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A uma janela de Roma
“A escravatura é um fenómeno abominável”
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Foi publicada a Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz. Na semana em que o Papa falou da família, o Vaticano apresentou orientações para Sínodo de 2015. Francisco cumpriu a tradição e prestou homenagem à Virgem Maria e enviou uma vídeo-mensagem aos cristãos perseguidos de Mossul, no Iraque.

 

1. Na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz (1 de janeiro), tornada pública esta quarta-feira, dia 10 de dezembro, o Papa Francisco elenca as diversas formas de escravatura que ainda existem nos tempos modernos. A escravatura é um “fenómeno abominável, que espezinha os direitos fundamentais e aniquila a liberdade e dignidade do outro”. Ainda hoje milhões de pessoas de todas as idades são privadas da liberdade e constrangidas a viver em condições de escravatura. E o Papa dá exemplos:

“Tantos trabalhadores e trabalhadoras, incluindo menores, escravizados nos mais diversos sectores, desde o trabalho doméstico ao trabalho agrícola, da indústria à mineração” e isto acontece não só nos países onde não há legislação que os proteja, mas também, ilegalmente, “naqueles cuja legislação protege o trabalhador”.

A denúncia do Papa estende-se aos “migrantes que padecem a fome e são privados da liberdade, despojados dos seus bens ou abusados física e sexualmente”; às “pessoas obrigadas a prostituírem-se, incluindo menores, às escravas e escravos sexuais”; às vítimas de “tráfico e comercialização para remoção de órgãos, aos recrutados como soldados, como pedintes, para a produção ou venda de drogas, ou para formas disfarçadas de adoção internacional.” Sem esquecer os que são “raptados e mantidos por grupos terroristas, incluindo mulheres usadas como escravas sexuais”.

Na raiz da escravatura, está uma conceção da pessoa humana como um objeto, “tratada como meio, e não como fim” e resulta de várias causas: “pobreza e subdesenvolvimento, falta de acesso à educação e oportunidades de emprego, corrupção”. E tudo isto “acontece quando, no centro de um sistema económico, está o deus dinheiro, e não o homem, a pessoa humana”.

Na Mensagem para o Dia Mundial da Paz, Francisco pede ainda um compromisso comum institucional para vencer a escravatura, a três níveis: “prevenção, proteção das vítimas e ação judicial contra os responsáveis”, bem como um esforço global dos Estados e da sociedade, para “combater as redes do crime organizado que gerem o mercado de pessoas humanas e o tráfico ilegal dos migrantes”.

O Papa pede também a cada um para não ser cúmplice nem fechar os olhos e comprometer-se na denúncia e no combate contra o flagelo da escravidão contemporânea.

 

2. O Papa garantiu que durante o Sínodo dos Bispos sobre a Família, que decorreu em outubro passado em Roma, “nenhum discurso colocou em discussão as verdades fundamentais do Sacramento do Matrimónio: a indissolubilidade, a unidade, a fidelidade e a abertura à vida”. Durante a audiência-geral da passada quarta-feira, dia 10 de dezembro, Francisco recordou que pedira aos padres sinodais para falarem com franqueza e coragem e ouvir com humildade. “O Sínodo não é um parlamento, mas um espaço protegido para que o Espírito Santo possa agir: não houve confrontos entre fações, mas um confronto entre os Bispos, que ocorreu após um longo trabalho de preparação e que agora prosseguirá em outro trabalho, para o bem das famílias, da Igreja e da sociedade”, terminou o Papa.

Ainda neste dia foi anunciada nova visita do Papa Francisco a uma prisão. Será na manhã dia 21 de março de 2015, a Poggioreale, a penitenciária de Nápoles, onde vai almoçar com os reclusos. À tarde, está previsto um encontro no centro da cidade, na Praça do Plebiscito, com os jovens, uma passagem pela Catedral, para estar com os sacerdotes e Bispos da diocese e da região, e ao final da tarde a celebração da Missa.

 

3. O Vaticano apresentou esta terça-feira o documento preparatório, ou ‘lineamenta’, para o Sínodo 2015. O texto é constituído pela ‘Relatio Synodi’, o relatório final da assembleia geral extraordinária do organismo consultivo que decorreu em outubro deste ano, acompanhado por um questionário com 46 perguntas. Os contributos das Conferências Episcopais serão depois utilizados para a elaboração do documento de trabalho (‘Instrumentum Laboris’) da 14ª Assembleia Geral ordinária do Sínodo dos Bispos, que vai decorrer de 4 a 25 de outubro de 2015, sob o tema ‘A vocação e a missão da família na Igreja, no mundo contemporâneo’.

 

4. Cumprindo a tradição, o Papa Francisco deslocou-se esta segunda-feira, dia 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição, à Praça de Espanha, em Roma, para um ato de veneração da imagem da Virgem Maria. “Neste tempo que nos conduz à festa do Natal de Jesus, ensina-nos a ir contracorrente, a despojarmo-nos, a abaixarmo-nos, a darmo-nos, a ouvir, a fazer silêncio, a descentrarmo-nos de nós próprios para dar espaço à beleza de Deus, fonte da verdadeira alegria”, pediu o Papa.

 

5. O Papa lembrou que todos são chamados a consolar os outros neste tempo de Advento. “Hoje precisamos de pessoas que sejam testemunhas da misericórdia e da ternura do Senhor, que abana os resignados, reanima os desmotivados e acende o fogo da esperança. Todos somos chamados a consolar os nossos irmãos, testemunhando que só Deus pode eliminar as causas dos dramas existenciais e espirituais”, declarou Francisco, na manhã de Domingo, dia 7, durante a oração do Angelus.

 

6. O Papa Francisco enviou uma vídeo-mensagem aos cristãos perseguidos da cidade iraquiana de Mossul, atualmente em poder dos terroristas do autoproclamado Estado Islâmico. Francisco começa por saudar os cristãos de Mossul, que se refugiaram em Erbil, no Curdistão iraquiano, e por garantir que está “muito próximo” deles “neste momento de provação”. “Também eu gostaria de estar aí mas, uma vez que não posso viajar, faço-o deste modo. Estou muito próximo de vós neste momento de provação. Já disse no regresso da minha viagem à Turquia: os cristãos estão a ser expulsos do Médio Oriente com sofrimento. Agradeço o vosso testemunho. Existe muito sofrimento no vosso testemunho”, salientou.

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