Mundo |
Síria: Gestos de paz no meio do caos
Morte lenta em Aleppo
<<
1/
>>
Imagem

Quase 200 mil mortos. Um total de 6,5 milhões de refugiados. Cidades em ruína. Notícias de atrocidades inimagináveis. Como é que se sobrevive num país em guerra civil onde falta tudo: água, electricidade, comida, medicamentos e roupa? A solidariedade é a resposta. Os Padres Ziad e Lajin e a Irmã Annie são rostos de esperança em tempos de cólera.

 

Na semana passada, a Fundação AIS decidiu enviar uma nova ajuda de emergência de 360 mil euros para a Síria. Esta verba, que se destina essencialmente a apoiar projectos de carácter humanitário e pastoral, significa uma ajuda preciosa para os cristãos encurralados em Aleppo e em Homs, duas cidades esventradas pelas bombas onde as populações continuam encurraladas.

Todos os que podem fogem da Síria. É raro o dia em que não há notícias de bombardeamentos, de ataques, de mortes. É raro o dia em que não se conhecem novas atrocidades cometidas por ambos os lados deste conflito fratricida. Mas nem todos os que puderam abandonaram a Síria. Annie Demerjian, da comunidade das Irmãs de Jesus e Maria, o Padre jesuíta Ziad Hilal e o Padre Joseph Lajin são três rostos de paz no meio da guerra. A presença deles é sinal de que há sempre uma oportunidade para a paz. Os seus sorrisos são, seguramente, o tesouro mais precioso que alguém pode hoje encontrar na Síria. É com a ajuda da Fundação AIS que Annie, Ziad e Lajin fazem acontecer todos os dias pequenos milagres.

 

Uma morte lenta

A Irmã Annie Demerjian diz que, após três anos infernais de guerra civil, “Aleppo vive sob a ameaça de uma morte lenta" e que esta ajuda de emergência vai aliviar um pouco as necessidades mais básicas da população. Esta antiga metrópole do norte da Síria é hoje uma ruína onde as pessoas tentam sobreviver, no dia-a-dia, apesar do colapso das infra-estruturas e dos combates permanentes. Falta água e electricidade, assim como a distribuição de alimentos como carne e fruta fresca. A Irmã Annie diz-se ao serviço de toda a população. "Temos de dar-lhes tudo o que precisam para sobreviver."

 

Prevenir o Inverno

Também em Homs a situação é trágica. Metade da sua população, calculada em cerca de 1,6 milhões de pessoas, já teve de abandonar as suas casas, destruídas pelo conflito, estando agora refugiadas noutras zonas da cidade ou noutras regiões do país.
O Padre jesuíta Ziad Hilal continua em Homs e conhece, como poucos, as necessidades mais básicas desta martirizada população. Por isso, já identificou cerca de 3 mil famílias a quem quer fornecer um cabaz com produtos básicos de alimentação e higiene. Mas há mais umas 15 a 18 mil pessoas, profundamente empobrecidas, que precisam de ajuda imediata para conseguirem sobreviver aos rigores do próximo Inverno. Para eles, o Padre Ziad quer distribuir cobertores e roupas quentes. "Em Homs aumenta o número de pessoas que não têm dinheiro para comprar produtos de higiene pessoal e mantimentos porque não há trabalho", explica o Padre Ziad Hilal. Além disso, a inflacção galopante torna os preços impraticáveis. Como em Aleppo, também em Homs a Igreja ajuda todas as pessoas em necessidade, independentemente da religião, sexo ou, até, do seu eventual posicionamento na guerra civil. Grande parte da população cristã de Homs está actualmente refugiada na região conhecida como o Vale dos Cristãos, junto da cidade de Marmarita.

 

Aprender a paz

O apoio constante da Fundação AIS à Igreja na Síria também contempla o trabalho pastoral. Sem essa ajuda, a paróquia greco-católica de St. Cyril, em Damasco, não podia continuar a proporcionar aulas de catequese às crianças, nem pagar salários aos seus funcionários, nem comprar alguns presentes de Natal para os mais novos. "O centro catequético da paróquia é mais do que um centro religioso: é quase o único consolo para 500 crianças", explica o Padre Joseph Lajin.

Ali, nas salas onde as crianças aprendem a catequese, o mais difícil é explicar que o amor tem de suplantar o ódio e que todos devemos ser construtores da paz. Num país em ruínas, onde todas as famílias estão enlutadas, onde mais de 10 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária para sobreviverem no dia-a-dia, “não é fácil educar para a paz e o perdão, a aceitação dos outros e amar o inimigo”, diz o Padre Lajin. Não será fácil, mas desistir seria bem pior. Annie Demerjian, da comunidade das Irmãs de Jesus e Maria, o Padre jesuíta Ziad Hilal e o Padre Joseph Lajin são sinal de esperança, de que a paz é sempre possível. Eles são, para a martirizada população síria, três anjos da guarda.

 

www.fundacao-ais.pt | Tel. 217 544 000

texto por Paulo Aido, Fundação Ajuda à Igreja que Sofre
A OPINIÃO DE
Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES