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À procura da Palavra
Vigiar porquê?
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DOMINGO I DO ADVENTO Ano B

" O que vos digo a vós,

digo-o a todos: Vigiai!.”

Mc 13, 37

 

Tenho alguns amigos que seguem com gosto as tribulações de um grupo de “vivos” na série “The Walking Dead”, e dizem-me que o verdadeiro interesse são as relações humanas que se estabelecem entre os personagens. Tendo visto um episódio ou outro, desgarrados, também concordo que os “mortos-vivos” são pouco interessantes, e fraca companhia. Mas lembrei-me disto pelo convite com que Jesus nos abana ao iniciar o Advento: “Vigiai… não sabeis quando virá o senhor da casa… não se dê o caso que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir!” Esta “quotidiana morte” torna-se símbolo para uma espécie de andar qual “morto-vivo”, sem ânimo, sem esperança, sem encanto nem fulgor. É verdade que corremos e nos agitamos (bem mais do que os “mortos” da série!), mas o que nos faz correr? A azáfama trepidante do consumo? A ânsia de desfrutar ao máximo o momento presente, especialmente se nos dá muito prazer? A procura de uma segurança individualista, que até relega para segundo plano ideais de justiça e solidariedade?

Vigiar implica viver atentos à realidade. Não por medo, mas por exigência de sermos humanos, e pensantes, e criadores de beleza, e responsáveis. Estar desperto (não por ter retirado tempo ao sono, mas por querer acolher o sol que traz um novo dia!) significa participar na criação deste mundo, com esperança, onde a vida de cada um e de todos tem valor, e as escolhas precisam ser pensadas e não surgirem comandadas por nenhuma publicidade ou manipulação. Na socidade altamente vigiada que é a nossa, estar informados é um valor fulcral e o seu grande meio é a televisão. Mas estaremos mais vigilantes quanto ao essencial ou a televisão, de muitas maneiras, priva-nos das nossas próprias imagens, da nossa linguagem, do pensamento próprio? Quantos professores não sentem a “morte da imaginação e da criatividade” nos seus alunos mais jovens? Neil Postman, um importante teórico da comunicação nos Estados Unidos, escrevia assim em 1985: “Os americanos já não falam uns com os outros, entretêm-se uns aos outros. Já não trocam ideias, trocam imagens. Já não argumentam com posições; argumentam com boas aparências, celebridades e anúncios.”

A atenção à realidade custa porque é preciso escutar os gemidos dos que mais sofrem, dar valor ao que é mesmo importante, fazer caminho com outros para um bem maior e mais universal. Não basta ter coração; é preciso saber se não estará endurecido. Não basta ter ouvidos abertos; é preciso saber se escutamos como Jesus escutava. Não basta ter olhos que veem; é preciso saber se vemos a vida e as pessoas como Jesus via. Não devem as comunidades cristãs ser lugares para aprender a viver despertos? E para despertar, em início de Advento, que tal uma leitura do discurso do Papa Francisco ao Conselho da Europa, a 25 de Novembro passado, onde pergunta: “[Europa] Onde está o teu vigor? Onde está aquela tensão ideal que animou e fez grande a tua história? Onde está o teu espírito de curiosidade e empreendimento? Onde está a tua sede de verdade, que comunicaste com paixão ao mundo até agora?

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