Há dias fui visitar um jovem doente, que tinha conhecido alguns meses atrás cheio de saúde e energia. É certo que não foi ele a pedir a visita mas um seu familiar, querendo fazer-lhe uma surpresa para lhe dar algum ânimo. O facto é que, quando cheguei a sua casa, o jovem estava demasiado ocupado com o computador. Dignou-se erguer os olhos, esboçar um cumprimento e, logo de seguida, retomou a sua ocupação informática. A conversa tive-a com os pais e os outros familiares. No final, recebi um “adeus”, sem que os olhos se desviassem do todo-poderoso ecrã.
Mas o sucedido é algo de comum. Mesmo com adultos e em qualquer circunstância.
Já não é apenas na celebração da Eucaristia, em que, apesar de tudo, algumas pessoas se sentem atrapalhadas com o toque sempre crescente do telemóvel, enquanto outros, despudoradamente, respondem em alta voz. Hoje é comum estar numa reunião, numa conferência ou mesmo numa refeição para nos darmos conta de que, sem dizer nada, um dos presentes retirou do bolso o telemóvel ou o “smartphone”, verificou o contacto e respondeu com uma mensagem, para, logo de seguida, retomar (mais ou menos) a conversa, sem qualquer explicação do sucedido. Passou a ser normal. Não se diz sequer uma palavra de desculpa.
O facto é que com esta dependência vamos ficando a-sociais. Deixamos de dar atenção àqueles que se encontram perto de nós para, supostamente, estarmos ligados ao mundo.
A indiferença deixou de ser uma atitude que assumimos para com aqueles que não conhecemos ou de quem desviamos o olhar porque nos incomodam, e para quem Jesus chamou a nossa atenção. Passou a dirigir-se também para aqueles que estão perto de nós, a quem supostamente estamos atentos e que, à partida, nos parecem importar.
Eu e o computador: esta a dupla que vamos escolhendo para viver. O outro passou a ficar reduzido a um ponto luminoso, a umas linhas, uns impulsos electrónicos que nos chegam por meio de uma máquina de que já não somos capazes de prescindir – aquele que está ali ao lado, esse pouco importa.
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