Pela primeira vez, a Diocese de Lisboa recebeu o Encontro Nacional da Juventude Mariana Vicentina (JMV), um movimento juvenil da Igreja que assinalou o 30º aniversário e que procura acompanhar os jovens cristãos no crescimento da fé, inspirado no ‘sim’ de Maria e na caridade de São Vicente de Paulo.
Durante 29 anos, o encontro nacional do movimento Juventude Mariana Vicentina foi realizado em Felgueiras. A festa do 30º aniversário, contudo, decorreu em Lisboa, mais precisamente na comunidade da Achada, na paróquia de Mafra. “Dizíamos que o encontro nacional JMV rumou a sul, sem perder o norte e tendo Jesus Cristo como centro”, partilha ao Jornal VOZ DA VERDADE o novo presidente do Conselho Nacional da JMV, António Clemente, eleito precisamente durante este encontro que decorreu de 20 a 24 de agosto. Foram cerca de 200 os jovens JMV de todo o país que quiseram marcar presença na Achada. TóZé, como é conhecido no movimento, salienta a presença de antigos JMV’s, destaca o acolhimento da comunidade cristã da Achada e faz um balanço muito positivo do encontro nacional. “Acho que o encontro correu muito bem! Foi um grande encontro nacional, digno da comemoração dos 30 anos da Juventude Mariana Vicentina”, refere este jovem de 28 anos, jurista de profissão, que pertence à JMV há 13 anos. O encontro teve como tema ‘Com(o) MARIA, Felizes os conVOCADOS!’ e, segundo TóZé, “foi dedicado ao ‘sim’ de Maria, à vocação de Maria, e à vocação de cada jovem JMV”. Neste sentido, por esses dias foi lançado o livro ‘Como filhos e filhas de Maria’, uma obra composta por 12 Rosários.
Sobre o encontro nacional do próximo ano, em agosto de 2015, TóZé diz não haver ainda decisão sobre o local, mas revela que o tema para este ano pastoral na JMV é ‘Projeta-te em Cristo’, “para que os jovens possam pensar na imagem d’Ele e de que forma é que se projetam para seguir cada vez melhor o Seu caminho”.
Aparições
A Juventude Mariana Vicentina nasceu a pedido de Nossa Senhora. “Julgo que podemos dizer que a JMV é um dos únicos, se não o único, movimento que nasceu de um pedido de Maria. Nossa Senhora das Graças apareceu a 18 de julho de 1830, em Paris, a uma Irmã Filha da Caridade, Santa Catarina Labouré, e pediu-lhe que fosse criada uma confraria de jovens que lhe dedicasse especial louvor. Inicialmente, esta associação chamou-se Associação dos Filhos e Filhas de Maria, foi aprovada pelo Vaticano em 1847 e, mais tarde, desembocou no que hoje é a Juventude Mariana Vicentina”, conta TóZé, ressalvando que “a religiosa francesa, por ser Filha da Caridade, juntou ao carisma mariano o carisma vicentino”. A mensagem de 18 de julho de 1830 “está ligada também à aparição de 27 de novembro desse ano, em que Nossa Senhora pediu que fosse cunhada a medalha milagrosa, que é atualmente a insígnia da JMV”, explica este responsável.
O movimento juvenil, que tem o apoio dos Padres da Congregação da Missão (Padres Vicentinos) e das Irmãs Filhas da Caridade, foi-se espalhando pelo mundo, estando nos dias de hoje em mais de 60 países, tendo chegado a Portugal em 1984.
Três carismas
A proposta do movimento Juventude Mariana Vicentina aos jovens assenta, especialmente, em três carismas: eclesial, mariano e vicentino. “Em primeiro lugar, viver a fé em Igreja, daí o nosso carisma eclesial, que é associado também ao carisma laical porque vivemos a fé em Igreja, na nossa paróquia, no serviço à paróquia, enquanto leigos comprometidos. Depois, o jovem JMV tem uma especial devoção a Nossa Senhora e quer seguir o seu exemplo de simplicidade, de humildade, de serviço. Daí o nosso carisma mariano. Em terceiro lugar, tem que ser um jovem preocupado com o pobre, com o pobre que precisa de pão ou com o pobre que precisa de uma palavra. É o nosso carisma vicentino. Temos de estar despertos para a sociedade, para aquilo que nos rodeia, e despertos para o próximo”, expõe o presidente do Conselho Nacional da Juventude Mariana Vicentina, salientando ainda que o jovem JMV “tem de ter uma vocação missionária”. “Tal como São Vicente de Paulo, os jovens do nosso movimento querem levar Deus aos outros, querem sair da sua zona de conforto e levar Deus aos outros numa atitude missionária. Pode ser na sua paróquia, na sua diocese, no seu país ou no estrangeiro”, acrescenta TóZé, garantindo: “Nós podemos ser missionários em todo o lado!”.
