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Patriarca de Lisboa benze e inaugura Centro Paroquial de Alfornelos
“O que o cristianismo tem de convincente é o seu acontecer!”
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Depois do centro social, no ano 2000, e da igreja paroquial, em 2009, foi agora inaugurado, pelo Patriarca de Lisboa, o Centro Paroquial de Alfornelos, uma obra que conclui as ‘pedras’ desta paróquia da Vigararia da Amadora e que mostra, segundo D. Manuel Clemente, como “Deus acontece no mundo” pela ação dos cristãos.

 

“Era uma obra fundamental para a comunidade”. É desta forma que o pároco de Alfornelos, padre Sidónio Peixe, vê a inauguração do Centro Paroquial da Igreja de Alfornelos, no passado Domingo, 13 de julho. Uma obra que vem completar a criação do centro social, em setembro de 2000, e a dedicação da igreja paroquial, em 4 de outubro de 2009. Com todas as ‘pedras’ construídas, é agora tempo de aumentar as ‘pedras vivas’, indo ao encontro das que estão fora da comunidade cristã? O padre Peixe entende que esse trabalho não começa agora porque já teve o seu início há 40 anos. “A construção da igreja, do centro social e agora do centro paroquial era uma necessidade, mas a Igreja principal não é esta, é a que começou a ser ‘construída’ em 1975, com a ajuda, no início, dos Padres Dehonianos, depois dos outros padres que aqui passaram, como párocos e coadjutores, mas também dos leigos”, frisa ao Jornal VOZ DA VERDADE o atual pároco, que tem como coadjutor o padre Romualdo Carbajal Salas.

 

De vicariato a quase-paróquia

Estávamos “no Verão quente de 1975” quando o padre Sidónio Peixe chegou a Alfornelos, que então era apenas um lugar. Uns meses mais tarde, o Patriarca D. António Ribeiro, por decreto de 12 de dezembro de 1975, constitui o Vicariato Paroquial da Brandoa, do qual fazia parte todo o território de Alfornelos. “Passei nove anos a trabalhar nas infraestruturas para que se pudesse criar uma paróquia nova e passados esses anos foi criada, em dezembro de 1984, a quase-paróquia de Alfornelos, que foi entregue ao padre Jardim Gonçalves, que esteve seis anos como pároco, entre 1984 e 1990. Seguiu-se o cónego Fulgêncio de Andrade, que ficou em Alfornelos por oito anos. Em 1998, o Cardeal-Patriarca D. José Policarpo pediu-me para vir tomar conta da paróquia”, refere o atual pároco, de 76 anos. Com a primeira passagem, entre 1975 e 1984, e esta segunda, desde 1998 até aos dias de hoje, são já 25 os anos que o padre Peixe está em Alfornelos.

 

Obra social

Alfornelos é uma pequena terra do concelho da Amadora, com 0,85 quilómetros quadrados de área, que tem oficialmente 10439 habitantes, segundo os Censos de 2011. O pároco, contudo, sublinha que a população atual é em maior número. “Acredito que haja perto de 20 mil pessoas em Alfornelos. Há muita gente de fora, sobretudo africanos e muçulmanos, mas esta é uma terra com gente originária de todos os lados do país”, destaca, recordando como era Alfornelos há 40 anos: “Quando cá cheguei, em 1975, praticamente não existia aqui nada… havia três bairros clandestinos, o Bairro Azinhaga dos Besouros, o Caminho de Alfornel e a Casa de Alfornel, que circundavam a zona onde hoje está a igreja paroquial. No centro, praticamente não existia nada! A grande construção aconteceu entre 1975 e 1980/85”.

No final dos anos 70, os católicos começaram a sentir a necessidade de encontrar um local onde se pudessem congregar. Por cedência temporária de Manuel Alves Ribeiro, foram disponibilizadas à paróquia umas instalações provisórias, que acabaram por ser utilizadas durante 20 anos. Em 1979, foi celebrado um contrato-promessa de doação pela Câmara Municipal de Oeiras – na época, não existia ainda o município da Amadora – de um lote de terreno a favor da igreja paroquial, com área aproximada de 4 mil metros quadrados. Trata-se do terreno onde hoje se encontra implantado o edifício do centro social paroquial e a igreja de Alfornelos. “Não havia nenhum local de culto, pelo que tivemos de ir celebrando em instalações provisórias, que serviram!”, salienta o pároco.
A obra social foi, por isso, “um grande desafio que a paróquia teve de enfrentar”, refere o padre Sidónio Peixe, garantindo que, ao longo dos anos, “não foram descurados os outros aspetos da pastoral” em Alfornelos, como “a evangelização, com a catequese para crianças e adultos, a formação de comunidades Neocatecumenais, os Carismáticos, a LIAM – Liga Intensificadora da Ação Missionária ou a Legião de Maria”.

