Assim se exprimia o Papa na referida missiva ao Secretário Geral das Nações Unidas: «Os ataques violentos que estão a propagar-se no norte do Iraque não podem deixar de despertar as consciências de todos os homens e mulheres de boa vontade para ações concretas de solidariedade, a fim de proteger quantos são atingidos ou ameaçados pela violência e para garantir a assistência necessária e urgente às numerosas pessoas deslocadas, mas também o regresso seguro para as suas cidades e casas. As trágicas experiências do século XX, e a mais elementar compreensão da dignidade humana, obriga a comunidade internacional, em particular através das normas e dos mecanismos do direito internacional, a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para impedir e prevenir ulteriores violências sistemáticas contra as minorias étnicas e religiosas».
No mesmo tom se exprimiram ao Conselho de Segurança das Nações Unidas os presidentes das conferências episcopais da Europa perante este ciclo infernal de violência: «A Igreja católica na Europa está próxima de todos aqueles que foram constrangidos a fugir das próprias casas ou estão a viver momentos de medo e terror. Compromete-se concretamente a fazer gestos de solidariedade através de iniciativas já em andamento. Todavia, na ausência de um empenho decisivo da parte da comunidade internacional e das autoridades do Iraque, estes esforços não poderão resolver o problema».
Também a Conferência Episcopal e os nossos bispos se têm pronunciado no mesmo sentido, assim como várias comunidades e instituições da Igreja, nomeadamente a Cáritas Portuguesa e a Ajuda à Igreja que Sofre, que com iniciativas concretas continuam empenhadas nesta ação solidária para com os nossos irmãos do Iraque. Todos somos interpelados à oração fecunda e à solidariedade efetiva, atitudes nunca dispensáveis na atenção permanente a esta causa. Trata-se da vida, da fé e da religião a que qualquer ser humano tem direito, e que importa defender com todos os meios. Mas fica a impressão que, após algum tempo de «antena mediática», a causa tem merecido algum esmorecimento a nível dos governantes das nações. Não pode ser. Nestas situações de defesa da vida e da paz, da fé e da religião, não faz sentido qualquer tipo de pausa; só pode haver intensificação, tenacidade e persistência. Ainda nestes últimos dias, numa conferência em Genebra, Louis Raphael Sako, Patriarca Caldeu da Babilónia e Presidente da Conferência Episcopal do Iraque, veio recordar-nos algumas insistências: «é preciso que se reconheça o genocídio dos cristãos»; «os cristãos no Iraque só têm futuro se a comunidade internacional os ajudar imediatamente, não se esqueçam disso»; «atualmente há cerca de 120 mil cristãos deslocados no Iraque e eles precisam de tudo, porque os terroristas do Estado Islâmico têm-lhes tirado tudo»; «chega o inverno rigoroso, onde é quase impossível resistir sem o mínimo de condições para tantos deslocados». E a terminar, em forte apelo, pleno de esperança, à ação urgente e constante: «ainda há esperança para os cristãos do Iraque, mas apenas se agirmos imediatamente». Como homens e mulheres de fé, sejamos persistentes para que a situação dos nossos irmãos no Iraque não se apague, quer na agenda mediática e nos órgãos de decisão dos governos, quer na oração e no apoio solidário de todos nós.