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P. Artur Teixeira, cmf
A que(m) nos convida?
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Toda a gente comenta o assunto nestes dias. 2015 foi dedicado, pelo Papa Francisco, à Vida Consagrada e está aí, para ser vivido e celebrado em todo o mundo. Mas a que propósito vem esta decisão e com que finalidade?

Até o milhão e meio de homens e mulheres que seguem Jesus Cristo e O servem no próximo foram apanhados de surpresa, com tal anúncio! Decorria na “cidade eterna” o encontro entre o papa e os Superiores Gerais dos Institutos Religiosos, num ambiente fraterno e espontâneo, quando irrompeu tamanha notícia. Faz agora um ano. Recebida unanimemente com um forte aplauso, logo se espalhou, vertiginosamente, pelos quatro cantos do planeta. 

Ao que soubemos, a Congregação Romana que tutela a Vida Consagrada na Igreja, tê-lo-á sugerido, em audiência, pouco antes. Por aqueles dias também foram divulgadas as estatísticas oficiais, em que se evidenciou um crescimento ténue de vocações, com um aumento de membros em certas zonas geográficas e um decréscimo acentuado em algumas regiões do hemisfério norte e particularmente no sector feminino. Mas foi o elevado número de abandonos (aproximadamente 3 mil consagrados/as por ano) que mais ênfase mereceu. E tal fez disparar os sinos. Crise? Qual?

Houve até quem (re)clamasse: “Depois da preparação para o grande jubileu (2000), do Ano Paulino (2008-2009), do Ano Sacerdotal (2009-2010), do Ano da Fé (2012-2013), só faltava esta! Não terá sido mais uma das ideias do agora Papa Emérito, recolhido num mosteiro?!” Sem comentários.

A cinquenta anos do Concílio Vaticano II e da publicação do decreto Perfectae caritatis (sobre a renovação da vida consagrada), um longo caminho tem sido percorrido para correspondermos à fidelidade no chamamento e seguimento do Senhor da vida e da missão, através da pobreza, obediência e castidade, na comunhão e dedicação em Igreja, na generosidade da entrega à pessoa e a todos, especialmente aos que estão nas periferias, nas peugadas dos nossos fundadores/as.

São três os objectivos deste ano: 1) Fazer memória agradecida deste recente passado; 2) Abraçar o futuro com esperança; 3) Viver o presente com paixão.

Em Portugal, os responsáveis dos Institutos Religiosos (CIRP) e dos Seculares (CNISP), à uma com os Bispos (CEP), meteram mãos à obra e convidam a trilharmos um caminho eclesial comum. Mais não fosse, só por este testemunho, já teria valido a pena. Daí oferecerem-nos um programa simples, criativo e diversificado, que combina as iniciativas mundiais com as que se realizarão em solo português.

Espreite mais detalhes em www.cirp.pt e venha daí! Ajude-nos a apontar para o céu e a humanizar a Terra, hoje e sempre. Acompanhe, reze, apoie, visite, questione,… pois, afinal, 2015 é património de todos.

Se, como repetem vários conceituados historiadores da nossa praça, melhor nos compreendemos como lusitanos pelas vidas partilhadas de tantas pessoas consagradas que nos precederam e deixaram marcas inapagáveis, aqui e além fronteiras, na cultura, nas ciências, nas artes, na arquitectura, na música, na difusão da língua, na defesa dos direitos humanos, na missionação mundial,... por que não deixarmo-nos interpelar, hoje de novo, por tais concidadãos e concidadãs, de comum carne e osso, que um dia disseram um "sim" para sempre a Quem mudou definitivamente o trajecto das suas vidas... e, já agora também, das nossas?! Bem-hajam!

Feliz Ano da Vida Consagrada!

 

P. Artur Teixeira, cmf

Provincial dos Missionários Claretianos e Presidente da CIRP