Lisboa |
Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo
“Celebrar o Corpo de Deus é relembrar uma história de amor”
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Uma história de amor. Aliás, “a mais verdadeira e autêntica história de amor”. Assim se referiu o Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, à Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo que presidiu no passado Domingo, 22 de junho, na Sé de Lisboa.

 

Uma caminhada sinodal em “modo profundamente eucarístico”. Este foi o desejo expresso pelo Patriarca de Lisboa durante a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. D. Manuel Clemente, que pela primeira vez enquanto Patriarca presidiu ao Corpo de Deus na Sé de Lisboa, lembrou palavras do Papa Francisco. “Começamos agora o caminho sinodal da Igreja de Lisboa, partilhando o grande sonho do Papa Francisco, o “sonho missionário de chegar a todos”. Cumpramo-lo então e de modo profundamente eucarístico. Oiçamo-lo na exortação Evangelii Gaudium (nº 264): «A primeira motivação para evangelizar é o amor que recebemos de Jesus, aquela experiência de sermos salvos por Ele que nos impele a amá-lo cada vez mais. Com efeito, um amor que não sentisse a necessidade de falar da pessoa amada, de a apresentar, de a tornar conhecida, que amor seria? (…) Como é doce permanecer diante dum crucifixo ou de joelhos diante do Santíssimo Sacramento, e fazê-lo simplesmente para estar à frente dos seus olhos! Como nos faz bem deixar que Ele volte a tocar a nossa vida e nos envie para comunicar a sua vida nova!»”, citou D. Manuel Clemente, convidando, no final da sua homilia, os cristãos a saciarem a fome do mundo com Deus: “Celebraremos assim o Corpo de Deus completo e perfeito, como pode e deve ser no mundo, por Cristo e em nós, no mesmo Espírito de vida e amor. Festejemo-lo agora e alarguemo-lo depois. Saciemos com Deus a fome do mundo, saciemos no mundo a fome divina. A que Jesus tinha de nós, a que tão profundamente temos de Deus”.

 

Alimento

Nesta celebração matinal na Sé, o Patriarca de Lisboa falou também de compaixão. “O Corpo de Deus demonstra-nos a compaixão divina no olhar de Jesus. O corpo de Deus fala-nos com a autoridade absoluta com que atraía a tantos e calava os demais. O corpo de Deus suporta-nos na paciência infinita com que sofreu as nossas dores, salvando-as sob o peso delas. O Corpo de Deus alimenta-nos com tudo o que Cristo transporta, oferece e salva. Sustenta-nos em Deus e para Deus; para sempre, como também ouvimos: «Este é o pão que desceu do Céu; não é como aquele que os vossos pais comeram, e morreram; quem comer deste pão viverá eternamente». Assim com Jesus, Corpo de Deus no mundo para alimentar definitivamente a quem O aceite. Pão disponível, como ficou naquela ceia, que é a última porque é a única”.

 

Corpo de Cristo no mundo

A Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo foi também o momento em que D. Manuel apelou à comunhão, lembrando que a Igreja é o corpo de Cristo no mundo. “Se nos alimentamos de Cristo, palavra e sacramento, formamos com Ele e entre nós um só corpo, exprimindo o mesmo sentimento de um Deus que de si mesmo nos sustenta e que, também de si, nos oferece ao mundo, como Cristo continuado em todos os confins da terra e em cada ocasião do tempo. Não é de modo algum por acaso que cada celebração eucarística se conclui, ou melhor, se expande, com palavras de envio: «Ide em paz e o Senhor vos acompanhe!». É Ele que vai connosco, para, através de nós, acompanhar a todos, colmatando assim a imensa solidão do mundo. Como Ele é “pão”, é assim por nós, que O recebemos, que quer alimentar o mundo. Já o dissera na multiplicação dos pães: «Dai-lhes vós mesmos de comer!». Somos nós também, somos nós agora, urgentemente agora, o corpo de Cristo no mundo, o pão de Deus para matar tanta fome: fome de vida e fome de paz, fome de alimentos e fome de companhia, fome de trabalho e fome de verdade. Fome das vidas sem Deus e fome divina de conviver com todos”, garantiu.

 

Amor

A palavra amor foi também a tónica da homilia do Patriarca de Lisboa. “Celebrar o Corpo de Deus é relembrar uma história de amor. A mais verdadeira e autêntica história de amor. Precisamente o amor de Deus como se manifestou no tempo, como culminou em Cristo e como se há-de manifestar muito concretamente agora”, sublinhava D. Manuel Clemente no início da homilia. Questionando porque foi “necessário que o próprio Deus se fizesse em Cristo o pão da nossa vida”, D. Manuel referiu que “adiantam-se duas razões: porque é essa a lógica do amor, que do dar coisas passa ao dar-se a si mesmo; e porque tinha de ultrapassar o excessivo esquecimento nosso pelo excessivo entregar-se seu”. Neste sentido, acrescentou, “o corpo de Jesus Cristo, filho de Maria, em primeira aceção” é “a expressão física da vontade de Deus em estar connosco e da vontade, finalmente humana, de estar com Deus”.

 

“Jesus Cristo, a Eucaristia do mundo”

Após a celebração, a Sé de Lisboa viveu um momento de Adoração do Santíssimo Sacramento. Foram muitos os cristãos da cidade que se aproximaram de Deus através deste momento de oração. Ao final da tarde, a Solene Procissão do Corpo de Deus percorreu diversas ruas da cidade de Lisboa (Rua das Pedras Negras, Rua da Madalena, Rua dos Condes de Monsanto, Praça da Figueira, Rua da Prata, Rua da Conceição, Rua de Santo António à Sé). No final, no Largo da Sé, a procissão terminou com a tradicional bênção pelo Patriarca de Lisboa. “É bom que saiamos em procissão, pelo menos neste dia do Corpo Eucarístico do Senhor, para percebermos que somos o seu corpo eclesial”, afirmou. Para D. Manuel Clemente, a procissão do passado Domingo é uma demonstração de fé e uma maneira de recordar que “a resposta do Senhor continua a ser: ‘dai-lhes vós mesmos de comer, o comer que Eu sou, o alimento que Eu sou, a força que Eu vos ofereço’. O Senhor Jesus Cristo, a Eucaristia do mundo, é connosco levado em presença, em presença que é a d’Ele através de nós”, sublinhou.

Num Largo da Sé repleto de fiéis, o Patriarca de Lisboa desafiou os católicos a abrir os Evangelhos no capítulo VI do Evangelho de São João, no discurso do pão da vida. “Deixemos que aquelas palavras alimentem o nosso coração, para depois, através do nosso coração, alimentar todos aqueles que precisam de ser sustentados do mesmo modo. Temos as nossas igrejas perto, a nossa cidade tem tantas, talvez até tenhamos que arranjar maneira de as ter mais abertas e mais disponíveis, porque o Senhor está ali no sacramento”, garantiu o Patriarca de Lisboa.

texto por Diogo Paiva Brandão; fotos por Arautos do Evangelho
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