Lisboa |
Visita Pastoral à paróquia de Massamá
Oração que gera ação
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Na Visita Pastoral que decorre à Vigararia da Amadora, a paróquia de São Bento de Massamá recebeu, na passada semana, a visita de D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa. Numa freguesia ‘dormitório’ dos arredores da cidade de Lisboa, vive uma paróquia, lugar de muitas vocações, que está empenhada em “levar a todos”, desde os mais novos até aos mais velhos, “a alegria de ser cristão”.

 

De entre os diversos encontros com as ‘forças vivas’ da paróquia de Massamá, D. Nuno Brás reuniu-se com as crianças e jovens do 1º ao 10º ano da catequese. Num desses encontros, que decorreu na sexta feira, dia 21 de novembro, o Bispo Auxiliar de Lisboa falou sobre três atitudes que devem estar presentes na vida cristã: “Escutar, acolher e amar”. Segundo o prelado, é essencial um “cuidado e amizade” pelos outros, “escutando-os, antes mesmo de olharmos para nós”; “acolher a Palavra de Deus e guardá-la no coração, fazendo com que importe para a nossa vida” e assim conseguir amar, porque “aquele que vive com Deus, não pode guardar esse amor só para si”, referiu D. Nuno Brás, às crianças. No final do encontro, dirigindo-se em particular aos adolescentes do 7º ao 10º de catequese, o Bispo Auxiliar do Patriarcado destacou a importância de ter “Jesus presente em todos os momentos da vida” de um jovem, mas em particular naqueles momentos de maior tribulação. “Quando acharem que todos vos abandonam, podem ter a certeza que Jesus Cristo nunca vos abandonará. E dá-nos mais! Dá-nos um horizonte de vida novo! Pode não fazer a nossa vontade, mas Ele não vos abandona nunca!”, afirmou D. Nuno Brás, em diálogo com os adolescentes.

Depois de alguns encontros com outros grupos e representantes da comunidade paroquial e civil, o Bispo Auxiliar de Lisboa revelou ao Jornal VOZ DA VERDADE que encontrou “uma comunidade viva, com muitos grupos e movimentos, que partem da liturgia, procurando vivê-la seriamente, para depois fazer decorrer toda a vida paroquial”. “É uma comunidade jovem, não só pela sua recente criação [20 anos], mas também pelas pessoas que fazem parte desta comunidade”, aponta D. Nuno Brás, destacando a “motivação” que a paróquia está a viver para a caminhada sinodal da Diocese de Lisboa.

 

Mudanças

À frente da comunidade paroquial de São Bento de Massamá, na Vigararia da Amadora, está o padre Luís Cláudio. Este sacerdote de 56 anos começou, em 1988, a preparar a criação da paróquia de Massamá – que seria desanexada da paróquia de Queluz –, o que veio a acontecer quatro anos mais tarde. O facto de estar há mais de 20 anos junto da população desta freguesia, permite-lhe traçar um retrato dos seus habitantes e perceber as transformações que existiram até aos dias de hoje. “Esta é uma comunidade que vive o problema do desemprego mas nem sempre foi assim. O trabalho de uma maioria da população estava ligado à construção civil e não havia crise de emprego. Aqui habitava uma classe média e média-alta”, lembra o sacerdote do Patriarcado de Lisboa. A pastoral social da paróquia que, desde cedo, contou com a presença da Conferência Vicentina, “teve até momentos em que não existiam pessoas para assistir”. Essa situação “modificou-se” porque as pessoas “começaram a sair da freguesia, sobretudo por causa das filas intermináveis no IC19, para ir e voltar dos seus empregos. Ao mesmo tempo, começou a vir para Massamá uma classe média-baixa e muito ligada à construção civil.” Como o sector da construção foi dos mais afetados com a crise, também Massamá começou a “ter alguns problemas”, recorda o padre Luís Cláudio.

 

Comunidade aberta

O retrato da comunidade paroquial não é alheio às alterações que esta freguesia, dos arredores de Lisboa, composta por 27 mil habitantes,  tem sentido nos últimos anos. O padre Luís Cláudio refere que na paróquia de Massamá “existe um núcleo de fiéis que se tem mantido, ao longo dos anos, mas também existe uma renovação constante que, em parte, se deve à emigração e imigração de algumas famílias, na busca por melhores oportunidades laborais”. A Massamá têm chegado, nos últimos anos, “cidadãos de todo o mundo”, incluindo de países distantes como a China. Um desses emigrantes bateu um dia, com “algum medo”, à porta do padre Luís Cláudio. “Lembro-me do caso de um rapaz chinês que se aproximou da paróquia com o desejo de se tornar cristão. Ele estava com muito medo porque, tendo a família na China, previa alguns problemas. Fez a preparação e foi batizado. Hoje, sei que casou e ainda vive em Portugal. A comunidade é um espaço aberto”, afirma, satisfeito, este sacerdote. Em sentido contrário ao número de batismos de crianças que vem “diminuindo nos últimos anos”, este pároco alegra-se com a quantidade de jovens e adultos que, “por sua livre vontade, aparecem na igreja, pedindo o Batismo ou o sacramento da Confirmação”. “Este ano temos um grupo com cerca de 30 jovens a participar na catequese de adultos”, conta.

