O Patriarca de Lisboa lembrou a importância do celibato aos dois novos padres que ordenou no passado Domingo, 29 de junho, referindo que “o cristianismo autêntico mantém e oferece” esta opção de vida. Nos Jerónimos, D. Manuel Clemente ordenou sacerdotes Francisco Simões e Manuel Charumbo, do Seminário ‘Redemptoris Mater’, que assim se tornaram nos primeiros padres ordenados pelo atual Patriarca.
No dia litúrgico em que a Igreja celebrou a Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, o Patriarca de Lisboa, na homilia das ordenações, refletiu sobre o “ser igreja” e a sua missão para a evangelização do mundo. D. Manuel Clemente referiu mesmo estar certo da única autoria de todas as coisas que acontecem e vão acontecer na Igreja: “Recursos, ministros, entusiasmo e criatividade, tratando-se da Igreja de Cristo, é Deus e só Deus que insubstituivelmente os garante. A evangelização e os seus sucessos são unicamente garantidos por Deus e só com Deus irão por diante, em campo livre”, garante o Patriarca de Lisboa.
A oração como fonte de autenticidade
Estas ordenações sacerdotais acontecem também no momento em que a Igreja de Lisboa inicia a sua “caminhada sinodal” até 2016. Os padres Francisco Simões e Manuel Charumbo são, por isso, os primeiros ‘padres sinodais’, no entender do Patriarca. Com o propósito firme de “chegar a todos”, D. Manuel Clemente aponta a oração como princípio de todos os esforços: “É o ardor da fé no calor orante que origina sempre o modo e o tom da evangelização oportuna. Nada há na vida de Cristo que não brote da sua intimidade com o Pai, filial e constante. Nada haverá de autenticamente cristão que não brote de igual fonte, como inesgotável manancial. No caminho sinodal da Igreja de Lisboa, a oração há-de estar sempre e em toda a parte no princípio, no meio e no fim de tudo o que se faça, como inspiração e primeiríssima garantia”, refere o Patriarca de Lisboa.
Sem medo da realidade definitiva
Perante as centenas de fiéis que encheram a igreja do Mosteiros dos Jerónimos, o Patriarca lembrou também que “a vida se orienta para realidades definitivas”, lembrando o exemplo do Apóstolo Paulo que “desde que fora alcançado pelo Ressuscitado, (…) não quisera outra coisa senão alcançá-Lo também e levar a todos no mesmo encalço”. Desta forma, segundo D. Manuel Clemente, se projeta a evangelização: “A evangelização não é sobretudo a salvaguarda do que está e como está, mas abertura à realidade definitiva, que em Cristo ressuscitado nos é oferecida. Se não compreendermos isto, nunca passaremos da religiosidade natural, para não dizer pagã, à religião de Cristo que é ansiar por Ele”.
Celibato
“O celibato e a virgindade consagrada alargam o horizonte e o coração, quer para a paternidade pastoral dos sacerdotes, quer para a universal maternidade da Igreja”, defendeu D. Manuel Clemente, perante os fiéis presentes e dirigindo-se de forma particular aos sacerdotes que foram ordenados nesta celebração. A vida celibatária e virginal foi-se “afirmando entre muitos cristãos e cristãs, monges e monjas, clérigos também e em número crescente, antes até das normas canónicas o preverem”. Para o Patriarca de Lisboa, “esquecer este facto não é apenas ignorar a história. É atenuar o que não pode ser atenuado, como desafio escatológico, definitivo e completo da vocação cristã”. Algo que “o sensualismo dominante da subcultura contemporânea não aceita, mas que o cristianismo autêntico mantém e oferece”, refere D. Manuel Clemente.
Na celebração, que foi concelebrada pelos Bispos Auxiliares de Lisboa D. Joaquim Mendes e D. Nuno Brás e por dezenas de sacerdotes, o Patriarca de Lisboa agradeceu às famílias dos novos sacerdotes pelo dom da vida que ali era oferecido à Igreja e evocou a memória do Cardeal-Patriarca D. José Policarpo que fundou o Seminário ‘Redemptoris Mater’ de Lisboa, no ano 2000, e do qual proveem estes dois sacerdotes.
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Familiares e amigos dos ordinandos viajam de longe para marcar presença na ordenação
Os novos padres Francisco Simões e Manuel Charumbo, além da vocação ao sacerdócio, têm em comum o facto de terem proveniências distantes de Lisboa. De Évora e de Luanda, em Angola, a distância foi o que menos importou aos familiares dos novos sacerdotes que quiseram estar presentes num momento tão importante.
Joaquim Simões, pai do agora padre Francisco, não esconde ao Jornal VOZ DA VERDADE a alegria familiar pela ordenação do seu filho: “Nós somos uns felizardos por termos uma família com vocações! Sabemos que não é pelos nossos méritos e por isso agradecemos a Deus e à Igreja”. Para esta família que viajou de Évora, o momento da ordenação do seu filho Francisco encontra paralelismo com a entrada, há 10 anos, da sua filha mais velha num convento de clausura, em Campo Maior. Para Joaquim Simões, as vocações consagradas que nasceram na sua família são fruto de “uma realidade nova na Igreja que é o Caminho Neocatecumenal”, na qual se inserem. “É um sinal de esperança e renovação para a Igreja”, conclui. De Évora estiveram presentes muitas pessoas da comunidade neocatecumenal de que Francisco faz parte, e também muitos amigos, alguns até de fora da Igreja, o que é “muito representativo do testemunho que o Francisco deixou”, refere Joaquim Simões.
Uma vocação que transforma
De Luanda viajaram mais de 50 pessoas para, propositadamente, participarem na ordenação do seu conterrâneo, o agora padre Manuel Charumbo. A sua mãe, Conceição Charumbo, garante ao Jornal VOZ DA VERDADE que “a família está toda unida nesta missão” que foi confiada ao Manuel e deseja que “Deus o acompanhe sempre”. Por seu lado, André confessa que ficou surpreendido por esta opção do seu irmão e reconhece que isso também está a trazer uma mudança na sua vida: “Surpreendeu-me muito esta opção de vida do meu irmão Manuel! Tenho estado fora da Igreja, mas com esta força que veio com a ordenação sacerdotal do meu irmão estou a pensar retomar a caminhada em Igreja”, assume, decidido, André Charumbo.
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“Contai com o Senhor”
Durante a vigília de oração pelos ordinandos, que decorreu na sexta-feira anterior à ordenação, na Sé de Lisboa, D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa, apelou aos ordinandos Francisco Simões, de 30 anos, e Manuel Charumbo, de 38 anos, a que se deixem conformar pela figura do Bom Pastor: “Não vos esqueçais nunca de que sois pastores com os pastores e no seio do rebanho. Procurai ser Bons Pastores. É um trabalho, uma luta diária que não consente tréguas, esta a de conformar o nosso coração à imagem do Bom Pastor. Que seja Cristo a mostrar-se na vossa vida: que seja Ele, o seu amor e a Sua misericórdia, a encontrar aqueles que vos serão confiados. Contai com o Senhor”, convidou.
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