Missão, oração, formação e ação
Os campos de missão, para as férias de Natal, Páscoa e Verão dos jovens, são uma das atividades desenvolvidas pelos grupos JMV. “Propomos que durante uma semana os jovens façam missão em alguns locais: no Externato de São Vicente de Paulo, das Filhas da Caridade, com entrega de refeições aos sem-abrigo, no ATL e no Lar de Santa Quitéria; na Obra Social do Pousal, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia; e na Casa de Saúde do Telhal”, conta TóZé.
Ao longo do ano pastoral, as atividades desenvolvidas pelos grupos JMV “são bastante variadas, o que é positivo”, na opinião deste responsável. “A oração do Rosário é um dos ‘hábitos’, digamos, dos nossos grupos, pelo menos uma vez por mês. A formação é outra preocupação, com encontros semanais ou quinzenais, conforme os grupos, que são muito importantes porque os jovens terminam a catequese mas têm que continuar a crescer na Igreja. Depois temos atividades ligadas à caridade, com entrega de alimentos a pessoas necessitadas, mas também visitas domiciliárias, a lares, centros de dia, instituições, sem-abrigo ou mesmo a ATL’s com crianças carenciadas”.
Por estar dividido em três regiões – Região Norte, até ao Douro, Região Centro, até ao Mondego, e Região Sul, a que pertence Lisboa –, a JMV organiza ainda dois a três encontros regionais por ano, bem como retiros quaresmais e vigílias marianas regionais.
Sete ‘grupos’ em Lisboa
Embora trabalhe em Lisboa, António Clemente pertence à paróquia de Alferrarede, no Concelho de Abrantes, Diocese de Portalegre - Castelo Branco, onde está todos os fins-de-semana com o seu grupo JMV. Os números dizem que a Juventude Mariana Vicentina tem atualmente cerca de 400 jovens, a partir dos 12 anos, que integram 25 grupos em todo o país, chamados centros locais: 6 na Região Norte, 4 na Região Centro e 15 na Região Sul. Na Diocese de Lisboa existem 7 centros locais JMV, onde participam cerca de 135 jovens: Mafra, Achada e Sobreiro, os três da paróquia de Mafra, e ainda Alcainça, São João Evangelista, Catujal e Olival Basto. “Há ainda alguns grupos de jovens que estão a ser formados mas que ainda não são centros locais porque estão a dar os primeiros passos, como na Charneca do Lumiar, em Lisboa”, explica TóZé. Neste sentido, aponta o presidente do Conselho Nacional da JMV, “os grupos surgem após uma missão popular vicentina ou quando um jovem JMV muda de paróquia e procura criar outro grupo, como aconteceu agora na Charneca do Lumiar”.
Os animadores dos grupos JMV são “jovens mais velhos, porque não é possível atualmente ter um Padre Vicentino ou uma Irmã Vicentina a acompanhar cada grupo”. “Esta é uma especificidade da JMV de Portugal. Como nós já nos debatemos com a crise de vocações há algum tempo, tivemos que ir por este caminho de os jovens mais velhos assumirem essa função. Noutros países ainda são os padres e as irmãs os animadores, mas a nível mundial a JMV de Portugal é um exemplo porque soube dar a volta a essa situação”, refere.
Crescer
Sobre os desafios do movimento Juventude Mariana Vicentina, TóZé aponta “a intensificação da formação dos jovens, quer espiritual, quer pessoal”, mas também “a missão, com os campos de missão e com a recuperação da missão ad gentes” e o desejo de “desafiar e apoiar os jovens adultos JMV a assumirem o papel de assessores leigos dos grupos”. “Desejamos consolidar o crescimento e a união que a JMV tem tido em Portugal, criando também novos grupos JMV, se o Espírito Santo desejar”, conclui o novo presidente do Conselho Nacional da Juventude Mariana Vicentina.
