rwanimação, o quanto antes! (…) É uma Igreja que não se resigna a ser inócua, destilada. Não, não se resigna a isto! Não quer ser um elemento decorativo. É uma Igreja que não hesita em saír fora, ao encontro das pessoas, para anunciar a mensagem que lhe foi confiada.”

Criados à imagem de Deus, que fazemos desta “arte” de surpreender, desta fonte cristalina que o Pai, o Filho e o Espírito Santo não deixam de oferecer a cada um de nós?

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