Sendo Massamá uma freguesia ‘dormitório’ da cidade de Lisboa, o padre Luís Cláudio destaca o grande número de cristãos que participa na vida da paróquia, apesar de passarem muitas horas do dia longe de casa. “As pessoas que vivem nesta freguesia saem cedo para o trabalho e regressam pelas 19h00 ou 20h00. Que espaço sobra?”, questiona o sacerdote. “Mesmo assim, vejo a quantidade de pessoas que participam na Eucaristia e que trabalha na comunidade paroquial. Existem quatro Missas ao fim-de-semana e cada uma com uma média de 500 fiéis”, revela.

 

Evangelizadores

“Levar as pessoas a encontrarem-se com Cristo” foi, e continua a ser, a grande aposta do pároco de São Bento de Massamá. “Toda a nossa ação como paróquia reflete-se no episódio evangélico da Samaritana. Descobrimos Cristo, mas não podemos ficar calados”, conta o padre Luís Cláudio. E é precisamente o desafio de “anunciar aos outros Jesus Cristo” que o sacerdote lança às cerca de 700 crianças e adolescentes que frequentam a catequese paroquial. “Um dos desafios que lanço às crianças da catequese é para que, na própria escola, possam convidar um colega para vir à catequese”. “Recordo dois episódios que ocorreram durante a Visita Pastoral recente. Uma criança contou ao senhor Bispo Auxiliar de Lisboa, D. Nuno Brás, que às vezes gozam com ela na escola, porque é cristã. Um outro confessou que, às vezes, até se envergonha ao dizer que é cristão”. Para o padre Luís Cláudio, é precisamente “no testemunho em que devemos apostar”. “Quando vou às sessões de catequese, lembro as crianças e jovens que eles são os evangelizadores. Recordo-lhes também que não andamos aqui para fazer diplomas, mas para nos encontrarmos com Cristo. E isso tem de acontecer na comunidade”, afirma o sacerdote.

 

Juventude reflexo da caridade

Na paróquia de São Bento de Massamá existem três grupos juvenis, com cerca de 40 a 50 jovens. Após o percurso de 10 anos na catequese, os jovens são inseridos no “ambiente juvenil” da paróquia. “No primeiro ano, os jovens ainda são acompanhados pelos catequistas que, juntamente com os orientadores dos grupos, iniciam a caminhada proposta pelo ‘Itinerário Juvenil’, disponibilizado pelo Serviço da Juventude do Patriarcado de Lisboa”, refere o padre Luís Cláudio. “A formação diocesana de animadores e todas as atividades diocesanas são a prioridade da paróquia.  Temos até uma jovem da paróquia que dá formação de animadores”, conta.

“Os jovens também estão presentes na ação caritativa da paróquia”, afirma o pároco. “A caridade não depende só das instituições mas faz parte do ser cristão. Por isso, na paróquia de Massamá, temos como expressão da caridade os Vicentinos, que conta com 10 a 12 elementos, e o ‘GPS’ (Grupo de Pessoas ao Serviço) que é um grupo, que está ao serviço dos pobres e foi criado a partir da iniciativa dos jovens da paróquia”, aponta o sacerdote. Juntamente com uma célula de visitadores de presos e doentes, “as ações que são feitas a partir destes grupos servem também para sensibilizar a comunidade”, levando a integrar os que estão mais afastados, tais como “alguns invisuais que hoje estão perfeitamente inseridos na paróquia”, revela o padre Luís Cláudio.

A paróquia acompanha, com o apoio do Banco Alimentar, cerca 40 famílias carenciadas e “todos os grupos e movimentos paroquiais colaboram nas campanhas de recolha de alimentos”, assegura. Também fruto do trabalho dos jovens, foi criado “o único banco online de livros no concelho de Sintra”. O banco de livros escolares é um trabalho realizado em colabora. existe onlinee Freguesia ram por altura das recolhas de alimentos. Foi tambade.

a mais prção com a junta de freguesia local.

 

Diversidade na oração

“Legião de Maria, Grupo Bíblico, Apostolado de Oração, Grupos Litúrgicos, Coros da Sagrada Família, Célula de Dinamização Missionária, Aulas de Alfabetização, Grupo de Estudo sobre a Doutrina Social da Igreja, Comissão de Festas” são apenas alguns dos nomes de grupos e movimentos existentes na paróquia de Massamá. “Existe também um grupo que tem como missão rezar pelos seminários e pelas vocações e que já deu bons frutos à Igreja, e em particular à Diocese de Lisboa, com a ordenação do padre Hugo Santos, o padre Rui Gregório e o padre Sérgio Mendes”, lembra o padre Luís Cláudio. Atualmente a paróquia de Massamá tem dois seminaristas e uma rapariga que iniciou a vida religiosa e  que está agora no postulantado, em Fátima.

“Na caminhada sinodal estamos a dar os primeiros passos”, afirma o sacerdote. “Em primeiro lugar, procuro que nos empenhemos na oração que nos liga a Cristo e que nos levará, depois, à ação. Em todos os movimentos e momentos rezamos a oração sinodal e procuramos cantar o hino do Sínodo Diocesano no final de cada Missa dominical. Depois, veremos as propostas que daí nascerem, mas sempre com o Espírito de ‘chegar a toda a gente’, levando as pessoas a perderem o medo de serem cristãos, transportando a alegria do Evangelho e trazendo outros para partilhar a mesma alegria ”, afirma.

Ao chegar ao fim a Visita Pastoral na paróquia de Massamá, o seu pároco considera a presença do Bispo uma “graça”. “Ter connosco um sucessor dos Apóstolos numa comunidade como a nossa, veio avivar a fé. Isso é muito bom e gera a proximidade”, conclui o padre Luís Cláudio.

texto e fotos por Filipe Teixeira
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