 

O ‘sonho’ escutista e os ‘Grupos Pós-Crisma’

A criação de um agrupamento de escuteiros é, atualmente, o grande desejo pastoral do pároco de Alfornelos. “Vamos agora enviar para a Junta Regional do CNE – Corpo Nacional de Escutas o nome das pessoas que vão dar início aos escuteiros em Alfornelos. Um dos dirigentes já foi, inclusive, chefe de agrupamento noutra paróquia, de maneira que este mês vamos avançar com esse projeto”, garante o padre Peixe, sublinhando haver “muitos pais, e muitas crianças, desejosos do início da atividade dos escuteiros em Alfornelos”. No novo edifício, agora inaugurado, há já lugar para ficar instalada a sede do futuro agrupamento. “A expectativa é inaugurar o agrupamento de escuteiros, mas não sabemos ainda quando será possível, uma vez que isso depende da Junta Regional que vai avaliar o projeto”, refere.

Neste ano pastoral 2013/2014, que agora termina, esta paróquia da Vigararia da Amadora teve 23 grupos de catequese, com 21 catequistas, 180 crianças e 47 adolescentes. Além dos grupos de jovens paroquiais, Alfornelos procura motivar a juventude para um projeto que tem tido “um forte acolhimento” na paróquia: os chamados ‘Grupos Pós-Crisma’. “Temos atualmente 18 grupos, com cerca de oito a dez elementos cada, que são garantidos por casais da paróquia. Todas as sextas-feiras à noite, em casa de cada casal, os grupos cumprem diversas etapas, com temas que vão estudando e rezando. Há também momentos de retiro e para confissões. O ano passado eram dez grupos e este ano criaram-se mais oito, porque eles quiseram continuar”, explica o pároco.

 

A música como polo de evangelização

A Escola de Música da paróquia de Alfornelos foi criada em 1990, com o impulso do então pároco, padre Jardim Gonçalves, e hoje tem perto de 100 elementos, desde os 4-5 anos até à casa dos 30. Mário João Barros é professor nesta escola e frisa ao Jornal VOZ DA VERDADE que esta escola de música “tem de primar pela qualidade”. “Temos jovens que estão nesta escola e que paralelamente estão a estudar no Instituto Gregoriano, como duas meninas organistas que vão agora para o 5º e 6º grau”. Por outro lado, a Escola de Música da paróquia de Alfornelos foi criada “com o objetivo de dinamizar a própria liturgia”, refere este leigo. “Se nós não tivermos uma escola de música, estamos sempre condicionados por pessoas que vêm de fora para fazer a animação litúrgica. Muitas vezes eram os seminaristas de Alfragide, dos Padres Dehonianos, que nos vinham ajudar”, salienta este antigo seminarista, que hoje é casado e pai de dois filhos. Para sublinhar a importância deste espaço de formação, Mário dá o exemplo de dois jovens, “que estavam completamente desmotivados na escola oficial” e que “após tirarem o curso de música na paróquia fizeram o curso profissional de música e hoje são professores”. “Temos procurado fazer com que a Escola de Música esteja ao serviço da paróquia e seja mais um setor de evangelização”, aponta este professor.

Ainda ao nível cultural, Mário João Barros destaca a importância, em duas vertentes, das festas organizadas pela paróquia de Alfornelos: “A angariação de fundos e o aspeto de desenvolvimento cultural. A partir da nova evangelização, o senhor padre Peixe entendeu fortalecer este grupo cultural da paróquia e temos procurado organizar encontros multiculturais, com ‘Semanas da Índia’, ‘Semanas de África’, e diversas conferências”. As Festas de São Francisco de Assis, padroeiro da paróquia, e a ‘Prova das Sopas’, são também, atualmente, dois marcos da paróquia de Alfornelos que “congregam muitas pessoas”.

