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Trabalho missionário nas montanhas do Peru
O sorriso da Irmã Umbelina
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Fazem dezenas, centenas de quilómetros, muitas vezes a pé, apenas para ajudarem pessoas que vivem praticamente isoladas no cimo das montanhas. É uma missão ingrata, difícil, cansativa. No entanto, estas irmãs estão sempre a sorrir.

 

Na região de Piura, no Peru, vivem pessoas praticamente isoladas do resto do mundo. As montanhas são o refúgio, o lugar onde sempre viveram. Muitas vezes, as suas casas rudimentares, construídas apenas com o que a natureza por ali oferece, confundem-se com a própria montanha, como se estivessem envergonhadas da sua pobreza. São pequenos povoados, que juntam duas, três famílias que sobrevivem da pastorícia, de uma agricultura de subsistência, de quase nada. Estas famílias vivem lá em cima, nas montanhas, mas é como se não existissem. Por ali falta quase tudo: não há electricidade nem água potável. Muito menos esgotos. É como se a sociedade se tivesse esquecido de que há pessoas que continuam a viver nas montanhas. Também não há estradas e muitas vezes quase não há caminhos. Nada disso, porém, é um problema para as Missionárias de Jesus, Verbo e Vítima, uma congregação pontifícia fundada pelo Monsenhor Frederico Kaiser, em 1961.

 

Caminhos inóspitos

Para estas irmãs, que se vestem de azul e branco, quando acabam as estradas asfaltadas é sinal de que começa o seu trabalho. Estas mulheres consagradas a Deus são tudo para populações esquecidas das montanhas. A comunidade de Piura tem quatro irmãs. Uma delas é Umbelina de Lima. Umbelina está sempre a sorrir. O seu rosto nunca revela o cansaço das suas pernas quando vai serra acima ao encontro de alguma família, de alguma pessoa. Para esta irmã, não há impossíveis. Caminhos inóspitos, às vezes calcorreados debaixo de um tempo inclemente, cruzando riachos, pedras… Nada disso parece custar perante a certeza de que, lá em cima, há alguém que precisa dela. E há sempre. Estas irmãs fazem companhia aos que vivem sozinhos nas montanhas, ensinam a ler e a escrever, fazem de médicas e de enfermeiras, celebram a Liturgia da Palavra e repartem a Comunhão.

 

Décadas de pobreza

A Irmã Umbelina de Lima conhece já os trilhos da serra quase de olhos fechados. As suas viagens às vezes duram dias. Há sempre muito trabalho para fazer. As irmãs são chamadas a resolver pequenas disputas, como se fossem o juiz da comarca, com a mesma facilidade com que ajudam as mulheres no momento do parto, ou ensinam as raparigas a cozinhar ou a costurar. Sempre que se fazem ao caminho, estas irmãs estão a contrariar décadas de pobreza, de analfabetismo, de isolamento. Tal como a Irmã Umbelina, há, neste momento, cerca de 400 irmãs cuja missão é ajudar os mais pobres no Peru, Argentina, Bolívia, Chile e Paraguai. Tal como as famílias que são apoiadas pela Irmã Umbelina, estas Missionárias de Jesus, Verbo e Vítima são muito pobres. Por isso, são apoiadas pela Fundação AIS, pois o seu trabalho é insubstituível.

 

Uma vida feliz

As irmãs têm, junto à sua casa em Piura, uma pequena horta e alguns animais de capoeira. Se isso lhes basta para a sua alimentação de todos os dias, é sempre uma aventura conseguirem o dinheiro suficiente para os medicamentos que levam consigo até aos confins das montanhas, ou para todas as coisas básicas necessárias para quem vive tão longe de tudo. Quando fundou a congregação, Monsenhor Frederico Kaiser disse uma frase que se revelou profética: “Não vos ofereço uma vida fácil nem cómoda, mas, em compensação, ofereço-vos uma vida incrivelmente feliz.” Umbelina de Lima é a prova disso.

 

www.fundacao-ais.pt | Tel. 217 544 000

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