O presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi, defendeu a eficácia das parábolas de Jesus contra a “fragilidade” das palavras dos dias de hoje. Na Universidade Católica, em Lisboa, o Cardeal italiano falou sobre “a comunicação da fé do tempo da internet”.
“A comunicação é a base para falar de Deus”, defendeu D. Gianfranco Ravasi, no auditório Cardeal Medeiros. A palavra que é “essencial”, é também “débil e frágil, misera e pobre porque dura um instante”, mas “nela existe uma grande força. Por exemplo, uma palavra má e violenta, dita contra outro, pode durar três segundos, mas pode criar um ódio que dura 20 anos. Em Deus, a palavra é logos, palavra feita carne”, apontou. O presidente do Conselho Pontifício para a Cultura explicou também que, comparativamente à época anterior à internet, houve, recentemente, “uma mudança antropológica e de ambiente”, apontando um dos potenciais perigos. “Um jovem, ‘nativo digital’, está cinco a seis horas em frente ao computador a falar com outro. Essa é uma comunicação perigosa porque eu não vejo o outro, não existindo a possibilidade de penetrar no encontro interpessoal. Estamos apenas no início...”, referiu.
Nesta conferência, na Universidade Católica, o Cardeal italiano questionou os presentes sobre “como se deve comunicar a fé, no contexto informático” dos dias de hoje. Em primeiro lugar, devemos “comunicar a raiz da nossa fé, que é a Palavra, a Bíblia”. Este livro traz “uma extraordinária potencialidade cultural e não só religiosa”, salientou. Em segundo lugar, tendo presente a “figura de Cristo, a essencialidade”, dando como exemplo a “atração” que Cristo tem sobre escritores e pensadores não crentes”, como foi o caso do escritor argentino, Jorge Luis Borges. Em terceiro e último lugar, o Cardeal Ravasi apontou “a verdade” como fundamental na comunicação da fé. “Existem duas visões de ‘verdade’ no nosso tempo. A visão clássica, que é a de Platão, em que a ‘verdade’ precede e transcende”, em contraste com “uma ‘verdade’, tendencialmente subjetiva”, citando, como exemplo, o filósofo inglês Thomas Hobbes, «non veritas sed auctoritas facit legem», ou seja, “é a autoridade, não a verdade, que faz a lei”.
Por fim, o Cardeal Gianfranco Ravasi referiu a importância de uma “linguagem curta e simbólica”. “Também Jesus, comunicava com símbolos e usa o twitter, com 140 caracteres”, referiu o Cardeal, salientando que “o cristianismo é uma religião de carne, não devendo ser esquecida, a ‘dimensão humana’ no contacto com os outros, que não é substituída pelo virtual”.
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