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Patriarca Sírio fez, em Lisboa, apelo dramático em favor do seu país
“Não queremos mais mártires!”
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O Patriarca D. Gregorios III, da Síria, esteve em Portugal a convite da Fundação AIS e deixou um testemunho fortíssimo e dramático sobre a tragédia que se abateu sobre este país em guerra desde há quatro anos. “Só o amor – diz - poderá reconstruir a Síria”.


“Não há nenhum lugar seguro na Síria”, explicou o Patriarca D. Gregorios III no final da Missa dominical dos Fiéis Defuntos, na Sé Patriarcal de Lisboa. Em visita a Portugal a convite da Fundação AIS, este prelado da Igreja Católica Greco-Melquita de Antioquia e de todo o Oriente, Alexandria e Jerusalém, fez um impressivo relato do caos em que se transformou a Síria, envolta numa guerra fratricida desde há quatro anos. “O perigo paira sobre todos os cidadãos, especialmente os Cristãos.” E acrescentou que, se não se fizer nada para se colocar um ponto final neste martírio, “o futuro do Cristianismo na Síria está ameaçado”. A responsabilidade por esta tragédia que já causou mais de 200 mil mortos e cerca de 10 milhões de deslocados e refugiados está na “infiltração de grupos islâmicos fundamentalistas, fanáticos e incontroláveis” que estão a atacar os Cristãos juntamente com o recém-surgido ISIS”. Segundo D. Gregorios III, haverá, neste momento, “cerca de 2 mil grupos” a combater na Síria.

 

Apelo ao mundo

As situações são tão graves e a perseguição é tão acentuada que em alguns lugares – pelo menos em 24 aldeias já identificadas - já não existem sequer cristãos. Fugiram todos. Para o Patriarca Gregório III, só o amor poderá pôr termo a esta guerra que tem vindo a semear sentimentos de ódio, violência, vingança e injustiça. “Não queremos mais mártires! Não queremos mais órfãos! Não queremos mais viúvas e que mais mães percam os seus filhos! Não queremos mais milhões de crianças traumatizadas! Chega de feridos! Chega de deficientes, mutilados ou desfigurados! Chega de pessoas perseguidas pelo medo, o ódio e a amargura! Chega de raptos e extorsões!”
Falando através das câmaras da TVI, que transmitiu a Missa em directo, no passado domingo, D. Gregorios III pediu a ajuda da comunidade portuguesa, assim como a todo o mundo, para o povo Sírio “que se encontra no desespero, na dor e no desânimo”. “Recorro a vós, benfeitores da Fundação AIS e a todos os Portugueses, para que façam tudo o que estiver ao vosso alcance pela paz na Síria”.

 

O trabalho da Igreja

Durante a estadia em Portugal, o prelado explicou, em conferências que proferiu em Lisboa e Fátima, assim como em entrevistas a diversos órgãos de comunicação social, o trabalho que desenvolve junto dos refugiados, das crianças traumatizadas pela guerra, das famílias que perderam tudo e que dependem agora totalmente da ajuda que a Igreja consegue oferecer. “Há famílias que dependem totalmente de nós, do que lhes podemos dar. Depois, sempre que é possível, procede-se também à recuperação de casas e de igrejas destruídas pela guerra”, explicou D. Gregorios. “As perdas materiais são profundas”, disse. “Ainda não temos acesso a todos os dados, mas sabemos que cerca de 91 igrejas foram danificadas ou estão parcialmente destruídas, assim como instituições sociais que existiam para servir Cristãos e Muçulmanos”.
No final da Missa, também D. Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa, se referiu à situação em que se encontra a comunidade cristã neste país, vítima de “perseguições”. D. Manuel, que é actualmente presidente da Conferência Episcopal, assegurou que o repto lançado por Gregorios III não seria esquecido e “que a oração e a ajuda à Igreja da Síria será feita a partir de Lisboa e de todo o Portugal, de forma viva e prática, com as nossas contribuições”.

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