Missão |
José Eugénio Vieira
Encontrar Deus na Música
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Sonhou ser motorista, mas Deus trocou-lhe as voltas. Ingressou no seminário quando a Europa estava em guerra e a música, vocação que estava escondida, começou a revelar-se e transformou a sua vida por completo. Hoje, José Eugénio Vieira é maestro e o Coro Laudate, que fundou em Benfica, comemora já 40 anos.

 

“Uma saudação afectuosa (…) nomeadamente aos membros do ‘Coro Laudate’. Nunca vos canseis de cantar a esperança, a coragem e a alegria que Cristo ressuscitado gera no coração que n'Ele acredita e com Ele vive”. José Eugénio Vieira nunca mais vai esquecer estas palavras proferidas por São João Paulo II, em 1997, em Castel Gandolfo. Então, o Coro Laudate, que fundou na paróquia de São Domingos de Benfica, há precisamente 40 anos, foi uma das principais estrelas de um festival que reuniu mais de uma centena de coros de 27 países, e cuja atuação foi particularmente comentada pela Rádio Vaticano.

O maestro José Eugénio, como é conhecido, nasceu em Assenta, uma pequena aldeia em Torres Vedras, em 1944, numa família rural numerosa, sendo o sétimo de oito filhos. Na sua memória, sempre que recua até aos tempos da infância, está a oração do terço, todos os dias, logo após o jantar. Porém, apesar dessa enorme religiosidade familiar, tinha o sonho de ser motorista. Influenciado pelo pároco Xavier Félix e pelo tio materno, cónego Eugénio dos Santos, acabou por ingressar aos 10 anos no Seminário Patriarcal de Santarém.

 

A descoberta da música

E foi aí que tudo aconteceu. Manifestando grande apetência musical, foi escolhido, logo aos 11 anos, para a primeira “Schola Cantorum Gregoriana” sob orientação do prof. Pe. Fernando Lopes e para o “Coro Polifónico”, orientado pelo professor Pe. Carlos Veríssimo. Continuou os seus estudos no Seminário Patriarcal de Almada, orientado na música pelo Pe. Adriano Nunes, integrando o grande coro que cantaria, em 1959, na inauguração do Monumento a Cristo Rei. Em 1963 ingressa no Seminário Patriarcal dos Olivais onde completa o curso de Filosofia e termina o 2º ano de Teologia. Aqui trabalhou na “Schola Cantorum” com o Pe. Manuel Luís, cantando em todas as grandes Celebrações da Sé Patriarcal de Lisboa e na inauguração em 1966 do Panteão Nacional. Em 1967 ingressou no Instituto Superior de Psicologia Aplicada.

 

O Coro Laudate

Nesse mesmo ano, oferece-se como colaborador e formador na área da Música, Catequese e posteriormente no CPM na Paróquia de S. Domingos de Benfica, uma comunidade que dava os seus primeiros passos sob a direção do pároco Carlos dos Santos. Agregador de vontades, mobilizador por excelência, seria o padre Santos a pedir a José Eugénio apoio para o serviço litúrgico. E assim nasce, em 1974, o Coro Laudate. Na paróquia faltava quase tudo, mas isso era apenas um pormenor que não conseguiu arrefecer o entusiasmo e a energia dos que ajudaram a nascer a paróquia e assim a servir a Deus. Em 1972, após 3 anos de serviço militar, o maestro celebra o Sacramento do Matrimónio dando assim, em uníssono com a sua esposa, a total disponibilidade para continuarem a crescer na Fé e a aceitarem os desafios do Amor de Deus nas suas vidas. Deste amor nascem 2 filhos, também futuros colaboradores na paróquia na área da Liturgia.

 

Meio de envangelização

A música foi ganhando, aos poucos, cada vez mais importância na sua vida. Participou em diversos estágios de direção coral e frequentou o Curso Internacional de Direção e Pedagogia Coral no Instituto Piaget. De 1987 a 1997 foi membro do Conselho Diocesano do Patriarcado e membro da Comissão Diocesana de Música Sacra. Desde 2001 é responsável pelo Arquivo de Música da Sé Patriarcal de Lisboa. A música sacra é, para o maestro, um meio de evangelização.

 

Encontros com João Paulo II

São já incontáveis as participações do Coro Laudate desde que foi fundado há 40 anos. No entanto, quando procura recordar um momento especial, o maestro Eugénio Vieira lembra logo o ano de 1997 quando se encontrou, pela terceira vez com João Paulo II. “Três dos momentos mais importantes a nível pessoal e coral estão relacionados com o Papa João Paulo II. O primeiro, em 1989, em Roma, por ocasião do II Congresso Mundial de Maestri di Capella em representação de Portugal, participando 1100 elementos de 37 países, e tive o privilégio de ser escolhido com mais 5 elementos para cantar o Ofício de Vésperas na abertura do retiro quaresmal de SS. o Papa João Paulo II na sua Capela privada. O segundo, em 1991, quando fui responsável pela orientação musical do Coro Laudate com outros coros na visita de SS a Lisboa e Fátima. E o terceiro, em 1997, quando dirigi o Coro Laudate no Santuário de Loreto. Neste período a passagem do Coro por Roma foi muito comentada na Rádio Vaticano e mereceu uma mensagem carinhosa do Papa ao receber o Coro em Castel Gandolfo. Foi muito emotivo! São momentos grandiosos como estes que minimizam todos os sacrifícios surgidos, justificam uma total entrega ao serviço da Igreja, ao serviço de Deus, deixando muitas vezes para trás outras causas tão importantes como a família, a saúde, os amigos, e nos trazem felicidade. A eles agradeço também o apoio incondicional ao longo destes anos”, termina, de forma emotiva.

texto por Ana Vieira Vinhas; fotos por Coro Laudate
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