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Manuel Barbosa, scj
2015, Ano da Vida Consagrada
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Por decisão do Papa Francisco, 2015 será o Ano da Vida Consagrada para toda a Igreja. Com início já no próximo domingo, 30 de novembro, esta proposta insere-se no contexto da celebração dos 50 anos do Concílio Vaticano II, pelos 50 anos do Decreto «Perfectae Caritatis» sobre a conveniente renovação da vida religiosa, que deve estar intimamente ligado com o capítulo VI da constituição dogmática sobre a Igreja «Lumen Gentium». Nesta se afirma no n.º 46 que «o sagrado Concílio confirma e louva os homens e mulheres, Irmãos e Irmãs que nos mosteiros, escolas, hospitais ou missões, embelezam a Igreja com a sua perseverante e humilde fidelidade na mencionada consagração e prestam generosamente às pessoas os mais variados serviços».

Ao longo destes meses procurou-se preparar este acontecimento, não faltando iniciativas, umas já realizadas e outras anunciadas. Entre elas, o destaque vai para duas cartas circulares vindas de Roma, intituladas «Alegrai-vos» e «Perscrutai»; significativas por serem longos textos bem fundamentados na Escritura e no magistério do Papa Francisco, com a intenção de provocar revisão de vida particularmente naqueles que assumiram a forma de existência cristã como consagrados e consagradas.

Os Bispos portugueses aprovaram uma Nota Pastoral sobre o Ano da Vida Consagrada, intitulada «chamados a levar a todos o abraço de Deus», fórmulas de Oração dos Fiéis para todo o Ano e outras sugestões a ter em conta em todas as Dioceses e Institutos. As celebrações terminarão no domingo a seguir a 2 de fevereiro de 2016, com uma Peregrinação Nacional a Fátima. Destaco alguns aspetos da Nota Pastoral.

«Anúncio feliz do Ano da Vida Consagrada» dá o tom ao primeiro ponto, onde se acenam as suas três grandes finalidades: fazer memória agradecida do passado; abraçar o futuro com esperança; viver o presente com paixão, «uma paixão de enamoramento, de verdadeira amizade, de comunhão, uma paixão por evangelizar a própria vocação e testemunhar a beleza do seguimento de Cristo, uma paixão para despertar o mundo com testemunho profético, em presenças significantes nas periferias geográficas e existenciais da pobreza».

O segundo ponto recorda-nos que a Vida Consagrada está no coração da Igreja, «como elemento decisivo para a missão, visto que exprime a íntima natureza da vocação cristã». Aqui se resume a abrangência da designação «Vida Consagrada»: «um comum horizonte eclesial em que se articulam, de forma complementar, carismas e instituições: ordens e institutos religiosos dedicados à contemplação ou às obras de apostolado; sociedades de vida apostólica; institutos seculares e outros grupos de consagrados; formas novas ou renovadas de vida consagrada; a Ordem das Virgens, as viúvas e os eremitas consagrados; todos aqueles que, no segredo do seu coração, se entregam a Deus com uma especial consagração».

«Um ano de bênção e de graça», no terceiro ponto, elenca algumas iniciativas já conhecidas e outras a sugerir, aludindo à missão dos Pastores em «cuidar com particular estima daqueles e daquelas que seguem Jesus Cristo nesta forma radical de existência cristã que é a vocação à Vida Consagrada».

O quarto ponto, «celebrar a Vida Consagrada na comunhão da Igreja», retoma em grandes linhas a decisão de João Paulo II de instituir, a partir de 1997, o Dia do Consagrado para toda a Igreja, sempre a 2 de fevereiro, Festa da Apresentação do Senhor, decisão que vinha na continuidade do Sínodo sobre a Vida Consagrada; a intenção é que este significativo dia não fique confinado a um acontecimento isolado e só para que anda nessas vidas, mas seja alargado a toda a Igreja e refletido de forma permanente.

O último ponto sobre «a alegria do Evangelho no coração da Vida Consagrada» sintoniza plenamente com a mesma proposta pastoral que o Papa Francisco lançou para toda a Igreja de discípulos missionários, entre eles os consagrados e consagradas, transformados na alegria do Evangelho e chamados a levar a todos o abraço de Deus.