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“A JMV fez toda a diferença na minha vida”
Com 28 anos, António Clemente foi eleito, no passado mês de agosto, presidente do Conselho Nacional da Juventude Mariana Vicentina. Conheceu a JMV na sua paróquia, Alferrarede, uma vez que este movimento tinha estado presente nesta comunidade. “Por vezes, os grupos têm fases em que param, os jovens mais velhos acabam por sair, não entram elementos novos e os grupos terminam. O grupo JMV da minha paróquia esteve parado cerca de dois anos, entre 1999 e 2001, altura em que fui crismado, juntamente com os meus colegas da catequese. Após o Crisma, não queríamos ficar por ali e sentíamos que tínhamos de ficar ligados à Igreja. A nossa paróquia, apesar de estar no interior, é uma paróquia urbana e não tinha grupo de jovens, apenas escuteiros, mas nós queríamos algo diferente e, após conversa com o pároco, fomos falar com uma antiga jovem desse grupo JMV e reiniciámos o movimento em Alferrarede”, recorda TóZé, sublinhando que a JMV tinha começado na sua paróquia em 1993, com uma missão popular dos Padres Vicentinos e das Irmãs Vicentinas. “A JMV fez toda a diferença na minha vida! Porque a JMV tem um carisma mariano e um carisma vicentino e junta o ‘melhor de dois mundos’: Maria, e o exemplo do ‘sim’, do serviço, da oração, da simplicidade; e o exemplo de São Vicente de Paulo, de caridade, caridade organizada e de serviço aos pobres”, assume este jovem, realçando que a sua pertença ao movimento o fez “despertar para os outros”. “Maria aproximou-me do Filho, Jesus Cristo”, observa.
Nos últimos três anos, antes de ser agora eleito presidente, António Clemente foi vogal da informação e comunicação do anterior Conselho Nacional da JMV. Criou o site do movimento e promoveu toda a comunicação interna e externa da JMV. “Este serviço permitiu-me conhecer os jovens JMV de todo o país e de outras partes do mundo!”, frisa. Sobre a sua eleição para presidente do Conselho Nacional da Juventude Mariana Vicentina, TóZé sublinha: “Disse ‘sim’, tal como Maria disse ‘sim’, com a certeza que Cristo me iria ajudar”.
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A JMV é um caminho de felicidade!
Aos 16 anos não imaginava o que a minha vida pudesse alterar com este caminho, mas ao longo do percurso de 13 anos sei hoje que a JMV mudou tudo: mudou o modo como vejo o mundo e como diariamente podemos ser instrumentos do projeto de Amor juntos dos que nos rodeiam e também dos que não conhecemos.
Costumo dizer que da fase do “este sábado vou à JMV” passamos ao “eu sou JMV”: o que implica que na universidade, no trabalho, numa saída com os amigos, em casa,… em todos os minutos somos cristãos em palavras e gestos.
A vivência constante com o meu grupo na nossa paróquia/comunidade em todas as suas necessidades, as missões, as orações e as partilhas aumentou a fé e esta paixão que, embora hoje esteja mais na parte da coordenação e da formação na Associação, não impede que continue a crescer nos exemplos que encontro ao jeito de São Vicente de Paulo e de Maria, nossa Mãe. E estes exemplos tornaram a JMV na minha grande família em todo o sentido pleno, onde sou o que sou por todos aqueles que me cruzei e cruzo, nomeadamente Jesus!
Nome: Marta Araújo
Paróquia/grupo: São João Evangelista - Lisboa
Idade: 29 anos
Anos de JMV: 13 anos
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“Já não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim” (Gal 2, 20)
É com esta consciência que venho trilhando estes 14 anos de caminhada enquanto Jovem Mariano Vicentino. A minha aventura começou no dia 22 de Junho de 2000, aos 16 anos, quando me deixei encantar pelo Sim de Maria e pela caridade de São Vicente de Paulo. Desde então tudo mudou na minha vida e a monotonia nunca mais tomou conta do meu quotidiano. Eu sou o Bruno Coelho, tenho 30 anos, trabalho na área de Marketing & Design e sou um católico e Vicentino a tempo inteiro. Ser JMV é parte de mim, ajuda-me a ver esta alegria do Evangelho muito para além das palavras, faz-me perceber que esta ‘coisa’ de sermos católicos é muito mais do que pensava – é ser capaz de sair da minha ‘bolha’, deixando-me tocar por aquilo que Deus quer de mim.
Não precisamos correr o mundo para cumprir a nossa missão, pois muitas vezes ela está ao nosso lado. Basta que estejamos de coração aberto aos desafios que Cristo nos coloca no caminho. Ao longo destes 14 anos de JMV percebi que a Caridade é muito mais do que dar o pão que alimenta o corpo; é preciso ajudar os jovens a crescer na fé, a alimentar a alma!
Quando me perguntam: então e a tua vida pessoal? Tu tens tempo para ti? A minha resposta é bem clara: a minha vida é isto, para que é que preciso de tempo para mim, quando me realizo a cada dia nesta entrega aos desafios que Deus me coloca? Como São Paulo, sei e sinto, a cada dia, que é Cristo que vive em mim.
Sou jovem, sou grito e sou gente!
Nome: Bruno Coelho
Paróquia/grupo: Seara de Cristo – JMV Achada
Idade: 30 anos
Anos de JMV: 14 anos
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