 

O ‘segredo’ do pároco

Mário João Barros pertence também à direção do Centro Social Paroquial de Alfornelos, que foi inaugurado a 10 de setembro do ano 2000, pelo então Cardeal-Patriarca D. José Policarpo, e refere que esta obra caritativa apoia mais de meio milhar de pessoas. “Nas valências de infância temos a creche, para 63 crianças, o pré-escolar, para 147, o CATL (Centro de Atividades de Tempos Livres) 1º Ciclo, para 100 crianças, e o CATL 2º Ciclo, com 25 crianças. Para os idosos, temos o centro de convívio, para 20 utentes, centro de dia, para 50 idosos, e serviço de apoio ao domicílio também para 50 utentes”. Além destas valências, o centro social, que é um dos maiores empregadores da zona, com 42 funcionários, dispõe ainda do serviço de Banco Alimentar, que apoia, em pareceria com a freguesia, 32 famílias, “que representam com certeza mais de 100 pessoas”, e o banco de roupa, “garantido por voluntários da paróquia”. “Graças a Deus, esta paróquia tem um voluntariado com muita qualidade e muito boa vontade”, sublinha Mário. “O nosso pároco conseguiu congregar muita gente na paróquia! Desde a sua inauguração que temos a igreja permanentemente aberta, todo o dia! Todo o secretariado e cartório, mas também as capelas mortuárias são assegurados com voluntariado. Só assim conseguimos manter toda esta obra que temos”, acrescenta. Para o padre Peixe, os leigos são mesmo o ‘segredo’ para o bom funcionamento da paróquia. “Os leigos, em Alfornelos, são fundamentais! Aliás, o segredo são os leigos!”, garante.

 

A realidade do Evangelho

As novas instalações benzidas e inauguradas no passado Domingo, pelo Patriarca de Lisboa, ficam situadas na zona inferior da igreja paroquial e compreendem a secretaria de acolhimento, dois gabinetes para o pároco e coadjutores, cinco salas para a catequese e reuniões, o auditório e o bar convívio. Antes de benzer o novo edifício, D. Manuel Clemente presidiu à Eucaristia, lembrando que aquela obra foi feita em “glória de Deus” e para “benefício de todos”. “Esta obra que hoje vamos abençoar é glória de Deus! Porque surge como fruto da ação de uma comunidade cristã, onde Cristo continua, em benefício de todos aqueles que a ela recorrem. Por isso, quer no culto, quer no social, quer na transmissão da Palavra, tudo isto é irradiação da glória de Deus”, observou.

Referindo-se à “bonita paróquia de Alfornelos”, o Patriarca de Lisboa lembrou as obras inauguradas nestes últimos anos nesta comunidade e manifestou que “quando há corações disponíveis para acolher Deus, depois Deus acontece no mundo”. Na sua homilia, D. Manuel Clemente destacou, em especial, que “o melhor que acontece nas comunidades cristãs é a verificação de que nos vários locais, pela presença de Jesus Cristo, se reproduz a realidade do Evangelho”.

O Patriarca de Lisboa convidou ainda a paróquia de Alfornelos a “ter, sobre tudo e sobre todos, aquele olhar que Jesus tinha e que o Evangelho reflete – um olhar de interesse, um olhar de solidariedade profunda, quer com tudo aquilo que o ser humano precisa na sua dimensão corporal, como na sua dimensão espiritual, quer familiar, quer coletiva, em todos os campos da realização humana”.

Observando, por fim, que “o que o cristianismo tem de convincente é o seu acontecer”, D. Manuel Clemente lembrou palavras do agora Papa Emérito, Bento XVI, acerca da caridade cristã: “O Papa Bento, penúltimo Papa, a certa altura escreveu que há três características da atitude cristã, aquilo a que ele chama a ‘caridade cristã e da Igreja’, e fica muito bem, hoje, na inauguração de um centro, repeti-las: ser imediata, ou seja, fazer aquilo que imediatamente é necessário; ser independente, isto é, não se faz por ideologia; e finalmente, ser gratuita, porque a recompensa de fazer o bem é o bem! Onde há uma comunidade cristã, o mundo respira!”.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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